A Despedida de Marília Pera
Nino Bellieny 05/12/2015 16:01

E fecham-se as cortinas...

Dariany Silgom Acredito que atores e atrizes, (desde que donos e donas de bom caráter também), já possuem cadeira cativa no céu. O que mais poderiam merecer pessoas que passam suas vidas inteiras encarnando outras pessoas, mudando sem dó o corte de cabelo ou a cor, engordando, emagrecendo? Tudo em nome de uma arte que leva alegria aos lares, a maioria tão sofrida como a dos lares brasileiros. Ah! As novelas! O ópio do povo. A hora do alívio, do faz de conta, de reunir a família na frente da TV para sorrir, se emocionar, torcer pela mocinha e seu romance complicado com o mocinho. Vibrar quando o vilão se dá mal. Por essas e outras, acredito sim, nesse lugarzinho especial para onde vão todos os que fazem do seu corpo, seu instrumento de trabalho e da arte de interpretar, sua maneira de levar alegria aos corações e reflexões às mentes. Mari?lia Quem nunca deu boas gargalhadas com as tiradas pra lá de engraçadas e absurdas de Darlene e seu inseparável copo de gim? Último personagem dessa brilhante atriz, que nos deixa hoje um pouco mais carente dessa fantástica arte de brincar de ser todos em um corpo só. Vai em paz grande dama do teatro e da teledramaturgia brasileira. Vai receber o teu maior prêmio: o Oscar das pessoas que não passaram por essa vida em vão e trouxeram alegria aos nossos corações. Missão cumprida! Vai notável atriz ocupar sua cadeira cativa num cantinho especial criado por Deus. Um cantinho para esses seres que fizeram da sua vida um palco, onde o espetáculo termina com todos os simples mortais a aplaudindo de pé. Fecham-se as cortinas, um outro espetáculo começa: o da saudade. Marília Marzullo Pêra - Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1943 - Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2015. (Faleceu aos 72 anos devido a um câncer nos ossos e pulmões) Texto de Dariany Silgom

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