Merendeiras cruzam os braços
10/12/2015 11:12

Carolina Barbosa
Fotos: Genilson Pessanha

Cerca de 60 merendeiras fizeram um protesto em frente à secretaria de Educação de Campos, na manhã dessa quinta-feira (10), para reivindicar o pagamento de salário que estaria atrasado por falta de repasse da Prefeitura à empresa contratada Guelli. Em algumas unidades, os alunos teriam sido dispensados. Por meio da superintendência de Comunicação, a secretaria de Administração e Gestão de Pessoas informou que a situação é um problema entre a empresa e as funcionárias. A empresa entrou em contato com a secretaria e comunicou que a situação já estaria sendo resolvida.

Segundo as funcionárias, o pagamento teria que ser depositado até o quinto dia útil deste mês. “A Prefeitura não está repassando o pagamento. O Natal está chegando, temos filhos. A empresa é correta, não tenho o que reclamar. Nunca tivemos esse problema. Mês passado pagou atrasado e este mês atrasou de novo”, disse a merendeira Cátia Maciel, 46 anos.

As merendeiras ainda destacaram as consequências do atraso. “A situação está crítica. Muita coisa para pagar e o pagamento não sai”, disse Rosilene Pereira, 37 anos.

A merendeira Terezinha da Silva, 60 anos, falou das condições de trabalho na escola onde trabalha, a Lions I. “A gente prepara o lanche em uma casinha e sai rua afora puxando carrinho de supermercado para levar. Isso é de responsabilidade da Prefeitura”.

Por volta das 11h, uma pessoa que se identificou como representante da empresa esteve no local da manifestação e informou às trabalhadoras que, segundo a Prefeitura, o pagamento seria feito no dia 18, o que causou revolta entre as merendeiras, que decidiram seguir para a sede do Executivo municipal. Já em frente à Prefeitura, a mesma representante informou que nessa quinta-feira teria uma reunião entre o governo municipal e a empresa para tentar solucionar a situação. A Folha tentou, mas não conseguiu contato com a empresa.

Pai de uma aluna da creche do Parque Guarus, o comerciante José Carlos Nunes contou que a filha, nessa quinta-feira, foi dispensada mais cedo. “Isso tem acontecido constantemente, às vezes por falta de água, por falta de merenda. Mas dispensavam 11h30. Hoje (quinta), 9h ligaram para os pais, pois as crianças estavam sem café. Minha filha tem condições para merendar, mas muitas crianças precisam. Muitas não têm condições. Acho um descaso enorme do governo. O básico é a saúde e educação. As professoras e diretora tiram dinheiro do próprio bolso para fazerem festinha para as crianças. Vejo a grande luta deles para ver a creche funcionando”, contou.

Portaria proíbe que aulas sejam suspensas

Mês passado, após a ameaça da direção de algumas escolas da rede municipal de suspender as aulas por conta da falta de merenda, o secretário de Educação, Cultura e Esporte de Campos (Smece), Frederico Rangel, publicou portaria no Diário Oficial proibindo que os gestores suspendessem atividades sem a prévia autorização da secretaria.

A portaria da Smece surgiu diante das várias denúncias feitas na rede municipal, sendo as mais recentes relacionadas à falta de merenda em escolas. Na ocasião, pais alegaram que em algumas unidades chegou-se a cogitar a hipótese de suspensão das aulas.

Diante de várias denúncias envolvendo interrupção do fornecimento de merenda, a secretaria chegou a informar que “caso alguma unidade tivesse suspendido o fornecimento, não foi por determinação da pasta, e seria aberto um procedimento administrativo para apurar”.

A suspensão dos alimentos teria sido motivada pelo não pagamento à empresa que fornece a merenda, como foi o caso da escola municipal Presidente Castelo Branco, na Pecuária.

A Folha chegou a receber denúncias com foto pela WhatsApp (99208-7368), onde leitores mostraram a falta da qualidade da merenda em unidades escolares.

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