Armond: Eu sou Contra o Impeachment
Nino Bellieny 29/04/2016 10:16
============================================================================================================================================================================================= O BNB procura oferecer ao leitor  a oportunidade de ler várias correntes de pensamento e opinião, trazida por autores diversos, não se prendendo à nenhuma delas, exceto quando expressa as próprias visões. Hoje, o convidado é o advogado e ex-secretário municipal de Planejamento do Governo Fernando Paulada em Itaperuna. Armond é contra o impedimento da ainda presidente Dilma e explica o porque: O DESCAMINHO POLÍTICO DO BRASIL Por Tiago Armond Nós vivemos em um mundo complexo e plural onde a vida e os fatos podem ser vistos como em um caleidoscópio, de múltiplos pontos de observação. Na frase feliz da escritora Anais Nin, nós não vemos as coisas como elas são, nós as vemos como nós somos”. Vivemos tempos difíceis, dias sombrios. É impossível esconder a sensação de que há espaços na vida brasileira em que o mal venceu. Digo isso sob todos os pontos de vista que escolhermos. O que dizer de Eduardo Cunha? Jair Bolsonaro, invocando um torturador e o golpe de 64, em plena democracia? O que dizer do PT que frustrou a sociedade se imiscuindo na lama da corrupção? Sei que vou desagradar muitas pessoas, por isso, iniciei esse pensamento, porque hoje temos vivido tempos de intolerância, onde a negativa do outro tem sido um déficit civilizatório, “quem pensa diferente de mim só pode estar mal-intencionado ou ser corrupto”, ou coisas desse tipo. E quero dizer que respeito as opiniões contrárias à minha, mas também dizer que tenho as minhas e delas não abro mão para realizar um debate dialético. Não quero amenizar nem jogar para debaixo do tapete os erros políticos que a Presidente Dilma Rousseff cometeu ao longo desse segundo mandato. O governo abusou do direito de errar, cometeu os erros políticos mais comezinhos, dilacerando completamente a sua base de apoio congressual, mas me pergunto, seriam esses erros, motivos constitucionais para o afastamento da nossa mandatária maior? A resposta só pode ser não, pois a constituição não prevê o impedimento nessas hipóteses. Afinado por esse diapasão, quanto ao processo de impeachment movido por Eduardo Cunha, em meu ponto de vista acho que não há fundamento para tanto, nem mesmo crime de responsabilidade. E não sou o único. Nunca é demais lembrar que para a fundamentação do impedimento, é necessária a assertiva indelével de que haja o cometimento do crime de responsabilidade pela Presidente da República, mas o que vimos no show de horrores daquele domingo 17 de abril? Uma ópera bufa, onde entre Deus, a família e o mundo, tudo foi justificado para derrubar a presidente da República, tudo, menos o tal crime de responsabilidade. Um desastre completo que desnudou para toda sociedade menos apaixonada a tônica de um processo de destituição da Presidente da República em total descompasso com a constituição federal. A tragédia foi tamanha que houve um revertério depois da difusão dos votos. Há um mês, a imprensa internacional fazia editoriais a favor do impeachment. O clima mudou, hoje os jornais internacionais estão dando editoriais e artigos dizendo do espetáculo, do paroquialismo, do lado localista e da falta de perspectiva nacional dos deputados votando um impeachment sem saber por que. Impressionou-me bastante a expressão do brasilianista português Miguel de Souza Tavares, que acompanha a vida política do Brasil desde os tempos de Tancredo Neves, dizendo que nunca viu o país descer tão baixo, e que a sessão do impeachment “foi uma assembleia geral de bandidos”. Isso não impede de reconhecer que o impeachment seja um fato consumado, tenho escassa esperança de que o Senado, julgando o mérito do pedido de impedimento, aceite o óbvio: por nenhuma evidência a presidente Dilma Rousseff, jamais violou ou tentou violar as instituições representativas democráticas. Tampouco acredito no discernimento do Supremo. Em matéria de extenso conflito social, a coragem dos ministros se escafedem. Dirão todos, ou a maioria esmagadora deles que o rito foi respeitado e não lhes cabe apreciar o mérito da decisão congressual. “Deixai toda esperança, ó vós que entrais!” A célebre frase de Dante Alighieri escrita no pórtico do inferno de sua divina comédia, que hoje deveria estar no portal do congresso brasileiro, a toda clarividência, traduz especialmente esse momento da nossa combalida república, tão acostumada aos golpes, traições e ao baixo nível da nossa classe política, que sob os aplausos e vaias de uma sociedade dividida, levou o país ao descaminho, ameaçando com isso a nossa frágil democracia.   11692574_877660625648122_5304644544893838834_n Tiago Armond  

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