O Prefeito e as Razões de Não Tentar a Reeleição
Nino Bellieny 06/05/2016 07:25
Marcelo Nascimento, da Estilo Off ouviu o atual prefeito de Itaperuna, Alfredo Paulo Marques Rodrigues-Alfredão. A entrevista está na edição deste mês e segue a linha editorial da revista que é integralmente comportamental, sem a intenção de acusar ou defender ninguém. O BNB agradece a gentileza do editor em permitir a reprodução e traz o sincero bate-papo na íntegra:

O ALCAIDE

A oito meses de sair da prefeitura, Alfredão prepara sua despedida garantindo que sai de cabeça erguida e que fez o que podia ser feito. Por Marcelo Nascimento Falar do prefeito Alfredão em Itaperuna é assunto que gera debates em várias rodas de diversas classes, do botequim do canto de bairro às mesas recheadas dos melhores restaurantes. Ainda mais agora que ao se aproximar a eleição para escolher o novo prefeito que assume no início de 2017 e o dono da caneta anuncia que não vai se candidatar a reeleição, mesmo tendo o pleno direito. Todo tipo de especulação foi feita em cada canto dessa cidade. Avesso a entrevistas e a divulgação de ações, a qual assume que foi um erro durante seu mandato, o prefeito aceitou nosso convite para uma conversa franca da qual propomos que fosse algo diferente e atrelada com a nossa linha editorial, sem as amarras das perguntas óbvias do porque não fez isso ou aquilo, mas com o objetivo claro de deixar explícito ao leitor uma imagem mais verdadeira possível da atual situação. Mesmo sem nunca ter assumido um cargo público anteriormente e sequer ser um homem conhecido, Alfredo Paulo Marques Rodrigues caiu nas graças de Péricles Olivier de Paula, que queiram ou não, é a eminência parda que ainda dá as cartas no grupo do poder. Foi ele quem enxergou em Alfredão a pessoa certa para encarar a eleição que se apresentava no momento. Era a imagem personificada do homem trabalhador, engenheiro eletricista por formação, conhecido como honesto, com cara de bonachão e sem o passado duvidoso que atravanca a vida de muitos prefeitáveis. Deu certo. Junto de um grupo Alfredão abateu os dois candidatos da época, Paulada e Dr. Roninho, então a bola da vez, com 30. 961 votos e ganhou a oportunidade de assumir a caneta e a cadeira tão desejadas por muitos. Durante a campanha ele foi uma atração à parte e tentou emplacar uma imagem popular, com direito até a um enorme boneco com suas feições e que ele guarda na varanda de sua casa. Como de costume entre os políticos em campanhas prometeu ações que depois não foram implantadas e nessa entrevista ele busca esclarecer porque não as conseguiu. Durante todo esse tempo foi duramente criticado, passou por turbulências e por um bom tempo levou contigo a contragosto a imagem de que não governava de fato, sendo o que se chamava na cidade de “fantoche”. Porém, parece, Alfredão não se abateu e conseguiu dar a volta por cima das críticas e quis mostrar por A mais B que assume as rédeas de seu governo, mesmo reiterando com todas as letras que pertence a um grupo e governa junto com ele. A rotina desse homem é avassaladora. Acorda às 4 da manhã e geralmente dorme às 10 da noite, sempre na ativa. Como se não bastasse a pressão de gerir uma prefeitura carente de recursos, ele ainda enfrenta um drama particular. Sua esposa, Antônia Maria Gouveia, com quem é casado há 31 anos, está há sete meses num leito de UTI montado dentro de sua casa, acometida por uma doença degenerativa que há cinco anos a deixou numa cadeira de rodas. A rotina de prefeito da cidade ainda se divide com a de marido atencioso. E talvez por isso ele tenha marcado essa entrevista em sua casa, na Cehab, para que todo o tempo livre seja permitido que esteja ao lado da companheira. Hoje, aos 58 anos, ele se diz realizado, mesmo com as decepções, as críticas e tudo que de negativo lhe foi apregoado. Garante que fez o que foi possível e que não é perseguidor, preferindo optar por uma postura mais facilitadora. Se perante a opinião pública ele não é a unanimidade que gostaria, Alfredão garante que sai do governo no fim deste ano com a consciência tranquila e de cabeça erguida por ter feito o que pode com as armas que tinha em mãos. Afirma ainda que tem orgulho de ser prefeito e que a decisão de não se candidatar a reeleição não é uma despedida da política. Enfim, se entre os personagens políticos as opiniões acerca desses são sempre dúbias, a gente quis essa entrevista exclusiva e reveladora para justamente dar ao leitor a oportunidade de analisar seu representante maior e que as conclusões fiquem a cargo de cada um. Com vocês, Alfredão.  cf436181-e6b1-4112-8028-b40d3d16f0d6 Alfredo, mesmo diante do direito de se candidatar a reeleição, porque não é candidato? Foi uma decisão isolada sua ou uma imposição de outras pessoas? Entendo que fui convidado por um grupo e resolvi então aceitar ser candidato naquele cenário que se apresentava. Nesse período todo acredito que desempenhei meu papel. Porém, tem momentos na vida que comparo com uma escada longa que você vai subindo e em determinado momento se atinge um patamar que acredito que é hora de dar uma pausa. Dentro de um grupo o eu sozinho não existe. Quando se está num grupo é preciso conversa, alinhavo e depois de muitas conversas nesse grupo chegamos à decisão que nesse momento não seria interessante que eu saísse candidato. Na eleição passada você foi escolhido para se candidatar a prefeito dentro de um grupo forte, porém nunca havia militado na política e sequer havia assumido um cargo público anteriormente. Ao ter aceitado o convite, o que enxergou que poderia fazer caso ganhasse a eleição? Enxerguei que seria uma oportunidade para mudanças em Itaperuna, para que pudesse trabalhar para o bem comum e busquei durante todo esse período ser fiel a esses propósitos e vou ser fiel e trabalhar até o final da gestão que se encerra no fim deste ano. Acho que todo cidadão que goste da cidade e que for convidado para se candidatar a prefeito deva aceitar e caso ganhe venha a lutar incansavelmente pela terra em que vive, mesmo diante de todas as dificuldades que temos no país hoje. Vitória nas urnas, diplomação, posse e caneta nas mãos. O que faltou para realizar seus objetivos? Busquei os objetivos, mas nem tudo que queremos nós conseguimos. Essa expressão “caneta nas mãos” é relativa, pois com ela você pode fazer o bem como pode agir ao contrário. Eu entendi que deveria fazer um governo facilitador e nunca de imposição. Sou adepto da facilitação, de não erguer muros divisores, de não perseguição. Posso garantir que iniciei um governo com muitas dificuldades, porque uma campanha é maravilhosa, é tudo festa, mas como você mesmo citou, quando se pega a caneta você passa a ter a responsabilidade real e tem que compor um governo de acordo com aquelas pessoas que estiveram ao seu lado na campanha e dessa forma que caminhei. Pegamos um governo de gestões passadas com dívidas altíssimas, salários atrasados, dificuldades enormes que nos deram um trabalho intenso e praticamente nos consumiu dois anos inteiros de suor. Passei um momento muito difícil da minha vida naqueles primeiros anos em que me vi numa situação crítica. E como se não bastasse esses dois anos iniciais, ainda pegamos a recente crise do estado e do país que veio em seguida e emperrou muito do que gostaria de ter feito. Pra se ter uma ideia, tem um ano que o governo do estado não faz o repasse financeiro para a UPA, que é de 400 mil reais por mês. O Governo Federal repassa 500 mil e a prefeitura deveria arcar somente com 100 mil mensais. Mas como o governo do estado há um ano não nos repassa um centavo estamos tendo que arcar com a parte dele. Ou seja, onde antes investíamos 100 mil ao mês, há um ano estamos investindo 600 mil. São 4 milhões e 800 mil em doze meses que poderíamos estar investindo nas ruas esburacadas ou em outras frentes que a população nos pede. Mas tivemos que escolher uma prioridade. Então a prefeitura está bancando a UPA junto com o governo federal e mesmo assim ela ainda atende as cidades vizinhas? As prefeituras vizinhas não repassam nada? Hoje, além do governo federal, só a prefeitura de Itaperuna é que coloca dinheiro na UPA. Estamos atendendo no projeto original que é ser regional, mas há um ano o governo do estado não nos repassa a sua parte e, portanto estamos cobrindo a nossa e a deles. Mas de forma alguma eu poderia parar aquele trabalho. E acredito que nenhum gestor que pense no bem das pessoas poderia pará-lo também. Onde acha que foi mal interpretado durante sua gestão? Hoje eu consigo perceber claramente que em meu governo faltou divulgação. O meu perfil é de fazer mais e falar menos. Porém consegui entender depois de um tempo que na administração pública você precisa nivelar os lados, até para que o cidadão conheça o que está sendo feito em sua cidade com o seu dinheiro. Então eu pequei muito nisso ai, o que gerou muita interpretação equivocada nas ruas. Mas antes tarde do que nunca. Espero sinceramente que as pessoas conheçam o que estamos fazendo. E como você administra as várias críticas que te fazem? Ouço todas as críticas e aquelas que forem construtivas levo em conta ao ponto de procurar acertar e aquelas que forem levianas, que digo que são da rádio tamanco, que não tem muito efeito, acho que devem ser jogadas na lixeira. Entendo que tem horas que uma boa crítica é melhor que um elogio. Tem elogios que não são sinceros, daqueles do tipo do tapinha nas costas. Esses são terríveis. Mas tem aquelas críticas boas, daquele amigo verdadeiro, que te chama e te alerta para o que anda acontecendo de errado. Essa eu dou valor. Do que você não se arrepende até esse exato momento? Não me arrependo de nada. Acredito que sou um vitorioso, pois milhares de cidadãos de Itaperuna me deram a oportunidade de governar essa cidade por quatro anos. Tive um quantitativo de votos bem elevado, procurei fazer um trabalho de renovação e transformação, mesmo com as dificuldades. Acredito que minha visão facilitadora permitiu avançar um pouco. Poderia ter avançado mais? Claro! Mas agora é hora de olhar pra frente e ver o que pode ser feito. O passado já se foi. Não vou chorar o leite derramado. Você sempre falou muito num grupo político, mas durante um tempo ficou meio que preso a determinadas situações e muita gente chegou a afirmar que você não governava de fato. Se sente a vontade para falar sobre isso? Me sinto muito a vontade. Qualquer prefeito em início de governo tem inúmeras dificuldades. O sujeito tem que compor com várias frentes políticas e esses momentos são de intensas negociações que consomem uma energia danada. Isso é normal na política e qualquer gestor público que tem por trás de si um grupo tem de agir assim. Acredito que consegui atender da melhor forma possível, sem ferir meus princípios de honra e caráter. O que gostaria que você explicitasse foi quando conseguiu, mesmo atendendo ao grupo, o que é natural na política, se sentir de fato à vontade em sua cadeira de prefeito? Em nenhum momento me senti coagido e isso eu deixo bem claro aqui. Sou um homem de grupo, que respeita essa premissa e tudo que foi acordado foi com meu aval. Agora, quando decidimos que eu não seria candidato, me veio uma liberdade ainda maior, pois quando se é candidato precisa se agir com determinadas cautelas e hoje soltei essas pequenas amarras. Vou mexer no governo? Não. Vou terminar meu mandato com as ferramentas que eu cheguei até aqui e tenho em mãos e tocando da maneira que entendo ser a melhor. Você sofreu perseguições de instâncias superiores da política de forma a atrapalhar o andamento de seu governo? Muitos governos sofrem isso. Tem horas que os acessos são dificultados. Algumas autoridades as quais precisamos ir atrás de recursos são blindadas e não conseguimos chegar nelas de forma a apresentar o que pretendemos. Inúmeras vezes fui aos governadores Sergio Cabral e Pezão para pedir alguma coisa e naquele momento me garantiam tudo, porém depois nada acontecia. Deixava dezenas de projetos nas secretarias do estado com várias pessoas, mas aquilo se enfiava numa gaveta que não andava por nada. Sem contar que tem algumas forças que trabalham contra, que me acusavam de estar alinhado com o Garotinho e eu não tinha nada a ver com ele. Isso prejudicou meu governo, mas acima de tudo prejudicou a cidade. E eles não conseguem enxergar isso. Por isso acredito serem tão importantes as representações da cidade nas esferas estadual e federal para nos abrir portas. Acho que quando se ganha uma eleição não deve haver vaidades entre essas esferas, pois tudo, em tese, deveria convergir para o bem comum, mas infelizmente não é assim que acontece. Nessa pergunta não vou nem entrar no mérito da crise financeira que veio descambar ainda mais com tudo que pensei no início. Então vamos a ela agora. A crise financeira do país e do estado do Rio afetou as finanças das prefeituras e muitas vezes você argumentou que não estava fazendo mais por conta disso. Gostaria que você falasse claramente o que mais te prejudicou nesse tempo em que está na prefeitura? Os repasses só caíram nos últimos anos e isso nos deu um prejuízo enorme. Citei anteriormente o caso da UPA. A obra de contenção de alagamentos na Vinhosa está parada porque o governo federal parou de repassar o dinheiro. Como que se toca uma obra sem dinheiro? Como que paga o operário? Os royalties do petróleo que giravam em torno de 1 milhão e 100 mil por mês nós recebemos em abril só 510 mil reais. A ponte do Frigorífico com o Matadouro está lá parada e o governador veio aqui e disse que daria retorno nas obras em quinze dias e lá se vão oito meses sem uma pedra remexida. Como que se vive nisso se você não consegue ter planejamento nem firmeza no que antes tinha? Hoje cheguei à conclusão que enquanto esse cenário durar não posso contar com ninguém. Conto somente com o que temos aqui na cidade em termos de arrecadação certa e vou estabelecendo prioridades. Primeira prioridade é o salário dos funcionários em dia e na sequencia vamos agindo em outras frentes importantes. Você diz que passou por turbulências, porém, qual foi o momento de maior tensão até hoje? Sem dúvidas alguma foi no início do governo, pois não tínhamos conhecimento da real situação e onde quer que mexíamos encontrávamos algo escondido debaixo do tapete. Pegamos essa prefeitura com quatorze pendências no CAUC, que é uma espécie de Serasa do governo federal. Quem tem pendências nele é impedido de receber verbas até que se regularizem tais situações. Conseguimos zerar as pendências e quando conseguimos zerá-las veio a crise e degringolou a vida da maioria das prefeituras do país. Esses momentos foram de intensa turbulência. O que te tira do sério no dia a dia de ser prefeito? Geralmente nada me tira do sério no dia a dia da prefeitura. Tem horas que fico meio nervoso, mas em quinze minutos já consigo me recuperar. Então não considero isso como algo que me tira do sério. Não consigo guardar rancor, mágoas ou coisa parecida. O que acredita que conseguirá entregar de novidade até o fim do mandato? Com muita alegria digo que iremos entregar várias coisas. Vamos deixar sete UBS, que são as Unidades Básicas de Saúde e já temos mais três em vias de abertura de licitação. Estamos construindo duas escolas de grande porte, uma em Raposo e outra no bairro Niterói, que é a Sítio São Benedito. Vamos deixar uma creche e uma quadra boa no Surubi. E em breve iremos licitar mais duas creches. O colégio São José, no Castelo, que acredito ser uma das obras fundamentais, pois faz parte da história de Itaperuna e que há anos estava abandonado. Vamos entregar uma escola de ponta lá em cima, toda reformada para atender a educação básica que por lá já tem também uma padaria escola em pleno funcionamento para dar oportunidade de uma profissão para os jovens. Temos o calçamento do loteamento São Manoel com ótima infraestrutura e outro no Surubi. Em Boa Ventura fizemos a ampliação da estação de tratamento de água. Vejo como algo de suma importância o decreto que lançamos a fim de desapropriação do campo do Itaperuna, em que o elevamos a categoria de utilidade pública com o intuito de criar ali uma ampla área verde de lazer para as pessoas. Não vai dar tempo para fazer obra ali no meu mandato, mas já deixo o decreto assinado para que o próximo prefeito tenha as ferramentas iniciais em mãos para executá-la. Outro trabalho importante foi o geoprocessamento, que investimos uns dois milhões de reais desde 2013, para mapear a cidade inteira de forma a sabermos ao certo o que temos em nossa terra, bem como conferir via aérea o quantitativo de imóveis, que permitirá atualizar o cadastro de IPTU e arrecadarmos mais. Colocamos ar condicionado em todas as escolas do município para que as crianças estudem com mais conforto. E ai posso elencar ainda projetos interessantes como a mudança de local da feira, a criação do espaço de lazer aos domingos na Avenida Cardoso Moreira, o projeto uma árvore uma criança, a orquestra Retocando e o coral. Isso tudo me dá um orgulho de saber que deixarei de legado. Olhando para o passado, há quase quatro anos atrás, quando andava em campanha e subia em palanques a busca de votos, quais seriam as atitudes que teve ali e que não teria se fosse hoje? Hoje tenho uma visão um pouco diferente. Por quê? Porque cheguei diante de uma caixa preta. Vim da administração privada e a administração pública é diferente, pois vai num ritmo mais tartaruga e até de certa forma obsoleta. Tudo é travado, é empenho pra lá e pra cá e muitos resultados demoram a acontecer. O servidor precisa de cursos e estímulos para trabalhar melhor. É preciso uma transformação drástica nesse processo e busquei, na medida do possível, implantar algumas mudanças significativas.  Hoje consigo ter uma visão mais ampla da gestão pública. Antes tinha uma visão horizontal e hoje tenho uma visão vertical dessa máquina. Cito como exemplos as ações nas secretarias de Saúde e Educação. Me criticaram muito quando substitui alguns secretários para alocar gestores nessas áreas. Na saúde, por exemplo, entendi que secretário não pode ser médico. Não tenho nada contra o médico, por favor. Mas ele não tem condições de ficar na secretaria o dia inteiro, de viajar direto para inúmeras reuniões, pois tem seus afazeres da profissão no dia a dia. Coloquei então o Marcelo Poeys, que é um gestor público, e ele deu um avanço muito grande na secretaria. Antes tínhamos uma única conta bancária lá e atualmente são mais de cem. Hoje, por exemplo, todas as verbas que o hospital São José do Avaí tem direito são repassadas de forma correta para garantirmos o melhor atendimento à população. Modernizamos e dinamizamos a secretaria. Isso foi quebrar um paradigma. Outra mudança foi na secretaria de Educação onde colocamos outro gestor, o Toni Bastos, que não é professor. Ele faz uma gestão atual na secretaria e temos uma pedagoga como sub secretária. A Ação Social é outra área que tem um destaque positivo. Você mesmo tem conhecimento do trabalho que a Loíde tem feito naquela secretaria, que gerou reconhecimento em vários lugares, inclusive em Brasília. Pecamos em não divulgar muito tudo isso, mas sou feliz com o que conseguimos. Olhando novamente para o mesmo passado, do homem que resolveu aceitar aquele convite, o que ficou nele depois desse tempo e o que se perdeu? Não posso falar em perda. Posso falar que adquiri muito conhecimento e oportunidades. Hoje sou um homem diferente, com uma bagagem mais expressiva em relação à administração pública e dentro da convivência política. De tudo o que conseguiu fazer, o que gostaria que ficasse claro para os cidadãos? Quando deito na minha cama consigo dormir tranquilo, pois sei que fiz o melhor que poderia ter feito de acordo com as circunstâncias que me deparei por esse tempo. E qual é aquela que te dá mais orgulho? A oportunidade de servir e atender aqueles que precisavam ser atendidos e a oportunidade em igual de podar aqueles que não tinham a menor necessidade de serem atendidos. Esse equilíbrio da balança me dá orgulho. Qual a autocrítica que você faz nesse momento? Todos nós temos virtudes e defeitos. Em relação aos defeitos é necessário buscar sanar todos ou a maioria deles. Entendo que às vezes é preciso buscar saná-los mais rápido. Percebo que quanto mais demora, mais a indecisão te consome e acabamos não conseguindo realizar o que queríamos. O fato de não se candidatar à reeleição é uma despedida definitiva da política? Não! Todo homem público, desde o momento que foi inserido nisso, estará ali para em algum momento voltar ao que se propôs. Pertenço a um grupo e estou ai para novas missões se de mim precisarem e se eu entender que possa ser útil para Itaperuna. Aos que almejam sua cadeira nesta eleição, qual o conselho que gostaria de transmitir a todos eles? Eu gostaria que todos eles olhassem com carinho pela dinamização da administração pública. Já andei um pouco com isso, mas precisamos muito mais. A administração pública precisa ser mais dinâmica, eficaz, moderna e isso se faz com tempo e gradativamente. Estimule os funcionários, faça mudanças positivas. Quando cheguei à prefeitura tinha gente que estava há 30 anos no mesmo setor. Isso é desestimulante para o servidor e para a administração.  Entendo que se a administração é eficaz, tudo se torna mais fácil e quem ganha é a cidade. Quando acordar em 31 de dezembro, seu último dia como prefeito, como acredita que estará sua consciência? Muito tranquila. Uma das heranças de meus pais foram os princípios de credibilidade, lealdade e transparência e isso venho trazendo comigo desde sempre e não mudei quando virei prefeito. Tive esse privilégio de ser prefeito da minha cidade por quatro anos e fiz aquilo que pude com o que tinha em mãos. Qual a imagem que gostaria que as pessoas tivessem de você quando sair da cadeira de prefeito? Tem pessoas que costumam ver um prefeito ou outra autoridade de forma diferente. Eu sou e gosto de ser visto como uma pessoa como outra qualquer, mesmo com responsabilidades às vezes maiores. Mas acredito que minha imagem permanecerá a mesma, pois não carrego duas personalidades. Dia 1º de janeiro de 2017 quando passar a prefeitura para o novo prefeito, o que vai fazer da vida? Dia 1º de janeiro vou lá passar a faixa para o novo prefeito, seja ele quem for. Isso será uma honra pra mim. Entrei pela porta da frente e sairei pela mesma porta. Hoje já tenho inúmeros convites para voltar para a iniciativa privada, nos parceiros da Ampla, convites pra dar aula, mas vou pensar direitinho no que irei fazer quando deixar a prefeitura. Vou priorizar aquilo que puder me dar maior oxigenação para a cabeça, com tempo para minha esposa e meu filho. Acho que preciso de tempo. Pra gente finalizar, gostaria de acrescentar algo? Quero agradecer a oportunidade de estar falando aqui nessa revista que considero de muita importância em Itaperuna pela credibilidade que transmite. Quero agradecer ao povo desta cidade pela compreensão, pelo carinho. Afirmo que até nos momentos mais difíceis de minha vida procurei falar a verdade e acredito que as pessoas compreendem muito do que falo. Até os nãos que dou muita gente entende. Isso é gratificante, pois mostra o respeito que conquistei sendo coerente com meus princípios. Isso são valores que não consigo medir o tamanho que tem, mas sei que são grandes. Quando olho minha história e vejo aquele menino que nasceu lá no Valão da Boa Esperança e sequer sonhava em ser prefeito de sua cidade e olha onde estou hoje. Sou feliz por tudo que me foi ofertado pela vida até o presente momento. Sou grato também ao grupo que me deu oportunidade. Daqui a oito meses saio da prefeitura de cabeça erguida. Área de anexos

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