Exclusivo para o BNB
PASSO O PONTO
Por William Santos Lima*
Imagine um lago, com águas límpidas e tranquilas. Agora, pegue uma gota d’água, solte no lago e observe as micro ondas se formando a partir do epicentro. Isso é exatamente o que acontece hoje. Mudanças drásticas acontecem em grandes centros, e depois se espalham por todos os lugares. Como moro em São Paulo, mas vou à Itaperuna com certa frequência, custei um pouco a entender como aqui se falava em corte de custos, melhoria da gestão, análise de impostos, melhoria de logística, marketing mais assertivo e em cidades do interior tudo estava de vento em poupa. Na grande cidade, eu via placas e mais placas de
"aluga-
se" e
"passo o ponto", em Itaperuna, ao contrário, eu percebia negócios se abrindo.
Conversando com amigos empresários itaperunenses, eu frequentemente abordava o assunto falando que a coisa não estava muito boa, mas por muitas vezes me afrontavam falando, “
você anda estudando demais,
está muito pessimista...”. Como estudante da área, é como se eu estivesse enxergando a grande onda vindo, tentando alertar, mas totalmente em vão.
Gerir um negócio, no cenário em que estamos agora, é de uma complexidade absurda. Como não gosto de ficar somente no “
acho que é”, vamos aos fatos:
O índice de confiança mede a percepção do consumidor, e tem caído de maneira constante devido ao cenário econômico e político que se desenha. Isso significa que, quem tem dinheiro para comprar qualquer coisa está segurando porque não sabe o dia de amanhã. Com medo de perder o emprego ou a fonte de renda, o consumidor se retrai deixando de comprar. Em relação a emprego, um dado interessante sobre Itaperuna:
Esses são dados do CAGED, órgão que monitora as relações empregatícias. Repare o que aconteceu com Itaperuna em 2015. Em todos os outros anos houve mais admissões que desligamentos, exceto em 2015. Isso indica claramente que, pessoas estão perdendo empregos e não estão conseguindo se recolocar, boa parte é porque a perda do emprego está relacionada com a
“quebra” da empresa em que trabalhavam. A premissa básica de qualquer negócio é: se não tem quem compre, não tem como se manter.
Mas, o desafio não para só em se esforçar mais para convencer o cliente a comprar seu produto investindo pesado em Marketing. Tem os famosos custos fixos, que na minha visão, são o calcanhar de Aquiles de qualquer negócio e sabe a razão? Imagine o seguinte:
Se você tem venda líquida de 1.000,00 e tem despesas de 730,00 mensais fixas, significa que, quando começa o mês você já está devendo. É isso mesmo, está no começo do mês e você deve 730,00(de maneira simplória). Nem estou mencionando o fato de você vender com 30, 60, 90 dias de prazo, o que significa que você está financiando o cliente e precisaria desse dinheiro também, (capital de giro). Não tem como fugir dessa conta, por isso, vai iniciar um negócio? Planeje o máximo que puder as demanda, os custos fixos, os custos variáveis, os imprevistos, a inadimplência, o capital de giro... etc... etc... etc...
Existe ainda a questão dos impostos:
Repare na participação do comércio na fatia de impostos que sustenta o país. Enfim, são muitos os fatores, mas depois de ler isso tudo você deve pensar:
“Esse cara é realmente pessimista”, mas não sou. Creio que ainda pode se abrir negócios saudáveis, mas agora, todo o cuidado é pouco, conhecimento e preparação fazem total diferença, com isso vamos passar longe do fantasma do "passo o ponto".
*William é editor do
Empreendedor Itaperunense*