De quem é a culpa?
José Paes 26/11/2015 14:36
Já naquela ocasião, alertei em artigo publicado neste mesmo espaço que era leviano vender para a população que os problemas do transporte iriam acabar com a conclusão do procedimento licitatório. Afirmei que de nada adiantaria legalizar a situação das empresas, se o governo continuasse a gerir o sistema como o fazia. Infelizmente, acertei minha previsão. Mesmo após a licitação, o que notamos é um serviço de transporte precário, poucas linhas, poucos itinerários, poucos horários, concorrência ao invés de integração entre ônibus e vans, transporte pirata, enfim, um verdadeiro caos, convenientemente mantido pela incompetência da prefeitura. A nova greve deflagrada esta semana demonstra que estamos longe, mas muito longe mesmo de por fim ao constante embate entre empresários, governo e rodoviários, encoberto pela falta de transparência do programa social da Prefeitura. Quem mais perde, como sempre, é a população mais humilde, que depende do transporte e que padece ante a sua falta. O que me preocupa, é que sempre que situações como essa ocorrem, o Governo logo corre para dizer que a culpa não é dele, colocando em prática aquele já batido teatrinho populista. Agora a culpa é dos empresários, que querem acabar com a passagem social. Já foi da Junta interventora da Santa Casa, já foi da Nutrindo, já foi de “anônimos” querendo barrar a venda do futuro, rotineiramente é do Governo do Estado, do Governo Federal e sempre, mas sempre mesmo, é da oposição, que só pensa nas eleições e se esquece do povo. Todos nós sabemos muito bem que os problemas, em sua grande maioria, não são dos outros, mas desse Governo que aí está. De todo modo, ainda que dos outros fossem, que tipo de governo é esse que não consegue passar por cima dos entraves colocados em seu caminho, a fim de resolvê-los? Se os empresários de ônibus há anos querem acabar com a passagem social, que se tome uma atitude. Que se rescindam os contratos, acaso descumpridos os seus termos, que se apliquem multas, que se municipalize o serviço, enfim, que se faça algo de concreto para que a população tenha um serviço de qualidade. O que não se pode admitir é essa encenação contínua, em que muito se fala e pouco se resolve. Os Garotinhos mimados precisam crescer e resolver os seus próprios problemas, sem colocar a culpa da sua incompetência dos outros.

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