Um garoto de 16 anos está trabalhando em um trailer. Um homem conversa com duas mulheres, bebe um conhaque. Já está quase na hora de fechar o movimento. É tarde da noite. O menino lembra ao cliente de que, isso irá acontecer. O moço, sente como se estivesse sendo cobrado. Reage grosseiramente, enfiando  a mão no bolso e tirando uma maçaroca de dinheiro: "Você está me cobrando rapazinho? Eu tenho grana! E você?". O homem vocifera. Humilha o garoto com as mais torpes palavras. Agride com o mais covarde dos punhais: o verbal. O menino se cala. O homem se afasta resmungando. O menino chora em silêncio. Tem que fechar o trailer. As lágrimas pipocam automáticas.   Os sentimentos metralham a sua alma ainda inocente. Uma dor sem nome sacode o seu corpo. E surge uma mão, acompanhada de uma voz, quando ele vai encerrando a noite de trabalho:"Ei, a chapa ainda tá quente? Dá tempo de fazer um lanche pra gente?". É um cliente de quase todas as noites. Um policial militar, comandante do GAT- Grupamento de Abordagem Tática. Ao notar o estado emocional do atendente, pergunta o que houve. O rapaz, soluçando, conta tudo num jato de desabafo. O PM ouve e ao final, diz: "Calma, vejo você sempre trabalhando, estudando, se esforçando. Prove para ele que você vai ser alguém. Estude, acredite, você vai vencer!". Não diz mais nada. É atendido com os lanches, o menino absorve as palavras. Algo dentro dele explode feito uma granada. As palavras rancorosas de um, foram substituídas pelas palavras estimuladoras de outro. O corpo se endireita, a mente se aviva e ele jura para si que vai seguir aquilo como um decreto.   Os anos passaram. Aos 18 foi ser fuzileiro naval. Chegou a ser sargento. Resolveu entrar na Academia de Polícia Militar. É bacharel de Direito. Hoje, é capitão da PM. Fez curso para major recentemente e aguarda a janela de promoção. É um dos mais inteligentes itaperunenses. Consegue recitar sentenças judiciais inteiras, códigos, artigos, pareceres. Estuda madrugada adentro, serve ao 29º BPM com dignidade e objetividade. Respeitado, correto, admirado e sábio: já teve a oportunidade de agradecer pessoalmente ao homem que um dia o humilhou, mas, que em verdade, acendeu um rastilho de transformação em sua vida. Agradeceu também ao policial que profetizou vitórias. Agradece a Deus todos os dias pela família, pelos dons, pelos desafios, pela vida. Guarde bem o nome dele. Esse menino de 16 anos ainda vai muito mais longe: Rudson Lima. [caption id="attachment_5575" align="alignnone" width="300"] No dia em que se casou com Alice.[/caption] [caption id="attachment_5573" align="alignnone" width="300"] A mãe Lourdes, a irmã Angélica, ( jornalista), e o cunhado Sérgio.[/caption] [caption id="attachment_5574" align="alignnone" width="300"] A esposa Alice, aniversariante do dia .[/caption]