O meu partido é o Brasil
bethlandim 19/03/2016 09:50

Bandeira do Brasil estilizada com Gorse

“Primeiro vieram…” é um poema atribuído ao Pastor Martin Niemöller sobre a inatividade dos intelectuais alemães depois da subida ao poder dos Nazistas e da perseguição que se seguiu a determinados grupos que, uns após outros, foram alvo das suas atividades de limpeza: Judeus, Social-Democratas, Mulheres, Ciganos, Homossexuais, Negros e inclusivamente Católicos, mas também outras muitas vozes incômodas ao regime, como foi o caso do Pastor alemão Martin Niemöller. Inicialmente apoiante de Hitler, Niemöller veio, por volta de 1934, a opor-se totalmente ao Nazismo e graças às suas boas relações de amizade com influentes homens de negócios, conseguiu ser salvo da prisão até 1937, altura em que foi encarcerado, eventualmente, nos campos de concentração de Sachsenhausen e Dachau. O Pastor sobreviveu e depois da Segunda Guerra Mundial, tornou-se a principal voz de penitência e reconciliação do povo alemão. O seu poema é bastante conhecido e frequentemente citado tendo-se tornado um modelo popular para descrever os perigos de uma apatia política que, começando muitas vezes, com um alvo específico de medo e ódio, assume rapidamente proporções assustadoras e completamente fora de controle.

O poema tem apresentado diversas variantes ao longo dos tempos.

“Primeiro vieram prender os judeus, e eu não levantei minha voz, porque não era judeu. Depois vieram prender os democratas e eu não levantei minha voz porque não era democrata. Depois vieram prender os homossexuais e eu não levantei minha voz porque não era homossexual. Depois vieram prender as mulheres e eu não levantei minha voz porque não era mulher. Depois vieram prender os negros e eu não levantei minha voz porque não era negro... Depois vieram prender-me e já não havia mais ninguém que levantasse a voz por mim...”

Ao longo da história, aspectos como a busca pelo poder, muitas vezes desenfreada, a corrupção, as desigualdades sociais e os privilégios para os políticos fazem com que o processo político ganhe descrédito e antipatia. Não raramente, jovens, adultos, homens e mulheres afirmam que não se interessam, nem gostam de política. Contudo, a questão é: para viver em sociedade, de forma consciente e livre, como é possível se renegar e não buscar compreender a política?

Para entender a dinâmica da sociedade, estar consciente de seus direitos, deveres, bem como dos espaços a conquistar, por quais caminhos transitar, perpassa-se pela importância de mínima consciência política. Entender de política ou saber para onde esta caminha não significa estar vinculado a partidos ou tornar-se um estudioso desta ciência. Mas, na verdade, consiste em exercitar, minimamente, a vida em sociedade, de uma forma consciente e amadurecida. Somos agentes co-participantes desse processo de consciência e atuação política.

Numa democracia, como ocorre no Brasil a escolha de um péssimo governante pode representar uma queda na qualidade de vida. Sem contar que são os políticos os gerenciadores dos encargos que nós tanto pagamos.

 Aprimorar o processo eleitoral e as nossas leis deve ser objetivo de nossos representantes políticos, e a nós cidadãos, de forma organizada, cabe cobrar os resultados, além de participar efetivamente.

Devemos escolher políticos com propostas voltadas para a melhoria de vida da coletividade. Para escolhermos bem, em primeiro lugar, temos que eliminar candidatos que visam poder, ações imediatistas e assistencialistas, ascenção, seja financeira ou para outros cargos, como trampolim eleitoral.

Nossa escolha não pode ser direcionada para políticos que usam a miséria da população contra ela própria. Não podemos permitir que o candidato que se utiliza da necessidade do outro para se beneficiar politicamente, seja eleito. O critério equivocado de distribuição não favorece a melhoria de vida da população, mas contribui para o aumento da miséria financeira, afetiva e social. Quando falo de miséria afetiva e social, quero falar da baixa-estima criada pelo assistencialismo barato, que não contribui para suscitar, nas mentes dos cidadãos, a idéia de que todos são capazes de lutar e conseguir uma vida melhor através do trabalho e da luta diária! Escolha conscientemente é prover resultados positivos...

Como nos diz o juiz federal Sérgio Moro: “Perdemos a dignidade, temos dificuldade de encarar a nós mesmos no espelho ou a comunidade internacional num cenário de corrupção sistêmica. Minha crença maior é que temos um governo de leis e as regras tem que ser aplicadas a todos. É dever de ofício.”

Nossas ruas estão pintadas de verde e amarelo e milhões de pessoas clamam pela moralidade, pela justiça, pela liberdade, por um Brasil passado a limpo...

A moralidade dos nossos atos tem que estar de acordo com a nossa fala.

Não deixemos que o poema se repita na apatia de nossa vida política...

Cabe a cada um de nós fazer a sua parte.

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!

Com afeto,

Beth Landim

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