Antes Durante Depois dos Jogos Olímpicos
Nino Bellieny 09/08/2016 19:50
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Artigo de Guilherme Fonseca Cardoso* As redes sociais foram tomadas por elogios no último final de semana em razão da abertura dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que um evento como este era realizado numa cidade da América do Sul. Confesso que não assisti. Confesso também que não me arrependi. Confesso ainda que não me sinto menos brasileiro por isso. Tenho uma visão mais pragmática em relação aos investimentos públicos. Não considero que os Jogos Pan-Americanos 2007 e a Copa do Mundo de 2014, assim como os Jogos Olímpicos de 2016 trouxeram ou trarão benefícios objetivos ao desenvolvimento do país, a partir da cidade do Rio e das demais cidades, no caso da Copa do Mundo. Pelo contrário, muito dinheiro foi gasto em estruturas dispensáveis, que não produzem receitas para a administração pública, além é claro de atropelos, com a execução de projetos caros e mal planejados e porque não imaginar, mal executados? Trazendo a questão para o momento que vivemos com as Olimpíadas, sempre me coloco a pensar sobre a péssima infraestrutura esportiva das milhares e milhares de escolas do nosso país. Se tem a quadra de esporte, não tem o material. Se tem a quadra de esporte e o material, não se tem atividades, campeonatos, que incentivem e valorizem os atletas por meio dos desafios que a competição proporcionam. Quantas escolas possuem piscina para a saudável prática da natação? Esse é um parâmetro que tenho para observar se devo ou não aplaudir os Jogos Olímpicos. Será que o país faz mesmo a sua lição de casa em matéria de esporte? Será que os bilhões que foram gastos justificariam, independente do ente federativo que tenha despendido mais recursos, tanto volume de dinheiro para criar um cenário falacioso e fantasioso? Vamos desarmar o nosso "espírito olímpico" e refletir. Sempre vi com bons olhos por exemplo, uma parceria produtiva entre Educação e Esporte, onde secretarias municipais de Educação, em parceria com os órgãos municipais de promoção do esporte pudessem organizar atividades que promovessem o esporte com objetivos muito mais do que econômicos, mas de promoção de cidadania, de saúde e bem-estar, ainda mais quando se nota um crescimento no número de crimes. Assaltos e assassinatos que por fim descobre-se que de um caso a outro há sempre a suspeita do envolvimento com o tóxico, onde muitas vezes o usuário rouba ou mata para satisfazer o vício ou para acertar contas. 1459 A prática esportiva é um bom caminho para melhorar a situação social e psicológica das pessoas, principalmente dos que são mais vulneráveis aos vícios. Um texto como esse não esta sendo escrito com mau humor, talvez com indignação. Indignação por ter consciência da péssima infraestrutura que a imensa maioria das prefeituras brasileiras oferecem aos seus órgãos responsáveis pela promoção do esporte. Quando muitos desses órgãos estão incapacitados de elaborarem um mísero projeto para captação de verbas federais que possibilitem investimentos numa infraestrutura esportiva que poderiam ser utilizadas na promoção de atividades esportivas, treinos e campeonatos a partir da organização e parcerias locais com escolas, igrejas, associações de moradores, clubes de serviço e até mesmo instituições filantrópicas. Os atletas não têm culpa, a população não tem culpa. Os culpados são aqueles que utilizam o esporte como cortina de fumaça para promoção de eventos caros e que se tornam inúteis quando checamos a realidade do nosso gargalo em logística, do quanto ainda estamos atrasados na expansão das redes metroviárias, principalmente na cidade sede das Olimpíadas ou no quanto ainda temos que avançar em saneamento básico e abastecimento de água potável, não apenas em relação à região Metropolitana do Rio de Janeiro, mas em relação a todo o país, isso apenas para citar alguns dos entraves ao desenvolvimento. *O arquiteto e urbanista Guilherme Fonseca Cardoso é um dos mais constantes e longevos colaboradores do BNB. 

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