Questão de qualidade
José Paes 16/09/2015 09:04

Há anos, sempre que nos aproximamos das eleições, repete-se, quase como um mantra, que a união da oposição é o único caminho para por fim ao domínio da família Garotinho. Mas será mesmo? Tenho lá minhas dúvidas.

Primeiro é preciso estabelecer o que seria a oposição. Seria de oposição todo político e/ou partido que simplesmente se opõe aos Garotinho ou apenas aqueles que, muito além de estarem em lados opostos, comungam de princípios completamente distintos dos que nos nortearam nos últimos 25 anos? Particularmente, comungo do segundo entendimento. De nada ainda estar oposição, se os princípios que sustentam determinado projeto sejam os mesmo do atual governo. Não basta que o corpo seja diferente, a essência também precisa ser.

Dito isto, é preciso analisar o histórico recente do município para constatar, de fato, se a união da oposição é garantia de sucesso eleitoral. Nas eleições de 2012, praticamente todos os partidos ditos de oposição estiveram reunidos em torno de uma candidatura. Apesar das grandes qualidades do dr. Makhoul, a quem tenho grande admiração, a oposição saiu derrotada.

Não é a simples reunião de opositores, portanto, que dita os seus destinos eleitorais. É preciso ter organicidade, é preciso ter semelhança de propósitos, um projeto comum de governo, uma conjuntura favorável e, sobretudo, é preciso existir uma liderança que consiga agregar qualidades, ao mesmo tempo que consiga repelir divergências, defeitos e vaidades.

É claro que a união de todas as vertentes oposicionistas em torno de um nome seria o ideal, não podemos ser ingênuos a ponto de desconsiderar esse aspecto. Mas se isso não ocorrer, não será o fim dos tempos. Numa eleição de dois turnos como a nossa, é até mesmo natural que a apresentação de inúmeras candidaturas ocorra. E isso não é ruim, desde que não sirva apenas para afagar egos e camuflar interesses pessoais inconfessáveis.

Independentemente do número de candidaturas, o que não se pode perder de vista é o objetivo comum que deve, esse sim, servir de guia para toda a oposição, seja de que vertente for: por fim ao reinado dos Garotinhos, mas sob a pauta de novos princípios, que tenham como finalidade o desenvolvimento do município e não de projetos pessoais de poder. O que não for possível reunir no primeiro turno, que se reúna no segundo, só não podemos forçar situações sob a falsa premissa de que a simples reunião de partidos é o único caminho para salvação da oposição.

É bom lembrar que água e óleo não se misturam. Portanto, a maior preocupação da oposição deve ser a qualidade das alianças, sua capacidade de atrair o apoio popular e não apenas a quantidade de acordos que, assim como água e óleo, se repelem após a agitação do sistema.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS