Mãos que Seguram Armas são as Mesmas que Trazem Paz
Nino Bellieny 28/04/2016 04:39
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________O tenente PM Fabio foi apoiar a Guarnição do Setor Bravo2 e em uma ocorrência no Loteamento João Bedim, local em que uma mulher com uma criança do lado de fora de uma casa pedia ajuda à polícia. Ele já chegou conversando, enquanto os outros policiais entraram, sob permissão da dona da residência, para averiguar o que estava acontecendo. Depois a mulher saiu de perto deles e falou com a criança para que ela ficasse ali fora, que, voltaria rápido, mas, a deixou sozinha e aflita. Este caso vai fazer um mês amanhã , sexta-feira, 29 de abril. E depois, outros meses, anos muitos, até nem ser mais lembrado o nome do oficial a caminhar carinhosamente com uma criança para fora de uma cena de conflito, preservando o menor, provavelmente, de mais um momento de violência em sua ainda curta vida. O nome do bairro, o nome da rua, tudo isso será esquecido na voragem das máquinas processadoras de notícias, famintas por novidades estrambóticas, fulanizadas, sanguinolentas e espetaculares durante 3 minutos até acontecer a próxima, porém, imagens assim como a da ternura usada como munição e não projéteis cuspidos por canos raiados mensageiros da morte , se eternizam, se desgarram dos fatos e perenizam o gesto. A compaixão e a preocupação com o indefeso menino gritam na foto. Não tem o mesmo poder hipnótico de uma cabeça decapitada gotejando sangue em uma rua cercada de curiosos sádicos-masoquistas ou de um automóvel amassado como uma lata de cerveja, depois de uma batida frontal com uma árvore. Não causa impacto como um tiroteio de bandidos contra agentes da lei, mas, tem  valor acima  de qualquer uma das alternativas comparadas. A mão do tenente PM Fábio é a mão da lei que funciona e ampara. Sabe portar e apertar o gatilho de uma pistola ou fuzil, sabe colocar algemas quando se fazem necessárias, todavia, ali naquele instante, foi a mão de um pai, de um irmão mais velho, a mão que puxa para o lado certo da rua e as ruas nem sempre têm lados claramente certos.
soldier boy Ft-Arquivo 29º BPM
No mural das notícias espetaculosas, essa foto é dispar, é rara, é para se aplaudir e por na parede. Enquanto os colegas resolviam a situação imediata da mulher que pedia socorro, Fábio sabia, aquele menino não podia ficar desamparado. Governos deixam menores, mulheres, homens, idosos e doentes largados à própria desdita, mas, policiais como o tenente não são o Governo, apenas seguem os ritos das leis de cima para baixo e nem por isso deixam de serem humanos cobertos por uma frágil farda, alvo ambulante nas ruas, por um ideal de servir e proteger, mesmo com salários atrasados, benefícios suspendidos e tantos preconceitos ainda existentes por serem simplesmente os caras que tem que resolver situações inesperadas em frações de segundo, sem perder a calma, a frieza, a objetividade e a perícia diante do imponderável. E não há colete novo ou, pior ainda, fora do prazo de validade que, proteja um policial do imprevisível. A foto feita por um colega atento, mostra o espírito de combate dos Falcões Azuis do 29º BMP de Itaperuna, atualmente comandados pelo tenente coronel Carlos. Prontos para o confronto inflamado como para o conforto apaziguador de um menino assustado em seus aparentes 3 anos de idade, dono de um longo e belo futuro, isso se outras mãos nada pacificadoras o puxarem para o lado errado da rua. A parte que lhe cabia neste latifúndio de desesperança e perplexidade infantil, sentimentos que marcam por toda a vida, naquele dia teve um anjo azul de plantão. Não são muitos como a sociedade precisa e os governos evitam de pagar o merecido, mas, valem por uma Legião.
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