Somos Todos Refugiados
Nino Bellieny 20/09/2015 16:06
Por Dariany Silgom Da pátria, do estado, das nossas cidades, das nossas ruas e até das próprias casas e famílias. Quem nunca foi ou se sentiu um forasteiro? Quem nunca sentiu um gelo na barriga no primeiro dia de trabalho ou no primeiro dia de aula na nova escola? Quantas histórias conhecemos ou vivemos de conflitos familiares que terminam com crianças, jovens ou idosos fugindo ou sendo expulsos do próprio lar? E o que acontece quando mudamos de casa, de cidade? Já não estamos mais em nosso pequeno habitat e nos tornamos meros vizinhos. Estranhos vindo de algum território desconhecido que se estivesse bom, não teria sido deixado. Não haveria busca de sossego em um novo lugar, ascensão em um outro emprego e uma nova vida.Necessitamos ser acolhidos desde o momento de nosso nascimento, quando saímos de onde estivemos por nove meses, um cantinho quente e protegido, dentro de nossas mães, para ser um novo habitante do planeta. Queremos ser bem recebidos quando mudamos de prédio, de faculdade, de empresa e até mesmo de estado civil. Quem nunca se sentiu perdido ao terminar um longo relacionamento? Não sabemos para onde ir, muitas vezes perdemos o contato com os amigos e temos que, construir uma história ou refazer as velhas amizades. Tentando ser aceito e acolhido. Ainda que, isso seja disfarçado, para não parecermos fracos. images (10) Acolhimento é a palavra do momento. Já parou pra pensar em quantas vezes teve que ser acolhido na vida? E de como foi importante encontrar um par de braços abertos ou o quanto foi amargo o sentimento quando houve negação? Acolhimento é o clamor de tantos Aylan Kurdi, (o menino sírio de três anos que morreu afogado em Bodrum, na Turquia), que chegam todos os dias fugidos da fúria sangrenta e descontrolada de estúpidas guerras civis, ( toda guerra é estúpida), da miséria e da violação dos direitos humanos. Todos os dias há alguém em algum lugar do mundo clamando por acolhimento. O mundo assiste perplexo à uma crise de desesperados desembarcando, hora vivos, hora mortos, em países da Europa. É preciso ajudar nossos irmãos sírios, afegãos e nigerianos, protagonistas dessas triste viagens,  patéticas e trágicas em busca de uma vida de paz. O mundo clama por acolhimento, mas, o seu vizinho também clama, o seu colega de trabalho, de escola, o morador de rua, o seu amigo, os seus familiares e até mesmo você, em algum momento já precisou e se disser que não, vou lembrar que esse país que nos serve de pátria, pertencia aos índios. E nós pegamos deles em troca de espelhos e miçangas, mas, essa é uma outra discussão. Somos todos forasteiros. Somos fugitivos. Somos todos refugiados, esperando sempre por algum gesto de solidariedade que, nos edifique e nos salve das mazelas da humanidade. Ou seja, de nós mesmos.

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