O dia seguinte...
Arnaldo Neto 18/04/2016 10:39
[caption id="attachment_6477" align="aligncenter" width="1000"]Lula e Dilma O fim do governo Dilma ou do lulopetismo?[/caption] De sexta (15) às 8h55 até domingo (17) às 23h50. Esse foi o período de intensas discussões na Câmara Federal sobre a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale e Janaína Paschoal. A sessão na qual a Câmara aprovou o parecer pela continuidade (aqui) foi “cômica, se não fosse trágica”, um festival dos horrores, que mostrou o quão baixo está o nível da política brasileira, salvo raríssimas exceções. Contudo, gostem ou não, o processo está aberto e Dilma será investigada pelo Senado. O silêncio da presidente até a manhã desta segunda-feira (18) é um evidente sinal: ela não sabe o que fazer, está perdida. O governo acabou, é página virada. Não há condições de Dilma governar se ela não tem ao seu lado, sequer, 1/3 dos parlamentares. Não tem pacto de governabilidade capaz de reverter tal situação, ainda mais com a pressão das ruas pelo fim do governo. Entretanto, não há dúvida que ela vai “lutar até o fim”. Não está em jogo apenas o futuro da nação. É a manutenção do projeto do PT, do “lulopetismo” – algo que para quem é petista, vai muito além da realidade, dos fatos. Mas se o governo acabou, a força de coalisão do PT foi junto com ele. O partido se esfacelou. Lula, ex-presidente e a quem é creditado os dois mandatos de Dilma, não conseguiu o apoio de 170 parlamentares, já que dois faltaram – Clarissa Garotinho (PR) e Aníbal Gomes (PMDB) – e passaram a ser votos favoráveis. Isso sem contar que a bancada petista tem 68 parlamentares e o governo, 31 ministérios para “negociar”. Nem assim Lula conseguiu e agora corre contra o tempo para reverter uma situação que parece perdida no Senado. O grande erro, talvez, foi tentar se igualar ao PMDB de Michel Temer na questão de negociações. O PT pode ter melhor desempenho que o PMDB em qualquer área, menos quando se trata de negociações. Eles são experts. Não é à toa que são aliados do poder desde a redemocratização do país e chegaram à presidência por duas vezes: com Tancredo Neves (em uma eleição indireta no ano de 1985) e após o impeachment de Fernando Color de Mello, com Itamar Franco em 1992. Como Tancredo morreu antes de tomar posse em 85, foi José Sarney (recém chegado ao PMDB) quem assumiu. A terceira vez do partido na presidência da República, novamente após um impeachment, parece questão de tempo. Na Câmara, de “pelo fim da vagabundização” até “para as crianças não trocarem de sexo nas escolas”, sem deixar de mandar os recados para “meu pai, minha mãe e para você”, não faltaram bizarrices nas justificativas de voto. Teve um parlamentar que após proferir seu posicionamento, voltou ao microfone para saudar o filho, já que havia esquecido de citar anteriormente. A “chuva de papel picado” durante a fala de Paulinho da Força (SD), que ainda cantou na tribuna ao direcionar o voto do partido. O embate entre Jair Bolsonaro (PSC) e Jean Wyllys (Psol) – um da extrema direita, com atitudes que chegam a dar nojo; outro da esquerda e turma do “mimimi” que enoja da mesma forma – com direito a ofensas pessoais e cusparadas. A expectativa pelo voto do palhaço Tiririca (PR), que fez mistério do seu posicionamento durante toda discussão, mas não conseguiu esconder que ria daquela sessão como se estivesse em um circo ao votar pela admissibilidade. São momentos inesquecíveis. Ainda tem mais: Eduardo Cunha (PMDB) presidindo a sessão. Foram insultos de toda parte, tanto de partidos de oposição, como os da base governista. Dilma, ao que tudo indica, vai cair. Por outro lado, não há condições de Cunha permanecer na Casa, tampouco na cadeira de presidente. As palavras que soaram como hipócritas por terem saído da boca dele antes de proclamar o seu voto, não deixam de fazer sentido no atual cenário: “Que Deus tenha piedade da nação brasileira”.

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