O João, trabalhador do Brasil, completou 65 anos. Dirigiu-se à agência do INSS, com a papelada e documentos para dar entrada no pedido da sua aposentadoria por idade. INSS em greve, mesmo assim foi atendido; fizeram-lhe algumas exigências de comprovações de tempo de serviço. João correu atrás. Foi lhe dado prazo de um mês para tal fim. No prazo João conseguiu o que necessitava, voltou ao INSS, mais uma vez atendido. Agora, já com o número do benefício futuro, era só esperar que uma "cartinha" seria remetida pelo órgão à sua residência. Prazo correndo, João na expectativa da missiva que sacramentaria a liberação da aposentadoria, de qualquer modo tranquilo: receberia o provento a contar da data em que dera entrada.
Pois para espanto, surpresa e finalmente indignação, anteontem ao acordar, nosso cidadão recebeu a ligação de uma "Central de Crédito Consignado". A moça falava sobre um crédito - com juros mais baixos que os praticados pela rede bancária - já disponível sobre "um recente benefício aprovado" que seria pago a partir do 1 de setembro?!
Presumindo: Antes mesmo da resposta oficial do INSS - lembrem que está em greve - João ficou sabendo por uma dessas tais instituições de crédito que pululam no país que a sua aposentadoria já estaria consignada e qual o valor. Também ficou sabendo em qual banco e qual agência receberia mensalmente o benefício. Desconfiado, João disse que iria pensar e pediu a razão jurídica da Central. Desconversaram e não lhe foi dito, mas sim repassado um 0800 e o nome de duas pessoas caso resolvesse contratar o tal crédito. Quer dizer, mesmo em greve, o INSS repassa imediatamente a informação interna (ainda) que nem oficialmente tenha sido informada ao beneficiário.
Ficam as perguntas:
- Esta não é exatamente uma das denúncias que corre na Lava-Jato, contra uma ministra que supostamente teria "vendido" o cadastro de aposentados e pensionistas do INSS em troca de ajuda para campanha eleitoral? Mesmo sob investigação a suspeita prática continua?
- Fica clara a urgência do canto da sereia. É constrangedora a captação dos parcos recursos dos nossos sofridos "velhinhos".
- Com os escorchantes juros praticados pelo mercado financeiro brasileiro é uma covardia com a nossa população de gentilmente coagi-la com as ditas "vantagens de juros menores".
EITA PAÍS!