Parlamento com metas para Uenf
26/04/2016 09:04

Suzy Monteiro
Foto: Michelle Richa

A educação esteve em pauta nessa segunda-feira (25), na Câmara de Vereadores, que realizou duas audiências públicas para tratar de assuntos relacionados a unidades estaduais. Pela manhã, a crise na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) foi tema do Parlamento Regional. Cinco propostas foram retiradas sobre o assunto. À tarde, a greve dos profissionais de Educação do Estado esteve em debate.

No caso da Uenf, as indicações aprovadas são: a criação de uma Frente Parlamentar, uso do fundo da Alerj para auxiliar a Uenf (a exemplo do que já foi feito na Uerj e na Uezo), prioridade para pagamento dos alunos bolsistas, manter a independência de outras instituições e autonomia financeira. Outra proposta aprovada é o encontro de contas – Prefeitura repassando ICMS de água e luz para auxiliar a universidade.

Compareceram ao encontro os deputados estaduais Geraldo Pudim (PMDB), Bruno Dauaire (PR) e Papinha (PP). O deputado Waldeck Carneiro (PT) esteve representado pelo professor e ex-deputado Godofredo Pinto. Também estiveram presentes os presidentes das Câmaras de Conceição de Macabu, Kódia, e de São João da Barra, Aluizio Siqueira; o reitor da Uenf, Luis Passoni; Carlos Eduardo Rezende, representante da Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf); e Gilberto Gomes, representando os alunos. E ainda os vereadores campistas Gil Vianna, Jorge Magal, Auxiliadora Freitas, Dona Penha, Fred Machado, Rafael Diniz, Marcus Welber, Paulo Hirano e Paulo César Genásio.

Passoni expôs a situação da Uenf. “Estamos numa situação que é caracterizada como a maior crise que a Uenf já passou em sua história, com uma dívida que chega a R$ 12 milhões, a ponto de não conseguirmos pagar fornecedores desde o ano passado, em débito com o fornecimento de água, luz, telefone e outros serviços essenciais, que estamos negociando para conseguir manter alguns deles. Precisamos imediatamente de repasses orçamentários regulares e deposito aqui as nossas esperanças de que, juntos, nossa voz seja ouvida e consigamos chegar a uma solução.

Gilberto Gomes falou em nome dos estudantes. “Nós já temos relatos de cursos com evasão de até 50% de seus alunos, que não conseguem mais seguir na universidade. A maioria dos cursos da Uenf é com carga horária integral, portanto, o estudante não pode trabalhar e necessita de bolsas de estudo”, frisou.

Carlos Eduardo explicou a situação dos professores. “A Uenf nasceu há 20 anos do sonho de Brizola e Darcy Ribeiro de fazer um centro de ensino avançado. Hoje ela é a melhor universidade do Rio. Agradeço à Câmara por entender a importância dessa instituição para a região e nos apoiar neste momento difícil. Com a Uenf em crise, todas as nossas ações estão paradas”, afirmou.

Bruno Dauaire levantou uma forma de apoio à universidade e criticou a política de isenções do Governo do Estado. “O que queremos é manter o direito constitucional da Uenf de receber seus repasses em dia. Um apoio que pode ser dado é através de um fundo criado na Alerj, que já socorreu as universidades como a Uerj e a Uezo”, lembrou o deputado.

O deputado Geraldo Pudim, primeiro secretário da Alerj, reforçou o apoio do Parlamento fluminense. Pudim confirmou a intenção do presidente da Alerj, Jorge Picciani, em aportar recursos para a Uenf através deste fundo que existe na Assembleia Legislativa.

Vereadores na luta pela universidade

O vereador Rafael Diniz (PPS) disse que a audiência foi uma “excelente oportunidade para reafirmarmos nosso compromisso em defesa da Uenf e colocarmos nosso mandato, assim como faço desde o início, à disposição dos professores, funcionários e, especialmente, dos alunos”.

Já Kódia, de Conceição de Macabu, afirmou: “A Uenf é o grande espaço de crescimento do saber para o desenvolvimento da região. Recebi quatro alunos de minha cidade que relataram suas dificuldades na universidade e hoje me coloco à disposição para também lutar por esta causa”, enquanto Aluizio Siqueira, presidente do Legislativo de São João da Barra, completou: “Essa solução pelo fundo da Alerj é importante, mas são soluções momentâneas. Precisamos de soluções duradouras para que a universidade possa ser gerida sem essa instabilidade”, ponderou Aluizio, que mencionou o Complexo Portuário do Açu, “que certamente necessita da capacitação e do saber produzido na universidade”.

Paulo César Fernandes, coordenador da Delegacia Sindical do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades (Sintuperj) da Uenf, falou em nome de seus colegas. “A importância do corpo técnico administrativo é muito grande. O servidor tem pagado, e muito caro, pela crise que o Estado vem passando. Hoje muito se fala sobre professores e estudantes, como se a universidade pudesse seguir sem seu corpo técnico”.

Greve e ocupação também na pauta

A situação das escolas públicas estaduais também foi tema de audiência publica nessa segunda-feira, no Legislativo. A iniciativa foi do vereador Jorge Magal, que destacou a crise atual. “A situação das escolas estaduais é preocupante. Além da greve, que já dura dois meses, há escolas que estão sendo ocupadas por dezenas de alunos, que estão sendo prejudicados com seus estudos num ano letivo que começou em março, mas até agora não conseguem estudar”, afirmou. Da audiência, foi retirado um documento que será encaminhado à Alerj.

Representante do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Graciete Nunes elencou diversas necessidades da categoria, como maior segurança nas unidades escolares. “A audiência foi importante para marcarmos posição e fazermos, mais uma vez, nossa voz ser ouvida. A pauta de reivindicações é ampla”, disse a professora.

Os profissionais de educação estão em greve desde o último dia 2 de março. Uma assembleia está marcada para a próxima quinta-feira.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS