Cunha diz que está tendo direito de defesa cerceado
Arnaldo Neto 21/06/2016 13:04
Eduardo CunhaO presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (21) que está tendo o direito de defesa cerceado. O deputado marcou uma coletiva de imprensa em Brasília com o objetivo, segundo ele, de retomar “a comunicação direta com os veículos de comunicação”. Cunha afirmou que o então ministro da Casa Civil Jaques Wagner ofereceu a ele os três votos do PT no Conselho de Ética, onde o peemedebista era alvo de investigação, em troca de não deflagrar o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele disse ainda que está “absolutamente convicto” de que não mentiu sobre contas no exterior e reafirmou que não vai renunciar. — Tenho restringido [a comunicação] a notas ou manifestações no Twitter. Isto tem prejudicado muito minha versão dos fatos como também a comunicação. Resolvi voltar com regularidade prestar satisfações, eu mesmo me expor ao debate, às entrevistas porque isto está me prejudicando. Há um nítido cerceamento de defesa meu — disse nos primeiros minutos da entrevista. Cunha lembrou sua trajetória política e a sua posição em relação ao PT e aos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta afastada Dilma Rousseff. O deputado está no quarto mandato, iniciado no PP e depois migrou para o PMDB no período em que o partido estava dividido entre apoio ao ex-presidente Lula e a possibilidade de uma candidatura própria. Ele voltou a afirmar que o governo Dilma resistiu fortemente à sua candidatura à presidência da Casa, mas que, na época, nenhum candidato do PT teria condições de assumir a função por falta de apoio na Casa. Suspeitas — Eleito presidente da Câmara em primeiro turno no dia 1º de fevereiro de 2015, Cunha recebeu 267 votos e derrotou três candidatos, entre eles, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que era o candidato do Palácio do Planalto na época, mas que obteve apenas 136 votos. O comando da Câmara é exercido por dois anos, mas nos primeiros meses Cunha já começou a sentir a pressão suscitada pelas suspeitas sobre seu envolvimento em negócios ilícitos envolvendo contratos de empresas com a Petrobras e existência de contas secretas no exterior, o que resultou no início do processo de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética. No Conselho, a cassação foi aprovada (aqui) na última semana por 11 votos contra 9. A defesa de Cunha tem até quinta-feira (23) para apresentar recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e tentar reverter o resultado. Do contrario, ó plenário vai decidir sobre a cassação. Afastado pelo STF — Paralelamente ao processo de cassação na Câmara, no Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha é alvo de pelo menos cinco processos, além de ter sido, no último mês, afastado do comando da Casa por decisão do ministro do STF Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. A medida, acompanhada pelos 11 ministros da Corte, foi em resposta à acusação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que Cunha tem atrapalhado as investigações. Cunha entrou com recurso no STF questionando o alcance da decisão de Teori Zavascki. O objetivo de Cunha é voltar à Câmara para se defender pessoalmente no processo de cassação.

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