E a se a Polícia Desse Mole? 

Itaperuna consegue manter-se em um nível de segurança que a faz destacar-se, há anos, dentre as demais cidades de todo o Estado do Rio. À cada trimestre, de acordo com as rígidas exigências da Secretaria Estadual de Segurança, o 29º BPM, responsável por mais 8 municípios, Italva, Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Laje do Muriaé, Porciúncula, Natividade, Varre-Sai e São José de Ubá, aparece sempre ocupando um dos 3 primeiros lugares. O preço da eterna vigilância é alto: operações de curta e longa duração, investigações sigilosas, presença ostensiva e blitz constantes. Aliás, blitz, cuja etimologia, revela a origem germânica: Blitzkrieg, (guerra-relâmpago), nome de uma estratégia militar operacional, criada pelos alemães na 2ª Grande Guerra, cujo uso de tropas em ataques rápidos e de surpresa, evitava que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa.  Por isso, o termo consagrou-se: sendo como um raio, jamais avisa aonde vai cair. E quando cai, faz estragos sempre. Tal tipo de operação, eficiente na prevenção, feroz na captura e educativa na concepção, costuma desagradar a alguns poucos, que sem argumentos legais para contestá-la, simplesmente reclamam. Ou tentam deturpá-la. Num exercício alucinatório de imaginação, o que aconteceria se a vontade dos incomodados, ainda que em minoria, fosse feita e as blitz deixassem de existir ou passassem a ser avisadas por todos os meios de comunicação, do local e horários de realização? Algo assim: "Atenção senhoras e senhores, a sua Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, vem comunicar a todos que na próxima quarta-feira, entre as 12 e 16h estará no Corte de Pedra e defronte à AABB de Itaperuna, com 4 viaturas e 16 homens, interceptando e revistando os veículos que por ventura passarem nesses locais  durante as horas determinadas.  Informa também que, outra operação desse porte, será efetuada somente no próximo mês em data e hora a serem previamente comunicadas. Atenciosamente, Coronel Xyspteo." Para começar, o nome não seria blitz, afinal, não justificaria mais a imprevisibilidade. Uma palavra mais apropriada ganharia melhor conotação e poderia continuar alemã:

Alarmbereitschaft: No nosso idioma, Alerta Total. Uma nova realidade policial, dando à uma minoria insatisfeita com o rigor de antes, uma chance de viver de acordo com as próprias vontades. Assim, também os marginais, poderiam organizar com tranquilidade, cronogramas de furto, roubo, homicídio, tráfico, sequestro, e outros crimes, todos de acordo com a recém-criada modalidade operacional da polícia. 

Em pouco, a paz mantida com tanto custo, desapareceria totalmente. Os mesmos cidadãos incomodados com as  antigas blitz por razões que só eles sabem, seriam os primeiros a reclamar. Ou não? Afinal, só mesmo a marginalidade se beneficiaria do novo estilo. O caos se instalaria e a sociedade seria refém. Como, infelizmente,  já acontece nas grandes cidades.   Esta hipotética visão agrada a alguém sensato? Impossível pensar isso da maioria dos habitantes da região abrangida pelo 29º BPM. Sem segurança não há paz. Poucos são os lugares neste Brasil, possíveis de se viver com a tranquilidade que ainda há em Itaperuna. Portanto, quando setores não muito claros dessa mesma sociedade se incomodam com os resultados positivos, com os meios lícitos usados pela polícia, como as blitz e outros tipos de fiscalização para os quais as forças Militar, Civil, Rodoviária e Federal estão amplamente aptas a fazerem, causa estranhamento. De qual lado se deseja estar? Da desordem ou da paz? A resposta pode significar o fortalecimento de um meio de vida estabilizado. Ou a destruição do que foi duramente conquistado.