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Para você que se espanta com o número de lojas fechadas em sua cidade, como em Itaperuna e em Campos dos Goytacazes, as duas maiores de suas respectivas regiões, Noroeste e Norte Fluminense, um artigo e muitas fotos, mostram como o mesmo está acontecendo em um dos bairros mais charmosos, famosos e influentes do Rio:
Hoje fui à Ipanema para buscar uns documentos. Enquanto não ficavam prontos, zanzei pela Visconde de Pirajá fazendo hora. Ao circular pela galeria Ipanema 2000,
Por mero passatempo, resolvi registrar em imagens com a (péssima) câmera do celular. Saí da galeria, vi outras lojas de rua na mesma situação e fui clicando até chegar na Maria Quitéria. Entrei em mais galerias e o cenário de desolação permanecia. Lojas com avisos dizendo que encerravam as atividades depois de não sei quantos anos, agradecimentos aos clientes, contas de luz lacradas espalhadas pelo chão, informações sobre outras unidades que ainda estavam abertas.
As fachadas dos espaços recentemente fechados revelam uma grande variedade de empreendimentos. Na gastronomia, por exemplo, vi um fast-food de comida italiana e o restaurante do chef peruano que tem até estrela Michelin na cozinha que comanda no Taypá, referência de boa mesa em Brasília. Na moda, várias franquias conhecidas, antes campeãs de vendas. Além deles, um pouco de tudo: salão de beleza, curso de idiomas, agência de viagem, armarinho, clínica de dermatologia e até o buraco com bugigangas eletrônicas onde eu comprava carregadores de celular. Prováveis candidatas a engrossar as hostes fantasmagóricas, algumas lojas ainda em operação anunciam queimas de estoque e descontos enormes. Uma casa de locação de trajes de gala, cafona em estilo e em marketing, dava o recado: "compre um vestido pelo preço de um aluguel".
Na esquina da Garcia D'Avila com a Visconde, em frente ao Bob's, um espetáculo adequado ao momento do bairro era encenado por um artista de rua. O tipo, um magricelo fantasiado de Amy Winehouse, com peruca preta e roupa vermelha, se contorcia em caretas infernais e rebolados maníacos, ao som de Valerie e Rehab, repetidas ad infinitum e aos berros na caixa de som.
Texto& Fotos- Eduardo Alqueres