Os campeonatos estaduais deixaram, há algum tempo, de ser parâmetro para aferir a qualidade dos times. O nível em geral caiu bastante com o inchaço promovido pelas federações, cujos presidentes buscam se perpetuar no poder com o quantitativo de votos dos clubes pequenos.
O inchaço leva a uma grande quantidade de jogos desinteressantes, deficitários e pobres tecnicamente, para, no final, classificar os melhores times para a única fase realmente atraente, a de mata-mata, seja iniciando com quartas-de-final, como no Paulista, ou semifinais, como no Carioca.
Para piorar as coisas, a principal competição do continente, a Libertadores, é disputada em paralelo aos estaduais. Os clubes brasileiros que estão na competição sul-americana, que normalmente detém os melhores elencos do país naquele momento, priorizam totalmente a Libertadores, escalando em muitos jogos dos estaduais times reservas, contribuindo para o nível da competição cair ainda mais.
Essa priorização abre espaço para os outros clubes ganharem os estaduais, basta ver este ano. Em São Paulo: Corinthians, Palmeiras e São Paulo disputaram a Libertadores (o tricolor está nas semifinais), o campeão estadual foi o Santos. Em Minas Gerais: Atlético/MG/ disputou a Libertadores, o campeão mineiro foi o América/MG/. No Rio Grande do Sul: Grêmio na Libertadores e Inter campeão gaúcho.
O Rio foi um caso à parte: de forma vexaminosa o estado não colocou nenhum clube seu na Libertadores. Com Flamengo e Fluminense, considerados os melhores elencos, dividindo a atenção com a Primeira Liga, o campeão foi o Vasco, que já vinha jogando o melhor futebol entre os cariocas desde o fim de 2015, tendo o Botafogo como vice.
A máxima dos últimos anos ensina que não é preciso ter um grande time, nem mesmo um bom elenco para se vencer o estadual, pelos motivos expostos acima e pelo formato decisivo em mata-mata. O maior exemplo recente foi o Vasco em 2015, campeão carioca com um dos mais fracos elencos da história recente do clube. A conquista iludiu a diretoria e a torcida.
O Vasco iniciou o Brasileiro com o elenco campeão carioca e fez uma péssima campanha no 1º turno, praticamente decretando a sua queda. Quando a direção acordou já era tarde, até melhorou o elenco, trouxe o craque Neném, mas já não havia mais como escapar do rebaixamento.
O Botafogo vem repetindo o erro do seu co-irmão. Embora tenha sido vice-campeão, o clube fez bom papel no estadual, fazendo jogos duros com o Vasco na final, tendo sido superior nos confrontos, apesar de perder a decisão, o que acabou sendo justo pelo conjunto da obra vascaína dentro do campeonato.
Com elenco bem fraco também, talvez pior do que o do Vasco em 2015, o Botafogo, maqueado pelo bom estadual, iniciou o Brasileiro de forma claudicante. Em 18 pontos disputados marcou apenas 4, já sendo o lanterna da competição. A essa altura em 2015 os vascaínos tinham 3 pontos. O Campeonato Brasileiro não perdoa clubes grandes com elencos fracos. Ele pune, com o rebaixamento.