O Comandante do 29º BPM em um Papo Sério com a Revista Estilo Off
Nino Bellieny 11/10/2015 21:08
[caption id="attachment_6256" align="alignnone" width="182"]Foto:miracemaestadodorj.blogspot.com Foto:miracemaestadodorj.blogspot.com[/caption]

Em recente edição, a Revista Estilo Off teve como destaque, uma entrevista feita com o tenente coronel Sylvio Guerra. E o BNB reproduz com a devida autorização:

Em nome da segurança

Por Marcelo Nascimento Sylvio Guerra é o comandante do 29º Batalhão de Polícia Militar e numa conversa franca conosco mostra o porquê de Itaperuna ainda viver dias de segurança em comparação com o restante do estado. O Tenente Coronel Sylvio Guerra é daquele tipo falante, com o sotaque marcado de um carioca, mas que não esquece as raízes locais, já que nasceu e foi criado em Miracema. Aos 46 anos, casado, pai de duas meninas e filho de um coronel reformado da PM, o comandante do 29º Batalhão de Polícia Militar há quase um ano gosta de mostrar serviço e ao que prova o cotidiano da cidade, seu trabalho tem dado resultados positivos. Antes de assumir o 29º teve uma passagem pelo 36º em Santo Antônio de Pádua, mas foi em Itaperuna que ele se encontrou, ao afirmar que comanda um dos melhores batalhões do estado do Rio e que seus policiais são homens e mulheres comprometidos com a farda que vestem. Flamenguista, embora afirme não ser muito afeito ao futebol, Guerra gosta de trabalho. Ferrenho crítico do tráfico de drogas, o qual garante ser um dos maiores cânceres da sociedade, diz que hoje os traficantes não tem espaço livre para trabalhar em Itaperuna. Em relação às blitz, motivo de reclamação de vários cidadãos, ele afirma que elas são de suma importância para o combate à criminalidade e a ilegalidade e que sob seu comando elas não irão parar. E vai além e diz que a sociedade tem que decidir o que ela quer: Se quer segurança ou se quer as ruas livres a quaisquer tipos de atitudes. Adepto do estilo da boa conversa, ele diz que procura aproximar a sociedade da polícia e se mostra aberto a todos os que desejam colaborar com o trabalho do batalhão. Foi numa quarta-feira de sol que subimos ao Cristo Redentor para batermos esse papo saudável, onde ele mostra toda sua verve firme em relação ao trabalho que toca, mas ao mesmo tempo sensível aos apelos sociais. A entrevista aos pés do monumento ao Cristo não poderia ter sido uma escolha melhor. É de lá do alto que se vê quase toda a cidade e a visão que se tem é que de fato a polícia militar de Itaperuna segue uma cartilha bem definida, ou seja, a de combater com eficiência os atos ilegais que tanto constrangem uma sociedade. E Sylvio Guerra, como o sobrenome sugere, está mesmo disposto a não medir esforços para que a Pedra Preta continue tendo dias de certa tranquilidade e que as agruras que vemos em outros pontos do estado e do país não cheguem e incomodem as pessoas de bem que aqui residem. Com a palavra, o comandante. ----------------------------------- Estilo Off- Como encontrou o 29º Batalhão de Polícia Militar? Na verdade quando a gente vem de um batalhão para outro, acabamos por receber informações relativas a essa unidade. Sempre me falaram que ao assumir o 29º eu jamais iria esquecer, simplesmente pela tropa que possui. E é uma realidade. Quando cheguei aqui encontrei exatamente o que me disseram, ou seja, uma tropa muito dedicada, profissional, séria. Temos uma equipe muito bem focada no objetivo. Estilo Off- Quantos homens estão à disposição da região abrangida pelo 29º BPM? Nós tomamos conta de nove cidades, que pega de Varre Sai e vai até Cardoso Moreira. Hoje temos no que chamamos de policiais prontos, que já estão trabalhando, um quantitativo de 515 policiais. Mas nosso efetivo gira em torno de quase 800 profissionais. Estilo Off- Na sua visão, como está a criminalidade hoje na cidade? Sem nenhum medo de errar posso afirmar que a criminalidade em Itaperuna está muito mais do que controlada. Os marginais não tem espaço para crescer dentro da área do 29º. Estilo Off- Algumas pessoas reclamam do excesso de blitz realizado na cidade desde a sua chegada aqui. Explica pra gente o porquê de tantas ações desse tipo. Acho que a sociedade precisa decidir o que ela quer pra si. Ela quer segurança ou não? Tenho objetivos no meu comando que são bem claros. O primeiro deles é o combate incessante ao tráfico de drogas; segundo é servir a sociedade. Portanto, se eu tenho essa obrigação que é servir ao coletivo, preciso tomar determinadas atitudes para que essa sociedade se sinta segura. Lógico que temos um conjunto de atitudes a tomar, mas essas operações que vocêcitou são de suma importância. Então volto a afirmar que a sociedade precisa decidir o que ela quer. Se em determinado momento ela decidir que não quer ser fiscalizada pela PM, não terá motivo de reclamar quando sair à rua e for assaltada, quando tiver o carro roubado ou mesmosua casa. Todo mundo quer cobrar da Polícia Militar, mas esquecem que também tem o dever perante a própria sociedade. Nós fazemos esse trabalho justamente para atender o meio social em que vivemos. Numa blitz a gente consegue inibir tudo. Numa operação dessas agente consegue inibir uma moto ou carro roubado, conseguimos inibir alguém que transite alcoolizado ou com o veículo sem licenciamento e colocando a vida de outros em risco. A gente inibe o tráfico, assaltos. Quando pessoas mal intencionadas sabem de operações constantes já pensam três vezes antes de sair para cometer delitos. A sociedade precisa entender que as blitz são para a segurança dos próprios cidadãos. E afirmo com todas as letras que elas não vão parar. Essa é a minha maneira de comandar. E falando em blitz, nós iremos começar a cobrar que a motos do tipo cinquentinhas não andem mais sem o devido emplacamento e o condutor devidamente habilitado. Estilo Off- Então, quem tem cinquentinha já pode começar a procurar o DETRAN? Pode começar a procurar sim. Nós iremos fazer uma campanha junto à imprensa e durante as blitz alertando dessa necessidade, mas a partir de 1 de novembro iremos começar a prender esses veículos que não estiverem devidamente emplacados. Há quem diga que não precisa dehabilitação. Precisa sim. Tem que ter habilitação para conduzir e estar com ela emplacada. Estilo Off- O que dá mais trabalho ao batalhão nos dias de hoje? Não temos outro trabalho maior que não seja o incessante combate ao tráfico de drogas. Acho que esse é o maior problema que temos no mundo e não é diferente em Itaperuna e na nossaregião. Qualquer delito que seja, se você for puxar na linha dos acontecimentos, vai perceber que em algum momento há droga envolvida. Estilo Off- Já que o senhor falou que atua firmemente no combate ao tráfico de drogas, o quanto acha que já conseguiu inibir no tempo de atuação aqui? Posso falar que os traficantes hoje tem muito mais cautela para vender do que tinham antigamente, pois sabem que não tem trégua. Cercamos de todos os lados, desde a chegada à cidade, passando pelas operações que vocês chamam de blitz, em ações em pontos conhecidos e outros mais. Combatemos esse mal diuturnamente.O que poderia ser feito além do que já se faz, mas que por problemas diversos ainda não é É preciso que os outros órgãos entendam que eles também fazem parte desse sistema. A Prefeitura tem responsabilidades na segurança. Quando cheguei aqui tive a oportunidade dever que a Guarda Municipal estava sendo criada. Muita gente é contra a Guarda Municipal, mas daí volto a falar naquilo que disse anteriormente, que a sociedade precisa decidir o que ela quer. Essa guarda faz parte do conjunto de segurança de uma cidade. As escolas fazem parte da segurança também. Esse contexto de segurança não pode se resumir unicamente na Estilo Off- O que o senhor citaria de realização relevante produzida pela PM e que a população de forma geral não sabe que é feito? Em relação ao 29º Batalhão posso afirmar que havia uma distância muito grande da sociedade para com a polícia militar. Quando digo sociedade, quero dizer pessoas de bem, pois pessoas que não são de bem tem mesmo que ter receio e manter distância da polícia, porque estamos aqui para coibi-las. Então, respondendo a sua pergunta, digo que quando cheguei aqui procurei aproximar o batalhão das pessoas da cidade. Fizemos parcerias com a prefeitura em vários eventos. Fizemos uma festa junina bem legal dentro do batalhão e tem pessoas que sequer sabiam que existe uma capela lá dentro. Nós temos a imprensa com uma distancia muito grande da polícia e nós precisamos da imprensa, pois ela é parceira. Já fizemos umareunião com o presidente do clube de veículos antigos e iremos fazer uma exposição dentro do batalhão e já pensamos em chamar a APAE também. Estamos procurando apoiar o pessoal da Eco Bike que produz passeios legais. Temos o Café Comunitário, que é conjunto com o Conselho de Segurança do município e que somos obrigados a cumprir a agenda. Mas não satisfeitos nós abrimos o leque e estamos marcando cafés em outros locais que nos convidam. Fizemos recentemente um em Aré. Nunca houve um por lá. Estamos indo aonde nos chamam para conversar, debater, ajudar. Nós temos um Disque Denúncia aqui em Itaperuna e que é o único fora do Rio de Janeiro capital e que por pouco não foi fechado. Brigo muito pela manutenção do Disque Denúncia que é uma arma eficaz na mão da sociedade. Estilo Off- Então o senhor afirma que seu gabinete está aberto à comunidade? Qual a importância de andar de mãos dadas com os demais órgãos como Polícia Civil, Bombeiros, Promotoria de Justiça e o judiciário? Entendo que todos nós temos os mesmos objetivos, que é trazer melhores condições de segurança para a sociedade. Portanto, essa parceria saudável que existe entre as instituições aqui na região, só traz benefícios para o lugar. Estilo Off-  Qual o maior gargalo que a PM enfrenta hoje em Itaperuna? Sou tão incisivo em relação ao tráfico de drogas, pois acho que é o culpado de todos os males,que não vejo nada tão mais grave que esse. Temos problemas de trânsito e outros, mas o que impacta demais é o tráfico. É isso que tira a sociedade do prumo. Estilo Off- Nos EUA, quando um bandido de alta periculosidade é morto pela polícia em confronto, as autoridades geralmente aplaudem a atitude. Porém, no Brasil, alguns e até mesmo parte da imprensa começam a especular sobre abuso de autoridade. Como o senhor enxerga isso? Muito. Porque temos a missão de atender a sociedade e quando acontece algo assim essa mesma sociedade bate na polícia militar. Isso é uma questão cultural de muitos anos que estamos tentando mudar. Do Secretário de Segurança aos comandantes dos batalhões, todos estamos tentando mudar essa cultura. E como mudamos isso? Mostrando que a questão da segurança não se resume somente a policia militar. O problema é muito maior, mas quem sempre está nas ruas com a cara na reta somos nós. Estilo Off--O senhor é a favor da redução da maioridade penal? Isso é uma discussão extremamente complicada, mas sou sim. Porém, acho que tem que ter uma estrutura por trás para que isso funcione. Estilo Off- Que estrutura seria essa? Uma delas seriam os presídios. Temos condições de atender aos menores num presídio de hoje? Esses adolescentes nessa transição para a fase adulta, onde você consegue manipular com certa facilidade a cabeça deles, seriam facilmente cooptados estando juntos a marginais altamente perigosos? Essas são perguntas pertinentes e que precisam ser respondidas. Sou a favor, mas é necessária uma estrutura diferente da que temos hoje para que se aplique tal medida. Geralmente as pessoas querem resolver o agora, mas esquecem o que se pode gerar. Estilo Off- Qual o limite de atuação de um policial em relação a um cidadão? O limite da lei. O policial deve sempre agir dentro da lei. Estilo Off- Que fórmula o senhor acredita ser eficaz para que Itaperuna continue progredindo na questão da segurança em relação à PM? Incentivar cada vez mais os policiais. Dar condições de trabalho, conversar, olhar olho no olho, analisar o problema que o profissional está passando. Muita gente costuma esquecer que o policial é um ser humano como todos os outros, com família, problemas, deveres, suas felicidades e tristezas. Então, acredito que estar perto da tropa é de suma importância. Nós temos que ter um planejamento e estrutura. Não é só dar uma farda e colocar dois policiais dentro de uma viatura e mandar rodar a cidade. Precisa de uma estrutura coerente, estudo, planejamento, monitoramento. Precisamos ouvir a sociedade em relação ao que ela acha da atuação da PM. Tudo isso é necessário. Estilo Off- Quais os planos futuros da PM para a cidade? Continuar fazendo o trabalho que dê dignidade aos policiais e o principal, trazer mais a sociedade para perto do batalhão. Estilo Off- Quando que a população pode ajudar a polícia? A população tem a arma fantástica nas mãos que é o Disque Denúncia 3822 1177. Essa é uma.  Estilo Off- Depois de tudo que o senhor nos falou, faça uma síntese do que é a cara da Polícia Militar em Itaperuna nos dias de hoje. São guerreiros, que sabem do objetivo, do que precisa ser feito. São policiais sérios, que brigam por honrar a farda que vestem. Temos profissionais que conhecem e vivem a cultura da cidade, que é uma cultura de respeito, de família, de a palavra ser mais válida que um papel. Aqui há uma coisa de honra e isso faz uma enorme diferença. O policial aqui não tem vergonha da farda que veste. Sem nenhum medo de errar posso afirmar que a criminalidade em Itaperuna está muito mais do que controlada. Os marginais não tem espaço para crescer dentro da área do 29º. A sociedade precisa entender que as blitz são para a segurança dos próprios cidadãos. E afirmo com todas as letras que elas não vão parar. Qualquer delito que seja, se você for puxar na linha dos acontecimentos, vai perceber que em algum momento há droga envolvida. Nós temos que ter um planejamento e estrutura. Não é só dar uma farda e colocar dois policiais dentro de uma viatura e mandar rodar a cidade. A população tem a arma fantástica nas mãos que é o Disque Denúncia: 3822-1177.

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