No jogo político das eleições municipais de 2016, em Campos, oposição está ganhando da situação. Pelo menos no que diz respeito ao número de pré-candidatos: 11 a 10. O que pode ampliar ou diminuir a aparente vantagem é a maneira como cada lado irá caminhar. Enquanto é possível que, pelo menos 50% dos nomes contrários à gestão Rosinha (PR) mantenham a candidatura e caminhe separado, os do grupo dos Garotinho irão definir em prévias os candidatos que terão a benção - oficialmente - do governo municipal. Devem definir, porque existe a possibilidade de as prévias serem barradas ou até terem o formado modificado por decisão da Justiça Eleitoral. Desde o último dia 12, o Centro Cultural Anthony Garotinho (CCAG) está lacrado depois de uma ação de fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que apuravam denúncia envolvendo o NOS (Núcleo de Organização Social). Serão os cadastrados no NOS que votarão nas prévias.
Na oposição, até o momento, estão no páreo os deputados Papinha (PP), Geraldo Pudim (PMDB) e João Peixoto (PSDC), os vereadores Nildo Cardoso (DEM), Rafael Diniz (PPS), Tadeu To Contigo (PRB) e Gil Vianna (PSB), o ex-vereador Rogério Matoso (PPL), Léo Zanzi (PSOL) e o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PEN) e seu filho Caio Vianna (PDT). Arnaldo chegou a anunciar apoio a seu filho, mas em seguida divulgou nota confirmando sua pré-candidatura. Nas últimas eleições, apesar de bem votado, o ex-prefeito tem ficado de fora por pendências judiciais.
Para o líder da oposição na Câmara, Nildo Cardoso a estratégia dos rosáceos pode acabar atrapalhando, mas a eles próprios.
- A máquina municipal vai se concentrar na periferia e Guarus, onde está a maioria dos beneficiados por programas sociais. Então estarão em um mesmo espaço e querendo conquistar a área centra. A pulverização em parte é benéfica. Os candidatos acabarão ocupando espaço em vários locais onde a máquina é forte, mas que também tem muitos problemas. Essa população mais carente está sofrendo com problemas graves, na área de Saúde, Educação, um alto índice de desemprego. Caberá aos candidatos de oposição destacar a tragédia que está acontecendo no município - opina.
Nildo afirma que o dinheiro da terceira venda do futuro não conseguirá resolver os problemas do município, porque a dívida, segundo ele, é muito maior e as despesas continuam sendo feitas: "Estão contratando RPA para enganar. Daqui a um tempo não terão dinheiro para pagar pessoal. A dívida que a prefeitura tem hoje, entre contratos, pessoal, obras inacabadas e os empréstimos da venda do futuro, gira em torno de R$ 2 bilhões. A máquina corre o risco de lançar dois ou três candidatos e retirar uma candidatura às vésperas da eleição para concentrar em um só", diz.
Para o ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Rogério Matoso (PPL), o debate da oposição tem que ficar além dos Garotinho: "Acho que a cidade e muito mais importante do que só ganhar de Garotinho. O grande desafio será transformar a cidade, mostrar de fato que os oposicionistas tem um plano viável para essa mudança, com ações. Garotinho representa o passado, que quebrou nossa cidade.Vamos olhar para frente, para o futuro, progredir", afirma.
Presidente municipal do PV, Gustavo Matheus acredita que a divisão beneficia o governo: "Acho que o Fla-Flu só é bom para o governo. Estamos com muitos pré-candidatos na oposição. O número é tão grande que acabamos dividindo os votos soltos. O pior é que, com essa divisão, involuntariamente ou não em certos casos, acabamos por prestar um serviço ao governo municipal. Eles querem dividir para conquistar. Mas é muito difícil domar os egos e vaidades de todos os candidatos que, mesmo na oposição, podem e devem pensar diferente um dos outros", afirma.
Prévias rosáceas nas mãos da Justiça
A lista de prefeitáveis dos Garotinho tem Chicão Oliveira (PR), Mauro Silva (PSDB), Edson Batista (PTB), Auxiliadora Freitas (PHS), Eduardo Crespo (PR), Thiago Ferrugem (PR), Fábio Ribeiro (PR) e Edílson Peixoto (PR), Paulo Hirano (PR) e Charles Guerreiro (PR). Esses pré-candidatos serão escolhidos em prévias, entre 28 de maio e 9 de julho. A homologação do resultado está prevista para 30 de julho, durante a convenção da Frente Popular Progressista de Campos, que irá formalizar a chapa que irá concorrer à Prefeitura de Campos.
Porém, uma ação da Justiça Eleitoral pode modificar ou inviabilizar as prévias. Isso porque, fiscais do TRE lacraram, desde 12 de maio, o Centro Cultural Anthony Garotinho, no Centro. Eles apuravam denúncia de possível uso eleitoral do NOS.
De acordo com informações, a defesa do PR alegou que, para cadastro do NOS, não é pedido o título de eleitor, o que poderia caracterizar uso eleitoral. Até então, o modelo das previas apontava que votariam pessoas filiadas aos Núcleos, criados a mais de um ano para "mobilização social".
A Justiça Eleitoral decidirá se mantém esse modelo ou se determina outro, como, por exemplo, em que votem os filiados a partidos aliados. A qualquer decisão caberá recurso, porém, por faltar pouco tempo para o início, fica a dúvida.
Antes - Em 2004, quando o grupo dos Garotinho também preparava-se para disputar a Prefeitura de Campos, também foram lançados vários pré-candidatos e houve votação. Porém, a decisão final ficou por conta mesmo de Garotinho, que escolheu a chapa Geraldo Pudim e Claudeci. Eles acabaram derrotados por Carlos Alberto Campista e Toninho Vianna.
(Matéria publicada na edição de hoje da Folha da Manhã)