Dieta Planejada Para Recém-Nascidos Com Má Formações Com A Nutricionista Leila Machado Abrindo A Boca Para Marco Barcelos
mabamestrado 19/07/2016 15:27
leila 1- Recém-nascidos portadores de fenda labiopalatina tem muitas dificuldades de se alimentar. Qual a melhor forma e método para fazer a nutrição destes pacientes? O leite materno é o melhor e mais completo alimento para o bebê pois contém o necessário para atender as demandas nutricionais dos seis primeiros meses de vida, sem uso de qualquer complemento, além de prevenir doenças e estreitar os laços afetivos entre mãe e filho. Na fase de adaptação, são comuns algumas dificuldades, principalmente quando há limitações físicas, como é o caso de lactentes com fenda labiopalatal. Mas, existem técnicas que visam facilitar a amamentação, como por exemplo, o posicionamento do bebê junto ao corpo da mãe e o uso de próteses (placas) de silicone, ambos com orientação e acompanhamento de profissionais e familiares envolvidos, com conhecimento e paciência para conduzir da melhor forma possível este processo. 2- Mães dependentes de drogas como o Crack podem levar sequelas irreparáveis, como a vasoconstrição alterando a capacidade de levar nutrientes ao feto. Na sua avaliação como minimizar estas sequelas no tratamento nutricional? O acompanhamento pré-natal com uma equipe multidisciplinar, na minha opinião, é fundamental. Grupos de apoio que possam orientar sobre os riscos do uso de drogas lícitas ou ilícitas e a importância da mudança de estilo de vida, incluindo uma alimentação saudável durante a gestação e após o nascimento do bebê, são essenciais. Contudo, a adesão à este tipo de acompanhamento pré e pós natal, nem sempre é fácil e, pela minha experiência, as avós acabam por assumir os bebês, que precocemente são desmamados. A alimentação, a partir de então é orientada conforme as necessidades individuais, utilizando fórmulas infantis apropriadas a cada fase e posteriormente os alimentos complementares, que garantam um bom estado nutricional. O aleitamento materno não é recomendado para mães usuárias de drogas. 3- Na atualidade há um alto índice de mães engravidando na adolecência, usuárias de álcool, drogas e fumo. Qual a orientação as mães que tem pouca experiência e algumas vezes nenhum apoio para criar estes bebês? O consumo de álcool, cigarro e drogas na gestação pode deixar sequelas graves no bebê. São lesões irreversíveis, no feto e no recém-nascido . A bebida alcoólica é responsável pela Síndrome Alcoólica Fetal, que causa má-formação no feto. Além disso, o álcool acarreta problemas neurológicos, como déficit de atenção e hiperatividade. Grupos de apoio formados por médicos, enfermeiras (os), nutricionistas e assistentes sociais, são importantes para acolher e orientar estas adolescentes e afastá-las do consumo de drogas, durante e depois da gestação. Devem ser esclarecidas das consequências dos seus hábitos ou vícios. Os bebês de usuárias de drogas ilícitas ,tais como a maconha, solventes, cocaína e crack, nascem com síndrome de abstinência, podem levar a sangramentos durante a gestação e ao nascimento prematuro. A gestante , adolescente ou não, dependente de drogas precisa fazer um pré-natal com especialistas que dão suporte psicológico adequado, um grupo multidisciplinar que acompanhe periodicamente, pois neste momento, o acolhimento é fundamental. Não se deve estigmatizar essa mulher porque ela precisa sentir confiança nos profissionais que a estão orientando, precisa sentir-se segura para aderir ao tratamento. 4- Paciêntes portadores de diabetes tipo 1 e tipo 2 ao engravidar, quais os cuidados são necessários já que é um gravidez de alto risco? A gravidez nas mulheres portadoras de diabetes está associada a aumento de risco tanto para o feto quanto para a mãe, pois gestantes com diabetes mellitus têm risco aumentado de complicações, tais como hipertensão arterial, parto prematuro, infecções de trato urinário e outras infecções. Do ponto de vista metabólico, a gravidez pode complicar o diabetes. Na gestação estão aumentados cortisol, estrógenos, progesterona e prolactina, que diminuem a sensibilidade à insulina. Além disso o aumento do peso corporal e a ingestão calórica ajudam a descompensar os níveis glicêmicos. É fundamental a manutenção de controle glicêmico antes da concepção para evitar problemas para a gestante e para o bebê. O papel do nutricionista durante o pré- natal, juntamente com os demais profissionais é muito importante. Uma dieta planejada individualmente, respeitando as características e necessidades de cada gestante, pode determinar a adesão maior e melhor ao tratamento nutricional. 5- Pelo IBGE uma em cada três crianças está pesando mais do que deveria, existem pais que acham que um bebê gordo é sinônimo de saúde. Como indicar uma dieta saúdavel para estes bebês? A mídia escrita ou televisada não se cansa de nos lembrar o quanto este ou aquele alimento é saboroso e nos deixam felizes, sorridentes. Os pais são constantemente bombardeados com imagens de bebês bochechudos, de formas arredondadas, muito alegres. O desmame precoce com a introdução de fórmulas preparadas inadequadamente, excessos alimentares, a presença de sobrepeso na família são fatores que predispoem `a obesidade infantil. Antes do planejamento de qualquer esquema alimentar para estas crianças, o nutricionista deverá colher o máximo de informações sobre a rotina desta família. Algumas práticas devem ser observadas, como por exemplo: duração do aleitamento materno, o hábito de assistir tv durante as refeições, o estímulo do uso de jogos eletrônicos em detrimento das brincadeiras ao ar livre, o uso de alimentos processados industrialmente, no lugar das preparações caseiras, etc. A partir desta observação, os pais devem ser instruídos quanto à importância de uma alimentação de qualidade, muito mais do que quantidade, ou seja educação alimentar para prevenção de doenças futuras decorrentes de abusos alimentares e sedentarismo durante os primeiros anos de vida.

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