QUEM FEZ O BRASÃO DE ITAPERUNA
Nino Bellieny 12/06/2016 20:09

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Não, não é a história da bem-sucedida concessionária de veículos. E sim, uma parte importante de uma cidade que pouco faz pela preservação de seu patrimônio histórico-cultural.

Em 1960, o jovem Alberto Fioravante, capixaba de Muqui, especialista em Heráldica, criava o Brasão de Armas do município de Itaperuna.

Depois disso, Alberto correu o mundo como alto funcionário da ONU- Organização das Nações Unidas, tendo recebido diversas honrarias, inclusive, comendas papais, recebidas das mãos dos próprios, todos em Roma, onde também morou.

Poeta, escritor, membro da Academia Campista de Letras, o comendador Fioravanti é um raro exemplo de homem digno. Abaixo, ele descreve o Brasão itaperunense.

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11 – Origem - O atual brasão heráldico do Município de Itaperuna foi idealizado pelo heraldista, Dr. Alberto Rosa Fioravanti, quando estava como Delegado do Supremo Tribunal de Armas e Consulta Heráldica do Brasil - STACHB, no Estado do Rio de Janeiro, e doado ao Município e posteriormente  instituído pela Deliberação no- 1531 de 27 de setembro de 1968, no governo do prefeito Orlando Tavares. 2- Descrição Heráldica - Escudo clássico partido. Na primeira faixa, de ouro, um monte de sable (negro) carregado de uma cruz latina de prata, orlado, no chefe e nos flancos de seis triângulos de blau (azul). Na segunda faixa, de goles, uma armadura de couro torcido, atravessada pôr duas flechas em aspa, tudo em ouro Partido de sinople (verde) com uma cabeça de boi de ouro e, em contra chefe, uma faixa de prata ondada de blau (azul). Como suportes, a destra (direita) um feixe de espigas de arroz de ouro e a sinistra (esquerda) um ramo de café frutado nas suas cores naturais. Abaixo do escudo, listel de prata com a inscrição - Itaperuna, de goles (vermelho) e as datas 1536 - 1589. Em cima do escudo, coroa mural de cinco forres, de prata. 3- Justificações dos elementos do Brasão - O escudo é o clássico ou francês, usado em heráldica no sentido de dar ideia de povo e país com uma história de conquistas e desenvolvimento. Quanto aos metais e esmaltes empregados no escudo (ouro, prata, blau, goles, sinopla, e sable) são representativos dos valores históricos, culturais, ecológicos; além de riquezas do Município. O ouro lembra o sol que brilha sobre Itaperuna e simboliza a nobreza e magnanimidade do povo de Itaperuna. O monte de sable (negro) evoca à própria denominação do Município que, segundo estudiosos dos idiomas indígenas, significa Pedra Preta denominação que bem lhe cabe devido ao gnaisse negro sobre o qual assenta a povoação, ou como tapir-una ou tapir negro, designação correspondente à Pedra Elefantina nos limites de Minas Gerais com o município, de lambadas polidas e negras fazendo lembrar o dorso de uma anta. A cruz latina lembra as origens cristãs da antiga povoação, sendo que a prata, representada pela cor branca, atesta a pureza e integridade da população. Os seis triângulos em blau que orlam o chefe e os flancos do monte representam cada um dos seis distritos itaperunenses (1 - Itaperuna; 2 - Boaventura; 3- Comendador Venâncio; 4 - Itajara; 5 - Nossa Senhora da Penha; e 6 – Retiro do Muriaé). A cor azul, por sua vez é o símbolo da justiça que inspira todos os atos da cidadania. As cores goles (vermelho) e sinopla (verde) dos quarteis traduzem respectivamente: a vermelha, a presença de uma população lutadora que com sacrifícios constituíram o município de hoje; e a verde, é símbolo da liberdade que existe e a riqueza de um território onde a agricultura floresce. A armadura de couro torcido em forma de gibão atravessado por duas flechas em aspas rememora a fase do desbravamento e ocupação do território, destacando o trabalho destemido do bandeirante e a presença dos índios Puris, os primitivos habitantes de Itaperuna. A cabeça de boi evoca a pecuária como uma das principais atividades econômicas do Município. A faixa de prata ondada da blau (azul) simboliza o rio Muriaé, que nasce no Estado de Minas Geras, e tem, no Município, alguns importantes afluentes e quedas d'água. O ramo do café e a espiga de arroz que aparecem como suportes de escudo evocam dois dentre os principais produtos agrícolas de importância para a economia de Itaperuna. A data 1536 lembra a época em que a região fazia parte da Sesmaria doada a Pedro Góis da Silveira, e 1889 nos projeta ao dia 4 de julho de 1889, quando Itaperuna elegia a primeira câmara de vereadores, e também ao dia 6 de dezembro daquele mesmo ano de 1889 quando a vila de São José do Avaí foi elevada a cidade e transformada em município de Itaperuna.  A coroa mural de prata, na qual aparecem unicamente 5 torres, é o símbolo heráldico representativo de cidade. As portas da muralha estão abertas, representando que a Cidade de Itaperuna recebe cortesmente a todos os visitantes e aos que para lá se transferem de forma permanente. O Comendador ao centro, com os netos. alb2 A OPINIÃO DO BLOG Itaperuna não tem museu. Não preserva suas construções mais antigas e importantes. Tem por acaso uma biblioteca pública bem cuidada e aberta ao público com milhares delivros catalogados por uma bibliotecária especializada? Não tem arquivo fotográfico. Documentos históricos não são encontrados todos em um só lugar. A memória não é reverenciada. A Cultura é estimulada? As artes  são incentivadas? Agradeço as respostas, que podem ser enviadas para [email protected]. E quanto ao rotariano, poliglota e comendador Alberto Fioravanti, que possa ser homenageado em vida, pelo belo trabalho heráldico realizado, belo e muito difícil, obra digna de um estudioso como ele. Fosse senador, deputado ou ocupasse ainda o alto escalão da ONU, como ocupou, certamente seria convidado para tal, com honrarias e tapete vermelho... 

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