Como Desagradar a um Político
Nino Bellieny 31/08/2015 12:41
PEQUENO MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA COM LOBOS NinoBellieny Não é preciso inventar nada contra ele. Ser sincero e autêntico já é o suficiente para desagradá-lo. No poder ou fora, o mau político gosta de ser o centro das atenções. Dividir espaço com os outros, arranha o ego dele. Um ego frágil, construído com palavras e imagens de autoconfiança para fora e um exagerado senso auto-crítico por dentro. Mudar as regras antes do jogo acabar, sempre em benefício próprio é muito fácil para um político. Na oposição, é um paladino da justiça, na situação, estátua de um mesmo sorriso para todos. Jornalistas sabem disso: conte algo favorável sobre ele e fingirá que não sabe, não leu, não ouviu. Escreva qualquer coisa que o incomode, mesmo sem dizer o nome, e ficará irritado, pedindo a cabeça de quem o revelou, em uma bandeja de papelão, daquelas usadas em festinhas de aniversário cheia de brigadeiros. Criança mimada, quer tudo. E divide apenas com a intenção de pegar mais logo à frente. Não cumpre o prometido se não houver contrapartida. E sabe cobrar com ganas de agiota. download A SÍNDROME DA CARAPUÇA Costuma ter uma enorme facilidade em acreditar que qualquer indireta seja para ele. O boné sem nome encaixa perfeito em sua cabeça de pavão. Quer apenas coroa como os reis, entronizados pelo povo, reenganado à cada eleição. Quer elogios o tempo todo. E só ele é o dono das melhores ideias. Não é prerrogativa dele cumprir a palavra. Não erra. Somente humanos erram. Quando encontra-se com um eleitor, faz este sentir-se a pessoa mais importante do mundo. Desde que seja durante a campanha, quando promete e pro-mente. download (3) O POLÍTICO CORRETO Existe. E não são poucos. Infelizmente, o mau aparece muito mais, ofuscando o bom. E é difícil para um  político honesto viver no meio da alcatéia. Sente-se solitário. Pode ser a ovelha expiatória a qualquer momento, pois os lobos sabidos sempre precisam de alguém  que, sacrifique-se por eles. As mais inacreditáveis estratégias são feitas para a destruição de um rival, sem que ele nem saiba o que é ou tenha feito algo para ser. Agradar a um político é ser como aqueles cachorrinhos de painel de automóvel, balançando os rabinhos de sim-senhor-sim-senhor. Desagradá-lo exige menos esforço. Basta ousar pensar diferente e principalmente, expor o que pensou. Nada que o desagrade é inofensivo. No castelo de cartas onde mora, teme qualquer sopro. Ignora que, um dia, irá à queda e será a ovelha da vez, por isso mesmo, faz de tudo para manter-se no topo. Pagando o inacreditável preço da traição e do esquecimento da própria personalidade, amoldável como massinha plástica nas mãos de uma criança.

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