As últimas 48 horas em Brasília têm sido marcadas pelo esforço de governistas e oposicionistas pela conquista de deputados indecisos sobre o afastamento da presidente. Além dos que estão em cima do muro, os já decididos também são alvo – pelo menos 15 parlamentares teriam mudado de ideia às vésperas da votação.
O nível a que chega a disputa por apoio na reta final da discussão sobre admissibilidade do processo na Câmara é ilustrado por uma polêmica envolvendo uma deputada grávida de 35 semanas, que afirma ter recebido ordens médicas para não se deslocar de avião até o Congresso.
Para Alberto Fraga (DEM), deputado mais votado do Distrito Federal, Clarissa Garotinho (PR-RJ) deveria seguir o exemplo da travessia feita por Maria, mãe de Jesus, e viajar a Brasília para participar da votação sobre o impeachment. "Alguém avise pra Clarissa Garotinho que Maria viajou de Nazaré pra Belém de jumento, pra cumprir sua missão, e pariu Jesus, forte e com saúde", argumentou Fraga pelo Twitter.
A deputada passou mal durante a votação da Comissão Especial do Impeachment. Para setores da oposição, ela, filha do ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ) – ex-aliado que se tornou inimigo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), – teria pedido licença médica para se abster, o que favoreceria a presidente Dilma Rousseff.
Questionado sobre as ordens médicas mencionadas por Clarissa Garotinho, Fraga responde: "O médico só pode ser petista. Não tem problema nenhum vir aqui e votar".
O parlamentar prossegue: "Não vai ter tumulto. Grávidas têm sempre prioridade".
Fonte: BBC Brasil
"Chorei quando vi que não poderia votar pelo impedimento" - O blog "Na Curva do Rio", da jornalista Suzy Monteiro replicou matéria da Época com a primeira declaração de Clarissa após a licença. “Eu chorei quando eu vi que não poderia votar pelo impedimento de Dilma. Estou grávida. Não posso pôr meu filho em risco”, afirma a deputada (aqui).