Corte na carne
José Paes 27/08/2015 19:43

Quando achamos que tudo o que tinha que ser falado acerca da venda do futuro já foi abordado, outros atores políticos se manifestam, reavivando o debate acerca dessa temeridade administrativa

Na semana passada, reforcei algo que há muito venho afirmando neste espaço: precisamos de um novo modelo de gestão, com fundamentos em outras premissas e princípios. Um modelo que impeça que situações lamentáveis como a que vivemos hoje voltem a acontecer.

Precisamos ter a noção que o período de bonança acabou e que, dificilmente, voltaremos a conviver com os orçamentos vultosos das últimas décadas. É hora de cair na realidade, colocar os pés no chão e admitir que precisaremos viver com muito menos dinheiro. Caso contrário, tomaremos esse empréstimo, viveremos um breve momento de calmaria, mas num futuro muito próximo, voltaremos ao caos que esse governo nos colocou, aí de forma irreversível.

Foi exatamente isso que afirmaram o Governador Pezão e o Presidente ALERJ, Jorge Picciani, durante encontro realizado pela Prefeitura de Macaé nesta semana. Ambos mostraram-se contrários a venda dos royalties para os bancos, sobretudo a realização de operações de crédito internacionais. Picciani chegou a dizer que a obtenção desses empréstimos atrasará o desenvolvimento dos Municípios em pelo menos dez anos. O mesmo Picciani disse que a solução é a mesma que nós há muito propagamos: é preciso cortar na carne, reorganizar a máquina pública, rever prioridades.

O Jornal O Globo, ao longo da semana, vem apresentando matérias sobre a queda da arrecadação dos royalties e o caos administrativo em Campos. A falta de planejamento e a inexistência de reservas são amplamente destacadas.

De fato, vivemos um descontrole orçamentário, fruto da má gestão que há anos impera em nossa cidade. Mas obter empréstimos, definitivamente, não é a solução. Pode até ser a solução para interesses eleitoreiros imediatos, mas não para o nosso município, que é o que efetivamente nos interessa.

Que a luta contra esse absurdo continue. Não podemos deixar que o nosso dinheiro vá para o ralo, para bancar campanhas políticas, como afirmado recentemente pelo Deputado Estadual Jânio Mendes, ou para bancar estádios de futebol, como proposto recentemente na Câmara de Vereador.

É hora de cair na real. Resta saber, contudo, se esse governo que aí está, conseguirá fazer algo que há trinta anos não consegue fazer.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de hoje (27/08).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    BLOGS - MAIS LIDAS