Respeitável Público Prepare-se para mais um Grande Espetáculo de Baixarias
Nino Bellieny 17/11/2015 05:49
NinoBellieny Senhoras e senhores,  bem vindo ao espetáculo: "Drama ou Comédia?" Perguntava o apresentador do circo da minha infância. E a plateia encarapitada nas tábuas meio soltas, meio presas da arquibancada, urrava de acordo com as vontades.   De novo, senhoras e senhores, bem vindos a mais um espetáculo das eleições neste imenso circo sem lona. Oficialmente, as campanhas políticas, ainda não começaram, mas, as difamatórias, essas, já tiveram a sua estreia. Calúnia e Injúria, velhas companheiras inseparáveis de Difamação,  são três bruxas soltas, largadas no pedaço, muito doidonas, voando em suas vassouras online, nas esquinas secretas de conversas na surdina, nas vozes sussurradas em ocultos lugares a tramarem quedas e a, logo, serem combustíveis nas bocas de fogo das ruas. Mais fácil destruir uma obra de arte do que, ter talento para fazê-la.   Reputações se desfazem como margarina rançosa em chapa quente de trailer. O herói de ontem é o vilão de agora e o herói de amanhã até ser o vilão de novo. Cidadãos acima de qualquer dúvida, agora, abaixo de todas as suspeitas. O boato se traveste de fato e é repetido com toda a fé por quem não viu nada, mas, ouviu tudo e passa adiante por sadismo, vingança e dinheiro. Redes bem costuradas se encarregam de espalhar o que deve ser a verdade do momento.   Será questionada a idoneidade, a honestidade, a dignidade, a capacidade e a sexualidade. O "dizem por aí", o "ouvi dizer" e o "me contaram" valerão como cartões de crédito platinum. Escândalos montados se misturarão aos reais de forma metódica e consistente, capaz de deixar até o próprio lesado pela desdita, achar que fez aquilo de tanto ouvir dizer que fez... mesmo sem ter feito. Businessman's tongue on fire --- Image by © John Lund/Blend Images/Corbis Cérebros poderosos em minar o terreno de quem sai na frente na corrida dos cavalinhos de carrossel, começam a atuar em profusa libertinagem. Se há um alvo, deve ser atingido. E qualquer arma para isso serve. Das mais modernas às mais antigas, da internet implacável  à pedra atirada por quem tem pecado de sobra e precisa mostrar que não tem, portanto vai jogar quantas puder. Atacar antes de ser atacado. Entrar para destruir, destruir para reinar.   Não há inocentes, caro espectador, mas, todos dirão ser. E os calouros, aqueles realmente puros de intenção, serão detonados de primeira pelos veteranos, ou, para sobreviver, se adaptarão à selva. Os espertos, não se dirão caçadores, afinal, amam ser vítimas. Isso rende piedade e esta, costuma render votos. Sabe-se disso em toda a parte e nada se faz contra. Embalado pelas emoções dos hipnóticos oradores, manobrado como marionetes, os eleitores urram do alto das tábuas. Conhecem os dramas e as comédias de tantas outras vezes, sabem como as histórias terminarão, mas, por uma infinita necessidade humana de acreditar, acreditarão.   Querem  também ver o leão devorar o domador e o circo incendiar-se, mesmo que, muitos deles morram nos dentes da fera ou queimados pela lona ardente. Não adianta pedir pra ninguém sentar-se, pois, o leão não é manso. E tem fome. Eleições após eleições, as peripécias dos senhores que estão no alto do trapézio e dos que, para lá, desejam subir, continuam surpreendendo. Não há rede de proteção. Há espaço para poucos. A maioria vai cair. Salve-se quem puder.   É briga de foice cega em noite de holofotes que cegam mais ainda. Em volta, inconscientes fantoches riem, aplaudem, são peões de tabuleiro, também vão cair, outra vez mais se estabacar, amargando quatro anos de arrependimento. Uns, por acharem, ter vendido barato o voto, outros, por simplesmente, terem acreditado nos mágicos. No picadeiro, não ficam os palhaços. Eles estão nas arquibancadas. E somos todos nós. Ainda que não queiramos ser.  

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