Escola João Barcelos Martins, em Campos-RJ, OCUPADA! São 26 no Estado todo! "E se reclamarem, vamos ocupar mais!" #OcupaTudo!
Tostes 11/04/2016 16:53
[Por Thaís Tostes, para a Mídia Ninja] Com as unidades de ensino que foram ocupadas nesta segunda-feira (11), já somam 26 escolas ocupadas por estudantes em todo o Estado do Rio de Janeiro. Os alunos exigem melhorias no setor e disseram que não recuarão nessa luta! 12512399_1585709918423022_4566844088835006353_n A Educação do Estado do Rio de Janeiro vive, há tempos, um colapso. São protestos atrás de protestos, negociações, paralisações: tudo para tentar uma melhoria no setor, que está nitidamente mega-sucateado. E essa história toda ganhou outro capítulo: a educação fluminense entrou, mais uma vez, em período de greve. Esta greve teve início no início de março e completa, hoje (11), 40 dias. No último dia 5, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), após quase três horas de tentativas de negociações, terminou sem acordo a reunião entre o Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe) e o secretário de Estado de Educação, Antonio Vieira Neto, sobre as reivindicações da categoria. Professores e demais funcionários de escolas estaduais são contra os ajustes fiscais promovidos pelo então governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, e têm uma lista imensa de reivindicações. Os estudantes da rede pública de ensino do Estado resolveram entrar na fita e tomaram as escolas, ocupando 26 unidades de ensino (até a tarde desta segunda-feira, 11) em diferentes cidades do Estado. Eles apoiam a greve dos profissionais de Educação e deixaram claro que não darão nem um passo atrás na luta pela mudança completa desse cenário caótico que está a educação no Estado do Rio. “Nós vamos virar a educação fluminense do avesso! E se reclamarem, vamos ocupar mais!”, eles dão o recado. bd O secretário de Estado de Educação chegou a afirmar que as ocupações das escolas “fugiram ao controle da Secretaria”. “Não há mais o que fazer. Não sabemos, sequer, com quem negociar”. Os estudantes, no entanto, sentaram com ele e expuseram o que querem. Dentre as mais de 50 reivindicações, estão: ventilação e refrigeração nas salas de aula, melhor infraestrutura por completo, merenda, livre acesso a ônibus municipais e intermunicipais (inclusive nos finais de semana), mais funcionários (porteiros, profissionais específicos da área pedagógica, dentre outros), eleição direta para professores, exoneração de profissionais considerados autoritários, criação de disciplinas eletivas, fim do currículo mínimo, transparência nos recursos gastos, fim do Sistema de Avaliação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj) e mais aulas de sociologia e filosofia. [caption id="attachment_492" align="aligncenter" width="480"]#OcupaBangu, em Bangu, no Rio #OcupaBangu, em Bangu, no Rio[/caption] [caption id="attachment_493" align="aligncenter" width="496"]Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, na capital Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, na capital[/caption] [caption id="attachment_494" align="alignnone" width="768"]#OcupaGlória, em Volta Redonda-RJ #OcupaGlória, em Volta Redonda-RJ[/caption] A Secretaria afirmou que, apenas quando os estudantes cessarem o movimento de ocupação das escolas e “liberarem” as unidades, o órgão tomará as seguintes medidas: em relação à reivindicação de melhor infraestrutura das escolas, “será encaminhada uma equipe para as correções que se fizerem necessárias”; “tão logo as aulas sejam retomadas, o secretário fará uma visita às unidades”; e que “os casos específicos de cada unidade escolar serão analisados após a desocupação”. [caption id="attachment_495" align="alignnone" width="692"]#OcupaCompositor, em Manguinhos, na capital #OcupaCompositor, em Manguinhos, na capital[/caption] [caption id="attachment_496" align="alignnone" width="960"]Nas ocupações, os estudantes limpam e organizam os espaços, cozinham e promovem atividades como debates e intervenções culturais. Na foto, os estudantes da Faetec Bacaxá, em Saquarema-RJ (Foto: Leonardo Cohen, em sistema colaborativo para a Mídia Ninja) Nas ocupações, os estudantes limpam e organizam os espaços, cozinham e promovem atividades como debates e intervenções culturais. Na foto, os estudantes da Faetec Bacaxá, em Saquarema-RJ (Foto: Leonardo Cohen, em sistema colaborativo para a Mídia Ninja)[/caption] Estão ocupadas as escolas: Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, Rio; Gomes Freire de Andrade, na Penha, Rio; Heitor Lira, também na Penha, Rio; Visconde de Cairu, no Méier, Rio; Euclydes Paulo da Silva, em Maricá-RJ; Dr. João Nery, em Mendes-RJ; Matias Neto, em Macaé-RJ; Clóvis Monteiro, no Jacaré, na capital; Irineu Marinho, em Duque de Caxias, no Rio; Stuart Edgar Angel Jones, no bairro Senador Camara; Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho – Iepic, em Iguaba Grande-RJ, Região dos Lagos; Doutor Francisco de Paula Paranhos, em Niterói-RJ; Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, também na capital; Escola Chico Anysio, no Andaraí, Rio; Ciep 295 Professora Glória Roussim, em Volta Redonda-RJ; Escola Técnica Estadual Helber Vignoli Muniz (Faetec Bacaxá), em Saquarema-RJ; Colégio Estadual Guanabara, em Volta Redonda-RJ; e Ciep 460 Thiophyla Bragança, em Araruama-RJ. Na manhã desta segunda-feira (11), foram ocupadas as escolas: Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins, em Campos dos Goytacazes-RJ, no Norte do Estado; o Colégio Estadual Bangu, em Bangu, Zona Oeste do Rio; o Ciep 403 Professora Maria Lurdes Giovanette, em Volta Redonda; o Ciep 335 Professor Joaquim de Freitas, em Queimados; a Faetec Juscelino Kubitschek, no Jardim América, Zona Norte do Rio; o Colégio estadual Professor Alfredo Balthazar da Silva, em Magé-RJ; o Colégio Estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido, no Rio; e o Colégio Estadual Hispano Brasileiro, no Méier, na capital. Assim, são 26 escolas ocupadas, até a tarde desta segunda-feira, em todo o Estado.         [caption id="attachment_497" align="alignnone" width="1280"]Escola Técnica João Barcelos Martins, de Campos-RJ, ocupada na manhã desta segunda-feira. São 26 escolas ocupadas em todo o Estado do Rio de Janeiro Escola Técnica João Barcelos Martins, de Campos-RJ, ocupada na manhã desta segunda-feira. São 26 escolas ocupadas em todo o Estado do Rio de Janeiro[/caption] [caption id="attachment_500" align="aligncenter" width="504"]Instalações da Escola Visconde de Cairu, no Méier, que está ocupada por estudantes Instalações da Escola Visconde de Cairu, no Méier, que está ocupada por estudantes[/caption] [caption id="attachment_498" align="alignnone" width="720"]#OcupaClovis, no Jacaré, capital do Rio #OcupaClovis, no Jacaré, capital do Rio[/caption]
"É um movimento muito inspirador. Pra nós, que acreditamos na arte como forma de militância, é uma honra podermos chegar junto e contribuir, de alguma forma, pra essa mobilização. Todo apoio à luta unificada dos estudantes e professores da rede pública!" - disse o grupo musical El Efecto, da capital do Rio, que se apresentou na última sexta-feira, ao lado dos grupos Música na Calçada e Magoo Punx, na #OcupaMendes, ocupação do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes.
[caption id="attachment_499" align="alignnone" width="960"]El Efecto, Magoo Punx e Música na Calçada, na #OcupaMendes, na última sexta-feira (8). El Efecto, Magoo Punx e Música na Calçada, na #OcupaMendes, na última sexta-feira (8).[/caption] 12938072_1528717767434712_3458428831317601933_n Na última semana, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro invadiu o Colégio Chico Anysio para impedir que os estudantes ocupassem essa unidade de ensino. A Polícia passou por cima do posicionamento do governador do Estado em exercício, Francisco Dornelles, que disse que: nesses 30 dias em que ele estiver como governador, “polícia não entra em escola”. O comandante do 6o Batalhão de Polícia Militar (Tijuca), Marcos Vinícius Mello, disse que a Polícia foi chamada pela própria direção da escola. Em entrevista ao Ninja, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) classificou a ocupação dos estudantes como “invasão” e afirmou que a Polícia foi chamada à Chico Anysio por “vizinhos da escola”. Os estudantes da ocupação da Chico afirmaram que a Polícia Militar e integrantes da Seeduc pressionaram para que os alunos deixassem a escola e que a Seeduc chegou a ligar para pais de estudantes dizendo que o Conselho Tutelar seria chamado e que os pais poderiam responder a processo judicial caso os estudantes continuassem ocupando a Chico Anysio. [caption id="attachment_502" align="alignnone" width="960"]#OcupaBacaxá, em Saquarema-RJ (Foto: Leonardo Cohen) #OcupaBacaxá, em Saquarema-RJ (Foto: Leonardo Cohen)[/caption] [caption id="attachment_503" align="alignnone" width="960"]Confecção de faixas e cartazes, para a #OcupaBacaxá, em Saquarema-RJ Confecção de faixas e cartazes, para a #OcupaBacaxá, em Saquarema-RJ[/caption] [caption id="attachment_504" align="alignnone" width="768"]#OcupaGomes, na escola Gomes Freire de Andrade, na Penha, capital do Rio #OcupaGomes, na escola Gomes Freire de Andrade, na Penha, capital do Rio[/caption] O secretário de Educação chegou a afirmar que haveriam organizações por trás das articulações dos estudantes. No entanto, o coordenador geral da representação estadual do Sepe, Marcelo Santana, disse que, afirmando que há grupos coordenando a ação dos estudantes, o secretário tem o objetivo de tirar o foco do sucateamento das escolas. “O movimento estudantil é livre e feito pelos próprios estudantes. Eles não estão sendo orientados por ninguém. Acho que o secretário está subestimando a capacidade de articulação dos estudantes”, comentou Marcelo, afirmando, ainda, que a adesão à greve dos professores chega a 70% em Campos-RJ, Porciúncula-RJ e Natividade-RJ. [caption id="attachment_505" align="aligncenter" width="574"]#OcupaCeca - Colégio Estadual Chico Anysio, na Tijuca #OcupaCeca - Colégio Estadual Chico Anysio, na Tijuca[/caption] [caption id="attachment_506" align="aligncenter" width="576"]Instalações da Escola Visconde de Cairu, no Méier, que está ocupada por estuda Instalações da Escola Visconde de Cairu, no Méier, que está ocupada por estudantes[/caption] [caption id="attachment_507" align="aligncenter" width="672"]#OcupaGomes, na escola Gomes Freire de Andrade, na Penha, capital do Rio #OcupaGomes, na escola Gomes Freire de Andrade, na Penha, capital do Rio[/caption] [caption id="attachment_508" align="alignleft" width="404"]#OcupaMatiasNeto, em Macaé-RJ #OcupaMatiasNeto, em Macaé-RJ[/caption] "Me lembro de professores que, vergonhosamente, agrediram colegas de trabalho, pularam muro para furar a greve; de relatos de ofensas raciais e de gênero. Há má gestão da escola, que determina, por exemplo, que numa sala pequena possa ter dois aparelhos de ar condicionado e, em outra maior, nem ventilador. São salas cheias de livros não distribuídos! Trabalhadores da redondeza estão dando dando apoio à Matias Neto; o Sindicato dos Petroleiros apoiou, divulgando no site e no jornal da categoria. A galera do hip hop e graffiti também chegou junto. Já rolou batalha de MC, exposição de filmes e outras ações. Seria legal um apoio maior para que os alunos não sofram ataques por parte do Estado, por meio de seus agentes, ou gestores", comentou, em entrevista ao Ninja, um trabalhador que apóia a ocupação do Colégio Matias Neto, em Macaé-RJ. [caption id="attachment_509" align="alignnone" width="672"]#OcupaMatiasNeto, em Macaé-RJ #OcupaMatiasNeto, em Macaé-RJ[/caption]          

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