A FACA DAS PALAVRAS
Nino Bellieny 04/06/2016 04:10
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OUVIDOS DESANIMADOS OLHOS ATENTOS

NINO BELLIENY
Depois de tantas conversas e falações perdidas pelos salões de nossas orelhas, vamos aprendendo o verdadeiro significado das palavras. Embrulhadas pelos sentimentos de quem as diz, se tornam valiosas ou lixo dourado. Adjetivos que banhados em ironia se transformam em feitiçaria. Feitiçaria que desmonta vidas por dias e dias, quando quem ouviu finalmente entende o significado das palavras doces, depois amargas, em verdade mísseis de efeito retardado.
Aprender a reconhecer o veneno que escorre em frases bem feitas é arte que só o tempo ensina a farejar. Gente que diz uma coisa com a boca e outra com os olhos. Que não encara o interlocutor e quando, é cara - de- pau, felizmente denunciada pelo brilho do óleo de peroba em excesso. Frases rebuscadas, longas e cheia de efeitos, acompanhadas de tapinhas no ombros e sorrisos de fraca luz . É o tempo que vai sendo passarela de inúmeros tipos de alma vendida, interessados em assassinar sonhos alheios depois de terem visto os próprios abortarem. Estão em toda a parte, não só na política profissional, lugar onde se tornou comum colocar as mazelas e defeitos do ser humano como se só ali acontecessem. Falsos e sem-caráter estão em todas as áreas. Na saúde, nas comunicações, na pedagogia, nos negócios, nas artes, nos esportes, nos tribunais, onde houver gente e sede de poder eles nadarão de braçadas. 296131_2200089556746_31611657_n Os melhores elogios, uma boa frase, as mais belas palavras no entanto, não podem ser ignoradas ou desprezadas. O tempo também ensina a reconhecer quando são faladas com sinceridade e isso só mesmo na prática. Ou, deixaremos tristes quem realmente gosta da gente e através de uma fala carinhosa tenta nos dizer que somos importantes para elas. Talvez explique a razão de muitos preferirem dizer através da escrita, da música, de um presente ou de um forte e honesto aperto de mão. Para não serem confundidos na intenção de se mostrarem íntegros. Por mais que nos achemos espertos e capazes de lidar com o pior e o melhor do outro, todo o cuidado é necessário para não cometer-se injustiça. Melhor atender a um falso deixando-lhe pensar que nos iludiu que decepcionar a um justo fazendo-lhe acreditar que duvidamos dele e do que foi dito. O sem–caráter não se abala, mas, o correto se envergonha e fica difícil recuperar dele o respeito e a consideração antes tão devotada. Enfim, enquanto a grande arma do falso amigo é tornar-nos tão ou mais falsos do que ele, quando nos obriga a jogar com as mesmas táticas, ser sincero é o mínimo que devemos ser com quem conosco também é. Até o dia em que todos percebam como a falsidade pode dar a sensação de poder e vitória. Somente a sensação. Nunca a certeza.

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