Foi com um barulho de tiroteio e guerra civil urbana, feito por sonoplastas, que começou o show "Contemporâneo", do rapper MV Bill, na semana passada, no Sesi, em Guarus, Campos-RJ. A apresentação de um dos maiores nomes da música mundial integra o projeto X-Tudo Cultural do Sesi e reuniu dezenas de fãs do autor de sons como "Traficando Informação" e "Soldado do Morro" e do documentário "Falcão - Meninos do Tráfico".
O blog pediu ao rapper para que desse sua visão sobre as remoções de pessoas das ruas e de comunidades, na capital do Rio de Janeiro, por conta das Olimpíadas. Um levantamento feito pela Agência Pública, de jornalismo investigativo, lista 100 famílias que foram removidas de suas comunidades por conta dos jogos. Sobre essa política de higienização social, Bill comentou:
Eu acho que esse tipo de recolhimento compulsório é uma covardia. Eu já vi isso acontecer - na época do Pan, em 2007. Acho que é muita covardia pegar essas pessoas que fazem parte da população de rua, da população menos abastada, e jogar como se fosse uma sujeira pra debaixo do tapete. É uma característica muito conhecida nos governos do Brasil. Acho que isso é um insulto. Quando se fala da falta de um legado, pra mim é isso, inclusive. Tipo: às vezes eu vejo governantes falando de obras estruturais, como se elas fossem um legado esportivo. Não são. Obra estrutural é obrigação de quem está à frente dos governos. Então, acho que o legado poderia ter acontecido, só que a gente perdeu essa oportunidade.