Gol da Alemanha...
Mariana Luiza 22/01/2017 01:21 - Atualizado em 19/05/2020 15:45
Um forte esquema de segurança foi montado na capital, a sede do jogo. Colocaram um muro, no meio do descampado, separando as duas torcidas. De cada um dos lados, ergueram um segundo muro criando um fosso onde colocariam crocodilos ou policiais. De modo a evitar possíveis confrontos, a torcida perdedora deveria deixar o descampado 15 minutos antes do apito final. Vuvuzelas, vaias, aplausos, bandeiras do Brasil e bandeiras vermelhas. Atentos aos noticiários das redes sociais, televisão e radinho, os brasileiros estavam tomados pela verdadeira comoção nacional que os une: o futebol!
Deley, Danrlei, Evandro. Os atletas compareceram em peso com apenas dois desfalques. Uma raridade para jogadores constantemente contundidos em dias de jogos "sem importância".  Antes do início da partida, uma grande maioria cantou o hino nacional abraçados e confiantes na vitória.
E às 14:16 deu-se início a partida. A casa estava lotada e o placar seguia sem muitas surpresas. Cada gol, uma homenagem. Houve aqueles, que como Bebeto (atualmente deputado estadual), embalaram os filhos, as esposas, mães e netinhos, dedicando a eles o gol da vitória. Houve também as habituais comemorações com o dedo em riste apontado para céu em homenagem ao criador, como se ele tivesse culpa do voto proferido. Mas o que chamou a atenção do público foram as comemorações originais. Teve jogador dedicando o gol às vítimas da BR 251, ao povo com nome no SPC, aos maçons e aos corretores de seguro. Teve jogador dedicando gol aos militares de 64, a Israel, a Jerusalém e até torturador. Uma vergonha para o futebol mundial. Mas confesso, que mesmo não entendendo bulhufas do esquema tático da partida, senti uma falta tremenda de Robinho, e suas pedaladas. Nesse jogo de interesses individuais, quase ninguém se lembrou do verdadeiro motivo daquele jogo, e o crime de responsabilidade foi raramente citado na justificativa da comemoração. No dia seguinte, em frente às manchetes estampadas nas bancas de jornal, torcedores comentavam a vergonha das homenagens. E lembravam uns aos outros de como não se faz mais jogadores como antigamente. Hoje em dia, são poucos os que suam a camisa pelo time. A maioria quer é ganhar dinheiro no exterior. Panamá, Suíça e outros paraísos. O juiz, que é usualmente reconhecido como ladrão, pelo menos pela torcida perdedora, desta vez teve unanimidade. O bordão "Juiz ladrão, cadeia é solução" ecoava pelas ruas, twitters e Facebook. Enquanto nós, torcedores divididos pela nossa própria ignorância futebolística, nos deixamos levar por análises de comentaristas esportivos que defendem os interesses de suas classes. Mas isso é outro assunto. Isso é política e nós só discutimos futebol!  

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