Delator diz que Cabral exigiu R$ 30 milhões de empreiteiras
Alexandre Bastos 08/08/2015 13:38

cabral

Em depoimento no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, disse que foi o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) quem pediu a ele para arrecadar R$ 30 milhões com as empreiteiras responsáveis pelas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). No encontro, na sede do governo, Cabral, segundo Costa, afirmou que o dinheiro seria para o caixa dois, na campanha de 2010 ao Palácio Guanabara. “Que foi estipulado pelo ex-governador Sérgio Cabral, na reunião realizada no Palácio do Governo, RJ, a quantia de R$ 30 milhões como valor a ser arrecadado junto às empresas; Que nessa oportunidade o ex-governador informou que os valores não seriam doações oficiais”, disse o ex-diretor aos promotores Eduardo Gazzinelli e Sérgio Bruno. O ex-diretor foi interrogado em 26 de março deste ano a pedido da subprocuradora-geral da Republica, Ela Wiecko.

A subprocuradora está à frente do inquérito do STJ sobre desvios de dinheiro da Petrobras para as campanhas eleitorais de 2010 de Cabral e do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Costa disse ainda que não participou diretamente da operação de repasses de dinheiro das empreiteiras para o caixa dois das campanhas de Cabral e Pezão, mas afirmou ter certeza que, de fato, os recursos foram entregues conforme o pedido do ex-governador. “Que pode afirmar que os valores foram repassados porque o ex-governador Sérgio Cabral falou com o depoente posteriormente ‘que estava tudo certo’” disse Costa. Pelo relato do ex-diretor, Cabral o chamou para um encontro na sede do governo e, durante a reunião, solicitou ajuda dele para intermediar pedido de dinheiro aos empreiteiros com obras no Comperj. As negociações com os empreiteiros, diz Costa, foram conduzidas pelo ex-secretário da Casa Civil Regis Fichtner.

A partir dali, ocorreram vários reuniões num hotel do Rio com executivos da Odebrecht, UTC, OAS, do Compar, e também com dirigentes da Skanska, Alusa e Techint. A pedido do ex-governador do Rio, as empresas do consórcio deveriam contribuir com R$ 15 milhões. Para Cabral, estas eram empresas “mais fortes” e, portanto, teriam que dar contribuições mais significativas. As outras empreiteiras cobririam o restante. A UTC, do empreiteiro Ricardo Pessoa, disse Costa, contribuiu ainda com um valor extra, além do que foi pago pelo consórcio.

Os detalhes apresentados por Costa reforçam o peso das acusações contra Cabral e Pezão. No primeiro depoimento que prestou sobre o assunto, o ex-diretor falou sobre o repasse de R$ 30 milhões e revelou o nome das empreiteiras responsáveis pelo pagamento. Agora, o ex-diretor acrescenta que a operação foi coordenada por Cabral no período que ainda era governador do Rio. Cabral e Pezão já negaram envolvimento com as irregularidades.

Assessoria de Cabral aponta "sequência de mentiras" - Em nota, a assessoria de Cabral informou que Costa, desde a primeira vez que citou o ex-governador, “já trocou suas versões várias vezes”. “Uma sequência de mentiras. Mais uma vez o ex-governador reitera o seu repúdio e a sua indignação ao envolvimento do seu nome com os atos de corrupção praticados pelo ex-diretor da Petrobras”. O Palácio Guanabara informou que Pezão não comentaria o depoimento de Costa.

Fonte: Extra

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Alexandre Bastos

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS