Música ao Longe*
Nino Bellieny 24/06/2016 11:00
Músico-musicista, poeta-desenhista, Flávio Dutra viajou para as Terras do Sem Fim** na segunda-feira dia20 de junho, mas o corpo foi encontrado somente nessa quarta-feira. O artista morava sozinho, vizinho da irmã Jô. Sozinho, mas não só: tinha a companhia inseparável de um piano afinado. E a melodia, produzida por mãos tão talentosas, era escutada todos os dia pelos vizinhos. Uma serenata variada que vai fazer muita falta. Estava bem, sem queixas, levando uma vida simples, discreta, sobrevivendo de disputadas aulas particulares de piano. Fazia as refeições na casa da irmã e a ausência dessas idas e vindas, das aulas, o silêncio súbito, fez a família suspeitar que algo tinha acontecido. Um sobrinho e o cunhado pularam o muro e conseguiram vislumbrar pelo vidro da janela do quarto, um vulto caído em sua cama. Teve um infarto fulminante, diagnosticado pelo legista. De pijamas e meias, parecia pronto pra dormir.
20Flávio e a irmã Lenise-Ft-Família
É de Jô Dutra, professora querida de Farmácia, o resumo de uma vida de mais alta arte: "Um susto. Uma dor cruel. Mas ele descansa na glória, eu creio! Agora quando eu olhar para as noites estreladas saberei que é ele tocando, as notas se derramando no Universo. Meu querido mano, minhas queridas outras mãos feitas por Deus para nos encantar." E da outra irmã, Lenise, escritora e dona de rara poesia, mais um carinho nunca tardio: "O piano está silente...Meu irmão amado partiu como viveu, discretamente. Deixou um vazio no nosso peito. Está em paz! Obrigada a todos pela presença, palavras de carinho e mensagens afetuosas! Agora, temos no céu cinco pares de olhos azuis que nos miram eternamente..." Itaperuna, Junho de 2016  
*Livro de Érico Veríssimo
** Romande de Jorge Amado

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