O que Gabeira não disse...
Suzy 22/02/2016 09:33
O economista Ranulfo Vidigal postou em sua página no Facebook considerações dele e do também economista Wilson Diniz sobre o que faltou falar o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, que mostrou ontem em seu programa na Globo News a "quebradeira" de Campos pós-queda dos royalties. Confira abaixo: O QUE O GABEIRA NÃO DISSE Passado 13 anos após eleições presidenciais de 2002, quando o secretário de governo de Campos Anthony Garotinho foi candidato a Presidência da República, a cidade vem em decadência econômica e social decorrente do ‘modelo venezuelano’ populista implantado pelo grupo político clonado pelo secretário de governo. Em 2002, a cidade tinha 413 mil habitantes, IDH 0,752, índice de Gini 0,58, 62% da renda concentrada na mão de 20% dos mais ricos e ocupava a posição no ranking de 5.565 cidades do país no índice de pobreza a colocação 1.307. O resultado da eleição de 2002, ganha pelo Lula, o secretário de governo teve 15 milhões de votos e em Campos 47%, enquanto Lula teve 34%. O resultado foi surpreendente, pois o ex-governador concorreu por uma sigla nanica sem densidade eleitoral no plano nacional. Passado a eleição, ao longo dos últimos 13 anos, Garotinho vem perdendo capital político e em decadência. Seu discurso não encanta mais a maioria do eleitorado das classes menos favorecidas em nível de renda e de escolaridade. Na última eleição para governador do Rio não chegou ao segundo turno. Assim, sua morte política foi decretada pelo eleitorado fluminense. Os indicadores sociais de Campos são comparados a de cidades do interior do Maranhão, mesmo recebendo repasses dos royalties do petróleo em valores que superam 13 bilhões de reais. O secretário nos discursos comparava Campos a países Árabes produtores de petróleo. Suas análises, sempre esconderam a realidade cruel no campo social implantado pelo seu grupo, para manter o monopólio eleitoral sobre os pobres que dependem de repasses do município com os programas da prefeitura. Vamos analisar o IDH de campos de 0.75. O índice em termo absoluto classifica a cidade no rol de desenvolvimento humano médio, mas na realidade o indicador quando decomposto é de municípios com baixo índice de desenvolvimento. Vejamos: o IDH é composto pelo índice de anos de estudo, longevidade e renda per capita. No caso, olhando os números da Educação na cidade campista, o Ideb está entre os mais baixos do estado e do país, para um governo que investe muito pouco no Ensino Fundamental de boa qualidade. Assim, mesmo que o índice do tempo de anos de estudo seja alto, o valor absoluto do IDH esconde a péssima educação oferecida na rede municipal. Campos com uma receita de 2.5 bilhões até 2014, a prefeitura gasta mais com despesa da Administração, e com Habitação valor superior ao da educação. Cidades como Niterói, Santos e São José dos Campos com receitas que não chegam a 2.0 bilhões de reais priorizam a educação. A população deste tecido social que está na rede municipal de ensino, no futuro estará desempregada ou trabalhando na economia informal sem carteira assinada e garantias do Bem Estar Social. A renda per capita de Campos tem ser decomposta para se chegar o IDH real. A renda interna (PIB), parte é da produção do mar que chega a quase 50%. Esta renda da produção de petróleo não gira na economia da cidade, não tem efeito reprodutor de emprego e nem melhoria dos indicadores sociais. Logo, esta renda deve ser retirada para se calcular a renda per capita e o verdadeiro IDH ajustado à realidade. Campos sofre da ‘Doença Holandesa’ e o secretário que manda no governo da cidade não fez a cirurgia correta nos últimos 13 anos. Réquiem para os mortos, o que o GABEIRA não disse. Wilson Diniz, economista e analista político e Ranulfo Vidigal, economista doutorando em políticas públicas.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS