As Últimas Horas de Um Julgamento Político
Nino Bellieny 30/08/2016 13:52
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O Impeachment da Presidente

Artigo Guilherme Fonseca Cardoso*
O processo político que o país atravessa e que nesta semana terá um desfecho, vem sendo achincalhado por setores políticos que temem o julgamento da história e se esforçam para construir uma retórica falaciosa em relação aos motivos que levaram a presidente Dilma Rousseff a ser afastada da presidência e a responder ao processo de impeachment.
Para início de conversa, o Partido dos Trabalhadores seria, em tese, o último partido a fazer coro para desqualificar a legalidade do processo de impeachment, que tem respaldo do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, cujos membros foram eleitos pelas mesmas urnas que Dilma e Temer. O PT, como muitos se lembram, é aquele partido que instigou movimentações políticas para derrubar todos os presidentes que antecederam o partido no Planalto. De Sarney a FHC, o PT foi o precursor dos movimentos políticos para afastar diversos presidentes.
Chuviscam pela internet artigos e análises que tentam desqualificar o processo de impeachment de Dilma fazendo-se deduzir que a partir de agora teremos um país mais autoritário. Ora minha gente, para que mentir para o leitor dessa forma? Que país se torna mais autoritário a medida em que as instituições do país mostram o vigor e a independência que estamos constando neste momento da nossa história? Que país se torna mais autoritário, a partir do momento em que milhões de brasileiros, de todos os Estados, tomam as ruas pedindo o afastamento da presidente eleita, sim, com 54 milhões de votos, sim, mas que é acusada dentre outras coisas, do maior estelionato eleitoral da história. Vendeu um programa de governo para as urnas e entregou outro antes mesmo de ser empossada para o segundo mandato.
Não precisa ser um leitor assíduo de jornais para perceber que o governo do PT destruiu a economia brasileira. Uma volta no quarteirão onde moramos podemos perceber estabelecimentos comerciais fechando as portas e gente desempregada dentro de casa.
A esquerda brasileira teme o julgamento da história, e se esforça para construir uma versão dos fatos que a coloque como vítima, a eterna perseguida. Aliás, a esquerda pensa que pode tudo.
Na sessão do senado com a presença da presidente afastada, nesta segunda-feira histórica de 29 de agosto de 2016, assistimos, com espanto, discursos que se esforçavam para deformar fatos históricos de maneira que beneficiem a biografia da presidente afastada. Dilma Rousseff, durante o regime militar, não lutava por democracia. Isso é mentira. Dilma, assim como outros membros dos grupos de guerrilha, lutavam para implantar uma ditadura comunista no Brasil, a exemplo de Cuba. Por que se envergonham do passado? Por que não assumem esse fato? Muitos ex-guerrilheiros já se declararam arrependidos do que fizeram. Fernando Gabeira, em entrevista para a Folha de São Paulo e o cantor Amado Batista, em entrevista para Marília Gabriella, são exemplos. Igual a eles, há outros militantes políticos que, arrependidos ou não do que fizeram, retratam com fidelidade o que fizeram e em que acreditavam.
Por que Dilma tem vergonha do seu passado? Não é feio errar tentando acertar. Feio é errar, ficar provado que estava errado e insistir no erro por arrogância.
O governo da presidente afastada causou ao país uma crise econômica sem precedentes na história. Os 12 milhões de desempregados não são peças de ficção. É o retrato do populismo e da irresponsabilidade fiscal.
Outra estratégia ardilosa que vem sendo utilizada é acusar o governo interino de Michel Temer de cortes em programas sociais, quando na verdade os cortes já haviam sido realizados por Dilma.
Dilma Rousseff e Lula tiveram e ainda terão oportunidades para pedir desculpas ao povo brasileiro, principalmente aos mais pobres, que foram usados como “refém”, termo bastante pertinente que foi utilizado pelo senador Magno Malta, para explicar como o PT estaria se utilizando dos beneficiários dos programas sociais para justificar as pedaladas fiscais dentre outros equívocos.
Nos discursos em defesa da presidente afastada também nota-se a divisão dos brasileiros em categorias, como se as pessoas fossem melhores e piores umas das outras. Dividem em raças, credos, gêneros, classes sociais, seguindo o decálogo de Lênin.
O processo de impeachment, veio das ruas sim e o PT, assim como outros partidos de esquerda já perceberam que eles não controlam sozinho os destinos das mobilizações populares. Eduardo Cunha, citado insistentemente pela por Dilma e por senadores aliados como se fosse o grande patrono do impeachment é de fazer rir. Se Eduardo Cunha tivesse o poder de influenciar milhões de brasileiros de todas as regiões do país a tomarem as ruas para dar um basta no governo do PT certamente, ele seria um fortíssimo candidato a presidente da república em 2018. No entanto, quando Cunha foi afastado da presidência da Câmara, não se viu uma viva alma protestando a seu favor.
*Guilherme Fonseca Cardoso é arquiteto urbanista e especialista em gestão pública.

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