A meia maratona de Amsterdã (Por Nizan Guanaes)
Marcos Almeida 18/10/2015 19:41

nizanguanaesTexto fantástico, não sobre gestão de pessoas, mas a gestão da nossa própria vida (bem difícil isso, mas possível), nos fazendo refletir profundamente sobre o tema. Boa leitura e bons treinos!

A meia maratona de Amsterdã

No próximo domingo, 18 de outubro (conto com suas orações e torcida), vou fazer a meia maratona de Amsterdã, a minha primeira maratona. Esses 21 km são a medida de uma reinvenção profunda. E Cecília Meireles diz que a vida só é possível reinventada. Tinha 160 quilos caminhando a galope para 200. Fumava, comia e bebia em demasia, apesar do brutal histórico cardíaco-familiar. Meu pai e quase todos os seus irmãos morreram do coração. Alguns, bem cedo, como meu pai, aos 45 anos. Passei a primeira parte de minha carreira cuidando só da carreira e esquecendo todas as outras dimensões da vida que, inclusive, refletem muito na vida profissional. A revolução profunda em mim e em meu corpo resultou numa transformação que jamais imaginei. Meu propósito original era sobreviver. Mas fui descobrindo uma vida mais profunda, intensa, saborosa e sofisticada. O livro "On Managing Yourself", publicado pela Harvard Business School, é para mim o que há de mais moderno. A última palavra em gestão. Harvard, e não um livro de autoajuda, mostra que a melhor medida empresarial é a gestão da própria vida pessoal. Clayton Christensen, o guru da inovação, abre o livro com um artigo explicando que criou uma métrica para medir a própria felicidade depois de perceber nos encontros de sua turma de Harvard que, a cada ano, os colegas voltavam mais ricos e mais infelizes. E o proposito da vida, segundo Aristóteles, é ser feliz. A vida de Nizan, 170 quilos, era essa vida abandonada. A vida empresarial é um moedor de carne. Se você não a domina, ela engole você. Ela engole seu corpo, sua família, suas relações. Ela come tudo. Muitas vezes o sucesso não consegue ser sustentado porque o corpo, a alma e a cabeça são destruídos, antes, por toda essa pressão profissional. Aí, a vida entra em parafuso e, com ela, a vida empresarial. O que esse esplêndido livro de Harvard propõe é que gerenciar a própria vida é a medida empresarial número um. Certa vez fui convidado por Bill Gates para falar de Brasil em evento global na sede da Microsoft, com presidente-executivo do mundo todo e do calibre de Warren Buffett e Jeff Bezos. Como o evento começava às 7h, às 5h, fui à academia do hotel e vi uma cena que me marcou para a vida: a imensa academia e sua piscina estavam lotadas. Todos os CEOs do mundo estavam ali, tomando a primeira e mais importante decisão empresarial do dia —cuidar da vida. Não há só uma revolução tecnológica em curso. Há uma revolução humana. Na alimentação, no cuidado com o sono, no controle da mente, da alma, das emoções. Só que antes esse assunto ficava nos cadernos de saúde dos jornais. Ele hoje está aqui no caderno de negócios, pois é aqui que a Harvard Business School está colocando essa pauta. E essa pauta ajuda muito a se relacionar melhor, a liderar melhor, a decidir melhor, a performar melhor, a ter mais resiliência numa crise como essa. Mas só é possível vencer nessa dimensão se você se dedicar a ela com a mesma obstinação dedicada ao seu sucesso empresarial. O fato é que, com essa nova vida, a minha produtividade aumentou muito, e ganhei mais força para enfrentar a crise. Em tantos dias em que não há motivo para ser feliz, minha corrida diária me faz lembrar que a vida é boa, independentemente do câmbio. A alegria do homem está dentro do homem. Isso não está só na Bíblia, mas na gestão mais moderna e eficaz que se propõe hoje.

Fonte: Pulso

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    Sobre o autor

    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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