Teori ordena investigação das planilhas de doações da Odebrecht
Alexandre Bastos 23/04/2016 11:43
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O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de procedimento para uma apuração preliminar sobre planilhas apreendidas na Operação Lava Jato que mostram doações feitas pelo grupo Odebrecht a cerca de 300 políticos com e sem foro privilegiado de diversos partidos. O clã Garotinho faz parte da lista, com doações para a prefeita Rosinha, o ex-governador Anthony Garotinho e a deputada Clarissa. Da região, também estão na lista o prefeito de Macaé, Dr. Aluízio (PMDB) e Sabino, de Rio das Ostras (aqui).

Agora, o material será analisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que decidirá se pede ou não a abertura de inquéritos sobre políticos mencionados na lista.

Os documentos foram apreendidos na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso na 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé. O principal alvo dessa fase foi o marqueteiro João Santana, que trabalhou para o PT, e a mulher dele e sócia, Mônica Moura.

O ministro seguiu parecer de Rodrigo Janot, que entendeu que não houve investigação de pessoas com foro privilegiado nas duas fases da operação. Para o procurador-geral, as planilhas foram encontradas de modo "fortuito".

Janot chamou as planilhas de "Lista Noboa" e afirmou que mostraram "pagamento de vultuosos valores a diversos políticos". Na avaliação do chefe do Ministério Público, a lista está desconectada das investigações das duas fases da Lava Jato.

Fonte: G1

Atualização às 16h25: 

Mas será o Benedito? - Benedicto Barbosa da Silva Júnior, presidente da Odebrecht preso na 23ª fase  da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, que guardava as planilhas em sua casa, assinou com a prefeita Rosinha Garotinho o contrato da primeira etapa do programa “Morar Feliz”, em 1º de outubro de 2009, para a construção de 5,1 mil casas, no valor total de R$ 357,4 milhões — numa licitação cujo resultado favorável a Odebrecht foi antecipado (aqui) pela coluna “Ponto final”, da Folha da Manhã, em quase quatro meses. Saiba mais: aqui 

R$ 1 milhão da Odebrecht e “laranjas” - No caso de Garotinho (aqui), não consta nos registros do TSE nenhuma doação feita pela Odebrecht em 2010, quando disputou o governo estadual. Mas uma planilha apreendida na casa de Benedicto revelou uma doação de R$ 1 milhão da empreiteira ao político no dia 1º de setembro de 2010. Por coincidência, no mesmo dia, o TSE registrou duas doações com mesmo valor conjunto (R$ 1 milhão) ao diretório estadual do PR presidido por Garotinho: a Leyroz entrou com R$ 800 mil, cabendo R$ 200 mil a Praiamar. As duas empresas atuam na distribuição de bebidas e vem sendo apontadas na mídia nacional (aqui) como “laranjas” para os repasses da Odebrecht a políticos.

"Veja" fala em "bônus" de R$ 1 milhão - Nos casos de Rosinha (aqui) e Clarissa (aqui), não há em 2012 nenhuma doação direta da Odebrecht às duas, só ao PR e ao DEM, mas com valores diferentes. A revista “Veja” classificou os repasses como “bônus” e afirmou (aqui) que Rosinha recebeu R$ 1 milhão. Como o valor na planilha é registrado em 1.000, baseado na mesma aritmética, Clarissa, que aparece com 500, teria recebido R$ 500 mil.

"Tudo isso era propina" - A ex-secretária da Odebrecht, Conceição Andrade, afirmou, em entrevista ao Fantástico, que o pagamento de propina é uma prática antiga na empresa. Ela afirma que trabalhou no departamento financeiro da empresa por 11 anos e que guardou uma lista de 500 nomes de políticos e empresários, que recebiam propina desde a década de 80. Sobre os pagamentos aos políticos, ela afirmou: “Tudo isso era propina. Tudo que tem dentro, toda essa relação que existe nessa lista foi pagamento de propina, de caixa dois”, disse.

Informações negadas - Na Câmara de Campos, a oposição tentou buscar informações sobre o contrato da Odebrecht em Campos, mas o requerimento foi atropelado pelo "rolo compressor" da prefeita Rosinha (aqui).

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