Ainda bem...
bethlandim 31/10/2015 11:52

 

Vivemos dias difíceis... Parece-nos que o mundo está revolto. Assistimos à fuga em massa na Síria, e o desejo ardente de um povo que tem que deixar tudo para trás e seguir sem rumo, sem saber para onde ir, em busca de um abrigo e de dias melhores... Passamos por tempestades e enchentes, que tudo levam, lavam e sufoca de tanta água... ao passo que no outro extremo de nosso país a seca nos assola, nos definha, torrando as últimas sementes de esperança que insistimos em fazer brotar!

Presenciamos todos os dias dura violência física e moral, assustadora, cruel, que nos parece já incontrolável, nos fazendo acreditar que seremos a próxima vítima inerte... É hora de pararmos, dar um STOP! E não seguirmos esta máquina do tempo que nos consome e corre a velocidade da luz, de forma a destruir tudo e todos... É hora de parar a maior máquina... O HOMEM... Parar para pensar...

No mundo pós moderno em que vivemos, a grande questão são os LAÇOS HUMANOS. Hoje possuímos jovens que possuem 500 amigos no facebook. Eu, por exemplo, não chego à casa dos dois dígitos... E o que acontece então? O jovem de hoje já nasce no conceito da rede. Enquanto os jovens de outrora nasciam na comunidade. E qual é a diferença? A comunidade te precede – você nasce na comunidade. A rede é fruto de duas atividades: conectar e desconectar... Hoje o mais difícil não é fazer amigos on line. O mais difícil é fazer amigos off line... face to face, corpo a corpo, olho no olho, porque dá trabalho romper relações, explicar, se desculpar, não se sentir seguro, se doar, dar seu tempo, ter sentimentos... Ao passo que on line você clica e conecta ou desconecta, e resolve tudo instantaneamente. Isso mina os laços humanos, pois ter um amigo em quem confiar é se dedicar, se empenhar para o futuro, se comprometer... E ter compromissos e obrigações cria laços... E esta ambivalência, tem nos levado para este caos humanos em que vivemos...

Pessoas solitárias numa multidão de solitários... A falta de laços humanos...

Ainda bem...

Pensar que estamos sendo engolidos num sentimento desumanizador... pensar que estamos sem rumo... E isto é desolador... Pensar que podemos pensar... nos ajudar, trazer o sentimento, o coração para as relações e desta forma dar sentido a este mundo que nos causa estranheza... Perdemos a sensibilidade de apreciar, admirar, ver o belo e fazer de nossas relações, um lugar “em que o belo aconteça”... como nos diz Clarice Lispector... “Superar é preciso, seguir em frente é essencial, olhar para trás é perda de tempo. Passado se fosse bom era presente.” E sendo assim... é hora de descortinarmos o horizonte, encher nossos olhos e coração de esperança e atitudes... Sairmos da inércia e começarmos a mexer neste “caldeirão”, por nossa “pitada” de sal, faz toda a diferença no universo. Olhar sempre em frente, nos reinventarmos, e como ouvi outro dia... “deixar amolecer um pouco o coração”, sermos mais solidários, termos compaixão... que nada mais é do que nos colocarmos no lugar do outro. Tudo tem passado rápido demais... mas volto a insistir, somos os senhores do nosso tempo e desta forma, fazermos eternidade nos momentos de felicidade que estão no caminho...

Caetaneando... “És um senhor tão bonito, quanto a cara do meu filho, tempo tempo tempo tempo, vou te fazer um pedido... Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo tempo tempo tempo, entro num acordo contigo, tempo tempo tempo tempo... Por seres tão inventivo e pareceres contínuos, és um dos deuses mais lindos. Que sejas ainda mais vivo, no som do meu estribilho, tempo tempo tempo tempo, ouve bem o que te digo... Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso, quando o tempo for propício... tempo tempo tempo tempo... De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido e eu espalhe benefícios... O que usaremos pra isso fica guardado em sigilo, apenas contigo e comigo... E quando eu tiver saído para fora do teu círculo, não serei nem terás sido... tempo tempo tempo tempo... Ainda assim acredito ser possível reunirmos-nos, num outro nível de vínculo... Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios nas rimas do meu estilo...”

Como nos diz a música, que eu espalhe benefícios, fazer o bem sem olhar a quem, o que a mão direita faz, a esquerda não precisa saber...

Criar laços humanos, ter desprendimento, ter sentimento, penso ser o remédio milagroso do nosso século. Doses homeopáticas diárias, em cada um de nós, trariam uma cura irremediável para vários problemas do mundo... É preciso olhar para os lados, pra frente, para quem vem atrás, mas sobretudo é preciso olhar pra dentro de cada um de nós... E é difícil olhar para dentro, nos enxergarmos como somos, com nossas misérias e defeitos, mas só assim nos sentiremos livres para amar, para sermos inteiros e inteiros fazermos parte de tantas partes que constroem outras metades... Deixar sentir o vento no rosto, a liberdade soprar melodias aos nossos ouvidos, a brisa nos acariciar... sentir o cheiro do mar e o sentido das ondas no seu vai e vem... nos mostrando que tudo se reinventa, se renova, se dá outras chances e que na sua grandeza, o mar, é feito de gotinhas minúsculas... tenhamos olhos para ver e sentir... “Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas... Até onde posso, vou deixando o melhor de mim... Se alguém não viu, foi porque não sentiu o coração” Clarice Lispector.

Muitos são os homens que falam de liberdade, mas poucos são os que não passam a vida a construir amarras.

Cora Coralina nos dá uma boa receita... “Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”

Ainda bem que existe você...

Uma linda e esperançosa semana...

Com afeto,

Beth Landim

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