==================================================================================================================================== ENQUANTO ISSO NAQUELA CIDADE DO NOROESTE Postos de combustíveis são interessantes locais para  ver, ouvir e observar seres humanos dos mais variados. Hoje pela manhã, bem cedo, dois consumidores se encontram. Um, dirige um carro dos anos 80, conservado e outro, um moderno, zerado, cheio de poderosos cavalos dentro do motor. O dono do carrão, sorri cheio de intimidade para o outro, menos bem vestido, menos tudo. Não é um outro sorriso a retribuição do homem de boné desbotado, mãos calejadas, jeito claro de trabalhador rural. Ele diz palavras sussurradas, mas, para os ouvidos ligados do jornalista, há poucos metros dos dois,  são mais do que suficientes: "Bom-dia o k#**&7! Você se elegeu, precisou de mim durante a campanha, vivia na minha casa, me ligava toda hora e depois da posse sumiu! Agora, vem com essa cara de pau rindo pra mim? Passo  dia inteiro na roça trabalhando, mas, eu sabia que ainda ia encontrar você! Seu  171, *888&&%%5, $alafrário, sai da minha reta ou te meto p*&&@d@!"... o político engoliu em seco, tentou disfarçar, entrou dentro do carro e chispou pela BR-356, o branco do veículo se misturando à manhã meio nublada. Os olhos do homem de boné lembravam brasas em churrasqueira. Pagou a conta ao frentista e foi embora. O atendente olhou para o jornalista, deu uma risadinha e falou: "É... essa foi de lascar pedra!". Continuou rindo até chegar o próximo cliente. É a gasolina subindo e a temperatura indo atrás.