A Voz do Locutor
Nino Bellieny 24/07/2016 19:33
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O site Itaperuna News publicou a tocante história de um dos mais famosos comunicadores da cidade, um exemplo de determinação: *TALVEZ VOCÊ NÃO O CONHEÇA PESSOALMENTE

Mas, a  voz… certamente você já ouviu!

a1 Ft- E.Dornellas

Por Eusébio Dornellas 

Anderson Batista Motta, profissionalmente, apenas Anderson Motta. Talvez você não conheça esse brilhante profissional, mas, certamente já ouviu a sua voz. Locutor, radialista, coordenador da Rádio Compaz FM e gerente de marketing do Grupo Tony Lar. Também é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e já trabalhou em outras emissoras de rádio no município itaperunense. Comunicador de primeira qualidade, Anderson Motta não poderia ficar de fora do Projeto Personalidades, idealizado pelo escritor e jornalista Eusébio Dornellas. Motta nasceu em 1977, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. “Nossa família era pobre. Meu pai era cobrador, despachante de ônibus e colocou um churrasquinho paralelo ao emprego. Depois de ter sido assaltado e sofrido ameaça, resolveu pedir demissão e nunca mais trabalhou de empregado”, lembra. O seu pai tornara-se vendedor ambulante. Comprava roupas e bordado em Itaperuna e revendia no grande Rio. “Com três filhas e um filho, meu pai me levava em sua bicicleta onde quer que fosse. Aos 6 anos eu fazia feira com o meu pai, onde vendíamos laranja, e eu, garotinho, já sabia dar troco. Vendíamos laranja, tangerina, banana, manga, além de caldo de cana, em garrafa e, de porta em porta”, recorda Motta. Com 8 anos, o garoto carregava cana, laranja, tangerina e cachos de banana para o carro, tudo para ajudar nas tarefas. “Viemos para Itaperuna em 1986 e nossa rotina teve pouca diferença. Morávamos na roça, no Bambuí, onde aramos terra, plantamos arroz, milho, mandioca e laranja. Eu ajudava a fazer cerca, capinar e roçar. Além da lida na roça, tinha que carregar água nos baldes e carregar lenha”, conta. À noite, ele estudava sob a luz de vela ou lamparina, o que tivesse em casa. A vela, o menino Leco (apelido de Motta na infância), reaproveitava a parafina e refazia com canudo de bambu. “Eu sonhava com uma vida assim, morar na roça, pescar, andar a cavalo. Mas, era uma vida dura, muito dura mesmo. Construímos uma pequena casa de estuque, mesmo com 8 anos, ajudava o pai a cortar e carregar bambu, pau a pique, a tirar cipó para amarrar tudo, e ainda, procurar e carregar o ‘barro de formiga’, a liga propícia para o embarramento”, diz. Naquela época, a família do menino Leco comprava galinhas, ovos e porcos, para revender na cidade. Também comprava coco, que o menino descascava na enxada e ralava, para fazer cocada e pé-de-moleque. “Eu já tinha 9 anos, pegava o ônibus com minha caixinha e vendia os doces na cidade”, completa Anderson. Aos 11 anos ele e as irmãs foram estudar na cidade, no início da década de 1990. “Ficava caro pagar passagem de ida e volta. Eu sentia um peso nas costas, uma responsabilidade de ajudar meu pai a custear isso, aí tive uma ideia. Capinei uma área, cerquei de bambu e plantei  uma horta. Nela cultivava couve e mostarda. Acordava bem cedinho, colhia as verduras, amarrava os molhos com imbira de bananeira [espécie de barbante feito com a palha da bananeira] pegava um ônibus e ia para o centro da cidade vender. Às 11h30min, minha irmã trazia minha marmita. O menino de 11 anos vendia as verduras, almoçava na calçada mesmo, vestia a camisa do Colégio Estadual 10 de Maio e ia estudar”. O dinheiro arrecadado com a venda das verduras servia para pagar as passagens, dele e das irmãs. “A hortinha me inspirou e capinei uma área de cerca de 700 metros quadrados e fiz uma plantação de quiabo. Tive sorte, colhia o fruto três vezes por semana. Colocava na sacolinha e vendia na cidade. De loja em loja e também em frente aos Correios, além de ficar na esquina da Rua Assis Ribeiro. Não tinha vergonha, nesses pontos vendi também manga e milho verde”, orgulha-se Motta. Ele era uma criança e não tinha tempo para fazer o quê uma criança mais gosta de fazer, brincar. As brincadeiras eram raras, no entanto, ele dava um jeitinho. “Eu era criança, mas, não brincava. Não tinha irmão ou parente por perto, tinha um cachorro. Eu chutava a bola e competia com ele pra ver quem pegava primeiro. Para comprar um brinquedo eu dava meus pulos. Escolhia algumas mangas, selecionava e com a venda eu comprava uma bola de borracha. Lembro-me que trabalhei em uma horta de tomate e com o dinheiro recebido, comprei um relógio digital, desses baratinhos de camelô”, recorda.
familia Com a família. Ft-ArqPessoal
Certa época, Anderson e o pai preparam uma área e plantaram milho. “Entre as carreiras dos grãos, aproveitamos a área fofa e arenosa e plantamos também mandioca. Choveu, o milho nasceu e cresceu, mas, veio uma seca e perdemos quase todo o milharal. A mandioca, devido as suas características, sobreviveu ao solo árido. A primeira ideia foi vender farinha. Colhemos as raízes, descascamos, ralamos, torcemos, tirávamos o polvilho,  depois deixava secar ao Sol”, diz. E lá vai o garoto novamente atrás de lenha para torrar a farinha. “Depois de pronta, íamos vender na cidade, porém, por ser artesanal e com o preço mais valorizado, poucos se interessavam. Resultado, sobrava farinha. Meu pai lembrou que quando jovem, em sua ida para servir o exército na capital, vendeu salgadinho. Então resolveu arriscar, a fazer bolinho de aipim. Deu certo. Começamos a vender, eu também a comer, ganhei alguns quilos a mais, e deu certo, engajamos no ramo. Passei a vender salgadinho nas lojas”. Época em que o garoto fez muitas amizades, mas, também foi maltratado. “Era querido… Na época de Natal, ganhava presente de alguns lojistas. Também fui humilhado, roubado e sofri agressão. Levei puxão de orelhas e tapa na cara. Mas, eu tinha que ajudar a sustentar minha família”, conta. O negócio de salgado estava dando certo e agora, Motta vendia pastel e outros salgadinhos mais. “Agora, já morando na cidade, minha tarefa diária era vender e cilindrar a mão cerca de 60 massas de pastel. Depois disso  eu poderia brincar, bater uma pelada na quadra. Um dia, já com 13 anos, consegui trabalho em uma oficina de serralheria. Ali, aprendi uma profissão e trabalhei durante cinco anos”. Foi justamente em uma oficina que Motta passaria a conhecer a sua futura profissão, o Rádio. “Reformamos a torre de uma emissora, conheci o estúdio e suas instalações e me apaixonei. Com a ajuda do meu antigo patrão consegui fazer um teste na emissora, um estágio. Dois anos depois, eu entrei. Em 1996, minha história começou a mudar”. EMISSORA DE RÁDIO Agora, Anderson Motta é um entusiasta pelo popular veículo de comunicação. “Pesquisei, estudei, ouvi, analisei e dei o meu melhor para me  tornar um profissional à altura dos profissionais do meio. Descobri que para ter êxito na profissão não bastava apenas falar, tinha que vender também, captar patrocinadores. Foi aí que entendi que deveria estudar sobre Publicidade. Fiz curso, descobri a importância do Marketing, entrei de cara”, revela. Já casado e com filho,  resolveu ir aprofundar os estudos e passou a cursar Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. “Sou um homem realizado. Tenho uma bela família e me considero bem sucedido no que me propus a fazer. Coordeno uma emissora de rádio e divido o restante do meu tempo trabalhando como corretor de imóveis, credenciado. Também sou o responsável por uma agência de publicidade, a Propagandaboa.com. Dentre nossos clientes, posso citar como exemplo o Grupo Tony Lar, que nós últimos anos obteve um crescimento considerável. Apesar de ter começado a trabalhar com 6 anos e nunca ter jogado vídeo game, por exemplo, agradeço ao meu pai o caminho que ele me ensinou a trilhar, o do trabalho, que me possibilitou ser uma pessoa digna”, finaliza Motta. Sem dúvida alguma, o comunicador Anderson Motta merece os aplausos do Projeto Personalidades, não só pelo brilhante profissional que é. Além disso, possui uma história de vida digna, merecedora de registros para a posteridade. A sua vida daria um belo livro, meu amigo, talvez, um filme! *Este texto faz parte do Projeto Personalidades, idealizado pelo jornalista Eusébio Dornellas, com o intuito de evidenciar o trabalho de pessoas que contribuem significativamente com a sociedade, através de sua atuação profissional e/ou exemplos de vida. Itaperuna News

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