Comunidade da descida da linha do trem, em Guarus, coloca fogo em pneus e fecha rua em protesto por direitos básicos
Tostes 10/12/2015 22:49
20151210_190440 - Cópia Moradores que residem na descida da linha do trem, atrás do Batalhão do Exército, em Guarus, Campos-RJ, colocaram fogo em pneus e, usando galhos de árvores, caixotes de madeira e outros objetos, fecharam, na noite desta quinta-feira (10), a Avenida Professora Carmem Carneiro em protesto contra a situação caótica da avenida onde moram. Quando chove, a via vira simplesmente um lago. Os moradores contaram que esse problema existe há mais de duas décadas — que nenhum representante dos governos que entraram e saíram do poder, no município, nesse tempo, resolveu a situação. A população disse que caso o governo municipal não inicie, nos próximos dias, as obras para resolver os problemas locais, a avenida será fechada novamente. Quando o fogo colocado no bloqueio da avenida estava apagando, os moradores pegaram mais querosene para manter as chamas acesas, mas policiais militares que estavam no local impediram que isso acontecesse, boicotando o protesto - legítimo - por direitos básicos. [caption id="attachment_150" align="alignnone" width="800"]20151210_190945 Moradores pegaram querosene para manter as chamas acesas, mas policiais impediram a ação, boicotando o protesto (legítimo) por direitos básicos[/caption] Pessoas que residem no bairro, e que passaram pelo local no momento do protesto (que acontecia debaixo de chuva), gritaram: "É isso aí! Muito bom! Tem que colocar fogo para ver se eles vêm resolver!". Os indivíduos em protesto eram mulheres que atuam como "do lar", meninas jovens com filhos pequenos, meninos com cerca de 15 e 16 anos de idade e crianças. Eles usaram galões de plástico e latinhas de Nescau como tambores, pedaços de pau como baquetas e gritos como "Prefeitura, queremos estrutura!" para expressar a angústia que vêm vivendo há muito tempo. Um dos moradores chegou a tratar os problemas como "penitência". "A gente resolveu fechar a rua para ver se conseguimos solução para essa nossa penitência", comentou uma moradora, optando pelo anonimato. 20151210_193359 20151210_192542 Eles também contaram que não possuem saneamento básico. Exigem, ainda, pavimentação para uma rua que fica exatamente ao lado da linha do trem, que vira um lamaçal nos períodos de chuva.  — Nós somos pobres, mas não somos porcos para vivermos na lama; nós somos dignos, pagamos nossos impostos — não é nenhum favor o que estamos pedindo. A água invade nossas casas e perdemos móveis e eletrodomésticos. Várias equipes de reportagem já estiveram aqui, mostraram a situação e ninguém veio resolver. A gente exige soluções “pra ontem”! — disse a manifestante Verônica Bernardo, de 37 anos, falando, ainda, dos riscos à saúde da população que são gerados pelos alagamentos e invasão da água nas residências. Os moradores também afirmaram que muitas pessoas deixam de ir trabalhar e crianças deixam de ir à escola porque não conseguem atravessar o "rio" que se torna a avenida, na porta de suas casas, em dias de chuva. 20151210_191855 20151210_192044 [caption id="attachment_155" align="alignnone" width="800"]20151210_194246 Fotos: Thaís Tostes[/caption]    

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Thaís Tostes

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS