A Cidade que Ignora o Verde
Nino Bellieny 24/02/2016 22:43
Articulista colaborador do BNB-Blog Nino Bellieny, Guilherme Fonseca escreve sobre um tema crucial em Itaperuna: o calor. O fatalismo e o conformismo com as altas temperaturas da cidade, não fazem parte do pensamento do jovem bacharel em Direito, Arquitetura e Urbanismo, especialista em Gestão Pública, membro da Divisão Técnica de Transporte e Logística-DTR, do Clube de Engenharia do Brasil e do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Aponta soluções simples,( para quem tiver coragem e disposição), indica alternativas. Bem melhores do que, simplesmente continuar como é, com a mais clara tendência de piorar à cada ano.

Por uma Itaperuna mais verde

Guilherme Fonseca
Texto & Fotos
Itaperuna, que tem na temperatura uma das suas marcas pelo forte calor, não apenas no verão, traz na sua paisagem uma outra característica: A falta de verde. Isso mesmo, a ausência de espaços arborizados e paisagens com bosques e florestas. A arborização urbana na cidade deixa muito a desejar e como agravante, são poucas as praças da cidade que proporcionam um ambiente aconchegante, com amplos espaços sombreados para que as pessoas possam usufruir a qualquer hora. A maioria das praças do centro da cidade são áridas, com amplas áreas de piso impermeável e poucos espaços com gramado e jardins com árvores. A avenida Cardoso Moreira, a mais famosa e movimentada da cidade, possui em seu calçadão central uma extensa arborização, no entanto, cabe destacar que as árvores oferecem mais sombras aos carros ali estacionados do que para as pessoas que transitam a pé. Lembrando que as calçadas laterais, nas margens da avenida, são os acessos aos prédios e ao comércio e têm como únicas sombras aquelas que são formadas pelas marquises e toldos. [caption id="attachment_8292" align="alignnone" width="225"]Campo de São Bento-Niterói-RJ Campo de São Bento-Niterói-RJ[/caption] Para quem caminha pelo calçadão da avenida Cardoso Moreira, precisa ter a sorte de não ter havido a poda das árvores, porque a forma como fazem, retirando o volume da copa, provavelmente por uma preocupação exclusiva com a iluminação pública, fazem com que a arborização diminua a área sombreada, causando desconforto para as pessoas que caminham por ali. Outras ruas famosas da cidade como a Assis Ribeiro, Buarque de Nazareth, Dez de Maio e até mesmo a Rua Vinhosa que faz uma articulação viária do centro com outros bairros não oferecem passeios com sombras, são poucas as árvores existentes. Os ambientes são extremamente áridos e estressantes pelo excesso de calor. Uma cidade como Itaperuna, centro regional, que atrai pessoas de todos os lugares, seja pela medicina de ponta ou pelas universidades, precisa repensar este ambiente urbano que vem sendo construído, agravado pelas características climáticas da região. Espaços públicos com calor excessivo, além de fazerem mal a saúde, certamente servem como fator de repulsão das pessoas. Só circula pelas ruas em dias de muito calor quem não tem escolha. Crianças e idosos são os que mais sofrem. A dependência cada vez maior por ambientes com ar-condicionado também serve de alerta para o tipo de arquitetura que a cidade produz. [caption id="attachment_8293" align="alignnone" width="300"]Parque Jola Valansi- Botafogo-Rio Parque Jola Valansi- Botafogo-Rio[/caption] Não se inverterá a situação facilmente, mas há medidas que poderiam mitigar gradativamente este cenário com ações em diversas escalas. A primeira delas seria elaborar um inventário para identificar as árvores existentes nas vias urbanas e áreas públicas como praças. A partir deste levantamento, a prefeitura conseguiria diagnosticar a quantidade e as espécies de árvores existentes, o que facilitaria a preservação e conservação. Além disso,poderia cruzar informações, comparando as atuais áreas arborizadas com a localização delas sobre o território, pela predominância do tipo de uso: residencial, comercial, misto ou industrial e as vias que tem tendência a atrair mais fluxos de pessoas como imediações do hospital, universidades, prefeitura, rodoviária, Colégio 10 de Maio, postos de saúde etc... Com este retrato da situação ficaria mais fácil planejar ações de arborização urbana para toda a cidade, adotando alguns critérios que poderiam partir justamente das áreas de maior concentração de pessoas. Através de um Plano de Arborização, definiria-se metas a serem cumpridas para que se possa ir expandindo gradativamente, lembrando que existem questões técnicas a serem articuladas, como a gestão de mudas apropriadas para arborização urbana, os locais onde serão plantadas, em razão de redes de esgotamento sanitário e a largura dos passeios, monitoramento das mudas, para que não sofram com vandalismo e é claro, a participação da sociedade que será beneficiada diretamente. [caption id="attachment_8294" align="alignnone" width="300"]Praça Coronel Maximiano- Carangola-MG Praça Coronel Maximiano- Carangola-MG[/caption] Outra grande medida, numa escala de intervenção média, seria a criação de um parque urbano na cidade, que poderia servir como área de lazer e abrigar um viveiro para a produção das mudas que serão utilizadas na arborização da cidade. A própria avenida Cardoso Moreira, com seu calçadão central, poderia ser transformada num parque urbano linear, em toda a sua extensão, sem prejuízo para a circulação das pessoas. E numa escala de intervenção maior, que fosse articulado a criação de uma reserva, para a criação de um parque florestal nas imediações da malha urbana. Além dessas medidas todas, a prefeitura poderia incentivar a produção de um padrão de arquitetura que contemplasse a adoção de menos fachadas com vidros espelhados, coberturas verdes - terraço jardim e o uso de telhas brancas nos telhados. No caso de estacionamentos, a pavimentação com pisogramas ou piso intertravado, como alguns denominam, poderiam contribuir gradativamente para ampliar as áreas permeáveis e diminuir o forte calor. Lembremos que folha não é lixo, então, não vamos repudiar as árvores, elas são nossas amigas e merecem o nosso respeito e admiração.     Contato: [email protected]

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