Prefeita da mudança na lista da Odebrecht
Alexandre Bastos 27/03/2016 15:36

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Em 2008, durante uma campanha estrategicamente perfeita, a candidata Rosinha escondeu Garotinho e se apresentou como “a prefeita da mudança”. Nos palanques, prometia “deixar o passado para trás” e recolocar o município como protagonista no cenário nacional. Agora, quase oito anos depois, a “prefeita da mudança” conseguiu alcançar alguns feitos históricos: foi cassada três vezes, decretou estado de emergência econômica, apelou duas vezes para a “venda do futuro” e ainda apareceu na lista da Odebrecht, empreiteira investigada na operação Lava Jato. Isso sem falar na Educação, que rasteja nas últimas colocações do Ideb, Saúde na UTI e sepultamento da secretaria de Agricultura.

Na planície goitacá, a poderosa Odebrecht foi responsável pelas casas do programa Morar Feliz e seu contrato, com os aditivos, se aproxima de R$ 1 bilhão. O maior contrato que uma empresa já assinou em toda a história de Campos. Como ocorre em outros locais onde realiza trabalhos, a empresa fez questão de incluir a prefeita Rosinha em sua lista. De acordo com matéria publicada no site da revista “Veja”, a prefeita Rosinha está entre os políticos que receberam “bônus” da empreiteira (R$ 1 milhão). De acordo com relato do seu marido, secretário e líder político, Anthony Garotinho (PR), todas “as doações estão dentro da legalidade e quem fizer insinuações será processado”.

O mesmo Garotinho que não aceita insinuações sobre a ligação entre o Morar Feliz e as doações da Odebrecht, afirmou, no dia 12 de agosto de 2014, em seu blog (aqui), que “empreiteiras ganharam aditivos a contratos com o Estado, e logo em seguida, um dia depois fizeram doações milionárias para a campanha de Pezão. É claro que não é coincidência. Está na cara que Pezão está usando as empreiteiras para desviar dinheiro público para a campanha”. Ou seja, na visão do líder rosáceo “o inferno são os outros”.

Em abril de 2012, muito antes da lista aparecer, a então vereadora Odisséia Carvalho (PT) tentou cobrar informações na Câmara de sobre o contrato com a Odebrecht, mas a bancada de Rosinha manobrou e o requerimento nem entrou na pauta. Na época, Odisséia mostrou que o custo de cada casa era mais de 100% acima do valor pago pela Caixa Econômica Federal no Programa “Minha Casa, Minha Vida”, para uma casa de características semelhantes.

A ligação entre empreiteiras e políticos não é de hoje, nem foi inventada na planície goitacá. O irônico dessa história é que o pobre casal, que tem apenas uma casinha e mora feliz na Lapa, conta com amigos poderosos e não abre mão de campanhas milionárias. Em 2012, Rosinha previu gastos de R$ 3,5 milhões. Dois anos depois, Garotinho disputou o governo estadual e colocou o limite em R$ 25 milhões. Ainda bem que, em Campos, a Odebrecht agiu dentro da legalidade e sem qualquer tipo de interesse ou “toma lá, da cá”. Até porque, seria muito trágico ver a “prefeita da mudança” encerrar o seu mandato na mira da Lava Jato.

* Artigo publicado neste domingo (27) na Folha 

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