Começou na última segunda-feira e rola até domingo (29), em Campos, a 3ª Semana da Diversidade, que culminará com a 9ª Parada do Orgulho LGBT. Esta edição da Semana tem como tema "Desafios da Comunhão – Diversidade e Religiosidades" e acontece em vários locais. No campus Campos-Centro do IFF rolam os debates sobre o quanto as religiões mundiais englobam o público LGBT; sobre como as religiões tratam das questões de diversidade e de gênero. Hoje à noite (com play às 18h30), vai rolar a mesa "Cristianismo e homossexualidades: outros olhares", com Cristiana Serra e Márcio Retamero. Cristiana integra um grupo católico de diversidade e Retamero é pastor de uma igreja inclusiva do Rio.
A noite de hoje no IFF também ficará mais linda com o rap mandado ao vivo pelo MC Mr. Junior e com o passinho do grupo "Love Manha", que integra o projeto "Um passinho para a mudança". A programação inteira da Semana tem entrada liberada, mas as pessoas são convidadas a doarem alimentos não-perecíveis e produtos de limpeza e higiene pessoal, que serão destinados à Associação Irmãos da Solidariedade, que atende a portadores de Aids. A realização da Semana é do Grupo Esperança.
Como contou um dos organizadores do evento, Rafael França, a Parada do Orgulho LGBT de Campos existe há uma década e emerge como um marco de resistência. A Parada será a partir das 14h de domingo, na Orla de Guarus. Periferia pura!
— A Parada é o momento das pessoas LGBTs dizerem: “Nós existimos!” Por muitas vezes, a imprensa deu, às Paradas, um tom de depravação, dizendo que eram eventos de sacanagem, bebedeira e gente se beijando. As pessoas, no geral, veem a Parada de uma forma muito pejorativa. E tem mais uma questão: a Parada é em Guarus, é na periferia! Muita gente, inclusive do meio LGBT, diz: “Ah, eu não vou atravessar a ponte; eu não vou pra Guarus”. Mas este local super acolhe o movimento LGBT. As pessoas vão, se divertem, participam, pegam preservativos. As famílias marcam presença, as avós levam seus netos. Isso mostra o quanto o movimento é político e pedagógico. Mas, na maioria das vezes, a imprensa e a população, em geral, não comentam sobre o lado político, que é muito sério – expôs Rafael.
[caption id="attachment_55" align="alignleft" width="300"] Grupo de passinho "Love Manha", de Campos-RJ[/caption]O mix entre religião e diversidade sexual e de gênero, que rola na Semana, é essencial, já que o Brasil é esse país onde governantes, num Estado dito laico, falam de barbaridades como "cura gay".
— Não vamos debater fé. Vamos debater a religiosidade enquanto uma questão política. Vendo todo esse cenário que a gente tem, com debates sobre religião no espaço público, decidimos discutir como as religiões lidam com a questão da diversidade sexual e de gênero. É claro que não vamos contemplar todas as religiões, porque são muitas, mas tentamos pegar as principais – disse Rafael.
Amanhã, às 18h30, o debate no IFF será com o babalorixá Baba Edilson de Omolu e com o pesquisador Leonardo Vieira, que falarão sobre “A homossexualidade e as religiões afro-brasileiras”. Na sexta, Henrique Rabello e Rogério Koscheck vão jogar na mesa questões super sérias sobre “Religião e política no Brasil contemporâneo”. No sábado, vão rolar uma oficina de stencil (das 8h às 11h) na Praça São Salvador e atividades esportivas (das 14h às 17h) na Praça da Lapa. O evento (que acontece no mesmo mês em que uma travesti de Campos denuncia a agressão — com barras de ferro — que teria sofrido numa boate do município) tem o apoio do Coletivo Gaytacazes, do núcleo Nugedis (do IFF), da Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Campos, do grupo Diversicam (da Universidade Candido Mendes), da designer Mara Oliveira e do fotógrafo Mauro Ramalho. [caption id="attachment_57" align="alignright" width="960"] Foto: Parada LGBT de Belo Horizonte, clicada pelos Jornalistas Livres[/caption]