Patrulhamento Político Comportamental
Nino Bellieny 25/08/2016 18:26
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ NinoBellieny Acrynimex é amigo de Olaventoso desde criança. Estão na idade dos 50 e poucos anos, estudaram no mesmo grupo escolar, no ginásio, e na faculdade fizeram o curso de Administração juntos. Jamais tiveram problemas de amizade. Esse ano, por acaso, estão em grupos políticos diferentes. Em nada o companheirismo foi abalado, daqueles firmes, baseado em história familiar e vizinhança. Um é padrinho de casamento do outro. As esposas são amigas, já foram sócios e continuam amigos mesmo depois de dissolverem o negócio. Quando se encontram para uma cerveja, um churrasquinho, parecem dois meninos brincando o tempo todo. Amizade simples, verdadeira e fiel. Olaventoso é flamenguista e Acrynimex é vascaíno. Um é católico moderno, o outro tradicionalista. Nunca se estranharam por isso. No último final de semana, Acry tirou uma foto ao lado de Olav, como são mais conhecidos, e do candidato de Olav, o vestuto sr. Xambraia. -021 Para quê?!? No final do dia, o coordenador de campanhas do Luarão, candidato do grupo de Acry, chamou a atenção deste diante de alguns outros partidários. Vermelho como um tomate de São José de Ubá bem cortado em salada, Acry escutou tudo até o final. Acostumado a espanar de cara, preferiu ficar calado. Envergonhado, parou de acompanhar o grupo, conhecido como os Vespas e partiu para as hostes dos Abelhas. Ao lado do amigo Olav, tem sido um dos mais renhidos combatentes. Quando Luarão ficou sabendo, telefonou, fez pedido de volta, mas não tinha jeito. Jambalaya, um dos seus coordenadores, já havia feito a lambança. PEQUENA CIDADE PEQUENAS MENTES Olav é só um dos muitos exemplos do patrulhamento comportamental político. Forte e regulatório, seja de centro, de esquerda ou  de direita, obriga irmãos e amigos, a se evitarem, a não andarem juntos, separando territórios como se cada um pertencesse à determinadas facções políticas. Feudos, redutos, guetos, currais, as definições mostram a condição de gado dada ao povo. Na cidade de Olaventoso, mandam uns poucos, obedecem muitos, ignoram outros e assim o poder apenas troca de mãos, mas não de estilo. Oposição quando entra esquece o que prometeu e encarna perfeitamente o papel de Situação. Os patrulheiros são muitos e estão atentos 24 horas por dia. Anotam, filmam e gravam conversas, provocadas por eles mesmos, para depois mostrarem aos seus capitães do mato. Perguntar como sustentam suas vidas é arrumar confusão. Vivem do velho expediente da fofoca, cujo escritório é em qualquer lugar. Com as redes sociais, ficou mais fácil controlar a vida dos membros. Se um Abelhudo for visto com um Vespeiro, como no caso dos dois amigos, montagens são espalhadas nos grupos internos das redes sociais, a ponto de serem obrigados a se explicarem. Com Olav não funcionou, sempre teve personalidade forte, por isso é amigo de Acry, outro que não aceita comandos estúpidos e não troca as verdadeiras amizades por relações cúmplices de cinco ou seis meses, mais ou menos o período de uma temporada eletiva. Muitos se afastam, criam Muros de Berlim e depois voltam a conversar como se nada tivesse acontecido. Amigos de verdade estão acima das diferenças partidárias, clubísticas e religiosas. Amigos, às vezes, são mais do que irmãos. E irmãos não se estranham quando há respeito à individualidade. Talvez o contrário feito pela maioria, explique as razões da cidade continuar do mesmo tamanho anos e anos.  

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