Natal para quem?
José Paes 26/12/2015 18:38

No artigo natalino do ano passado, afirmei que o natal é um momento de comemoração, de alegria, de companheirismo, mas, sobretudo, de reflexão, portanto, muito mais do que expor e criticar fatos, era momento de refletir sobre a nossa realidade, sobre como podemos modificá-la.

Dessa vez, contudo, preciso relevar as minhas próprias palavras. São tantas as questões políticas polêmicas desse tumultuado final de ano, que não há espaço para reflexões genéricas sobre o futuro da nossa cidade. São tantas situações caóticas, que não há como deixar o presente de lado, na medida em que esse mesmo presente coloca em risco o nosso futuro.

Começo falando sobre a venda do futuro. A falta de informações oficiais sobre a operação é algo que espanta, um verdadeiro atentado à transparência. Primeiro eram R$ 712 milhões, depois R$ 308 milhões, agora surge a informação de que sequer há contrato assinado, muito embora o próprio Município tenha publicado dois extratos. Como assim não há contrato? Como o Município publica extratos de contratos que não existem? O que estão fazendo do nosso dinheiro, do nosso futuro? Quando esse governo que aí está terá a dignidade de esclarecer à população o que realmente está acontecendo? Esse dinheiro, como bem disse o vereador Rafael Diniz, não é da Família Garotinho, é do povo de Campos. Não é possível admitir que brinquem com a nossa cara desse jeito. Sequer um orçamento para 2016 nós temos, tudo para aguardar o menino mimado acabar de brincar de banco imobiliário (ou seria jogo da vida?).

Falando em brincadeira, não posso deixar de abordar a questão da suspensão da passagem a um real. Se há algo de bom nesse governo, é justamente esse programa, suspenso justamente no verão, quando muitas pessoas se valem do benefício social para irem às praias. O governo argumenta que a culpa é dos empresários, que não implementam o novo sistema de bilhetagem. Como assim? Os empresários descumprem os contratos e quem é penalizado são os passageiros? Isso me parece oportunismo político de um governo que já não tem mais dinheiro para pagar as suas contas e ao invés de expor dignamente os fatos à população prefere colocar a culpa dos outros.

Falando em dignidade, na última terça foi inaugurada a Cidade da Criança, uma ode à falta de vergonha na cara. Escolas caindo aos pedaços, antepenúltima colocação no IDEB, merenda de quinta categoria, profissionais da educação desvalorizados e o governo coloca dezenas de milhões de reais na “Disney” campista. É o retrato desse governo. Não consegue prestar serviços básicos e torra milhões em obras faraônicas de pouca utilidade.

É diante desse cenário caótico, de falta de responsabilidade e prioridades, que chegamos ao fim do ano. Que se comemore o natal, que o espírito natalino seja vivido em sua plenitude, mas que não esqueçamos o que está acontecendo em nossa cidade.

Artigo publicado na versão impressa da Folha da última quinta-feira (24/12)

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