Começou ontem o Campeonato Carioca, que já foi um dia considerado o mais charmoso do Brasil. Ano após ano mal administrado pela Federação do Estado do Rio, a Ferj, o campeonato perdeu charme, perdeu técnica, perdeu público e ganhou clubes sem expressão.
Um dos principais problemas, talvez o maior, é o inchaço do campeonato, com 16 clubes, muitos deles sem a menor condição de estar na divisão principal do estado. Tudo para garantir os votos necessários à manutenção no poder do péssimo presidente Rubem Lopes.
Com a maior importância, de longe, de competições como Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, fora possíveis classificações para competições sul-americanas, o Carioca tinha que ser uma competição curta, preparatória para a temporada que se inicia.
Com 8 clubes no máximo, turno único e finais, por exemplo. Os clubes pequenos poderiam se enfrentar em uma fase anterior para definir os 4 que passariam para enfrentar os grandes. Ou outro modelo qualquer, que enxugasse o campeonato, melhorasse o nível técnico e atraísse o interesse do torcedor.
Como todo campeonato que envolva Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, grandes clubes de enorme torcida e tradição, não há favorito entre eles. Fla e Flu, ambos na Série A e únicos com títulos brasileiros nos últimos 15 anos, tem melhor elenco do que os seus co-irmãos.
Porém, as direções de Botafogo e Vasco são aliadas da Ferj, em troca de vantagens. Muitas delas extra-campo, o que leva sempre à desconfiança de se propagar para dentro das quatro linhas. Basta lembrar as semifinais de 2015, quando lances ilegais decidiram a classificação para as finais: um gol impedido do Botafogo contra o Fluminense e um pênalti inexistente pro Vasco contra o Flamengo.
As vantagens e manobras extra-campo são várias, como interferência na escolha do local de jogo, julgamentos mais brandos para aliados e mais rigorosos para os adversários e tabela montada sobre medida, em especial para o Vasco, de Eurico Miranda, aliado de primeira hora de Rubinho, que nunca sai para disputar jogos contra pequenos complicados.
Ano passado o Vasco jogou contra Macaé e Volta Redonda em casa. O Fluminense pegou ambos fora. Esse ano, pega Volta Redonda e Friburguense em casa. O Flu ambos fora. No outro grupo, o Botafogo joga com o Macaé e Cabofriense em casa. O Flamengo fora.
Com os times grandes iniciando a temporada no pior nível técnico dos seus elencos dos últimos anos, o inchaço que se repete ano após ano, gerando jogos deficitários e desinteressantes, e sem os seus principais palcos, Maracanã e Engenhão, cedidos para as Olimpíadas, o Carioca de 2016 pode ser o de pior nível técnico e média de público dos últimos anos.