Acabou-se o que era Rio Doce
Murilo Dieguez 23/11/2015 04:25
[caption id="attachment_9366" align="alignleft" width="250"]Clique para na imagem para matéria da BBC BRASIL Clique para na imagem para matéria da BBC BRASIL[/caption] "Os krenak vivem em uma tribo de cerca de 350 índios atravessada pelo rio, a poucas dezenas de quilômetros da fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. Tida como sagrada há gerações, toda a água utilizada pelos índios para consumo, banho e limpeza vinha dali.
Vi muito peixe morto, quase desmaiei, de tanto chorar", contou Dejanira de Souza Krenak. (BBC BRASIL)
  Eles pararam o transporte de minério da Vale.   Eles me representam! São os primeiros habitantes e donos legítimos destas terras, chegaram antes de nós e das mineradoras.   Os membros da tribo  Krenak, durante séculos,  passaram por  muitas experiências traumáticas, mas eu acredito que nenhuma tão agonizante, como esta de ver o fim de seu rio sagrado, destruído desta maneira,  pelo branco.  Me envergonho e pelo desculpa, sabendo que não vale um tostão como paga, por conta do mal já feito.  Somos um só povo neste insuportável sentimento de incapacidade, temos o mesmo olhar inerte,  observando a  lama da ganância tocar o mar.    Escorrida como veneno que é,   por mais de 800 km de veias calibrosas e agora corrompidas até churriar no grande  oceano,  intestino do planeta terra, que a tudo acata e digere.   O que se vê por todo o trajeto por onde passou os dejetos da Vale do Rio Doce e agora na Foz, lá em Regência,  é  uma paisagem mórbida, feita por pútrida inspiração daqueles que só enxergam o material, o venal, o vil metal, a qualquer custo.  Morremos mais um pouco, com a semimorte dos povos à margem dos rios, agora de  lama,   formados pelos dejetos da Vale do Rio Doce e de seus sócios, de seus políticos financiáveis, de seu lucro bruto e assassino.  Somos um povo ressecado, como  as  múmias dos peixes, das aves, insetos, vermes e de todos os bichos, plantas e natureza semi sepultados rios abaixo, com a imagem do quanto de vida visível e invisível aos nossos olhos, se perdeu.   O Mar vai receber esta "escória" de pernas abertas,  Netuno  não sabe e nós pobres mortais também  não sabemos a qual custo.  Até quando  e onde  vai descer esta língua   ocre ferruginosa,  sentido norte sul, atlântico abaixo,  também não sabemos.    Não sabemos de nada.   Sabemos apenas que tudo passa, que tudo se transforma que tudo renasce da morte.    Até que nós Fluminenses e Cariocas,  somos experientes nesta coisa de "passagens".  Já morremos esta morte, com a mineradora  Cataguazes,  excretando  lixívia no nosso Rio Paraíba do Sul;  e morremos mais uma vez,   e ressuscitamos mais uma vez com  o despejo criminoso do inseticida Endosulfan, pela  Servatis no nosso  já abatido, combalido,  adoentado  Rio Paraíba.   Nas duas desgraças  o susto e,  junto deste o  alerta máximo,  com folguedos e firulas das autoridades "competentes", e  balançar de bandeiras das consciências ecológicas, isso  aos gritos de: "este é o marco, nada será como antes".    Balela, caiu no esquecimento mas, hoje temos uma nova e absurda tragédia ecológica,  somos experientes, sabemos mais,   sabemos sim;   quem manda é o capital.    " É  piolho que faz piolho e dinheiro faz dinheiro¹".   Agora aprendemos;   é o lucro quem  grita mais alto  e alardeia sem medo de penalização:   "que se dane se acabou-se o que era o Rio Doce.  Vocês ai, índios Krenak e civilizados de merda; chafurdem e catem como fazem porcos, a sua sobrevivência na lama. Porque eu,  sou o dinheiro;   e  eu pago por tudo,  por seus restos, por seus mortos e por  suas lágrimas! Zé Armando Barreto Lama da Vale do Rio Doce chega a Foz em Regência/ES  12241708_1646447332310729_7610385855590749635_n

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Murillo Dieguez

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS