REVISTA ESTILO OFF APOIA PEÇA TEATRAL NO SESI DE ITAPERUNA
CLARA NUNES, A ESTRELA QUE NÃO SE APAGA
Por Marcelo Nascimento
Musical, sucesso de público e crítica, traz vida e obra da cantora que encantou o Brasil
Desde o cinzento dia 02 de abril de 1983, ou seja, há 32 anos, calou-se uma das maiores
vozes desse país habituado à época, a conviver com exímios artistas. Naquele 02 de abril o país se
entristeceu com a saída de cena repentina da mineira e morena brejeira, filha de Ogum com
Iansã, Portelense, que com sua voz poderosa e trajes instigantes fazia o Brasil todo cantar e
dançar com hits que até hoje permanecem vivos na memória afetiva de milhões de pessoas.
Não há quem não se mexa ou se emocione com Morena de Angola, Canto das Três Raças, A
Deusa dos Orixás, Feira de Mangaio, O Mar Serenou, Tristeza Pé no Chão entre dezenas de
outras que permanecem sucesso. Clara Nunes foi sem dúvida alguma um dos maiores nomes
da música popular brasileira e como tudo que é bom não se perde no tempo, sua voz e história
permanecem vivas na cultura dessa terra.
E viva Clara!
E foi com paixão pela história de Clara Nunes que em 2013 a atriz carioca Clara Santhana criou
o musical “Deixa Clarear” em comemoração aos 30 anos da morte da diva. Após dois anos em
cartaz e lotando salas de todo o país, o musical chega a Itaperuna dia 20 deste mês de junho
no projeto SESI Cultural e promete lotação máxima. Em cena a atriz passeia pelas várias fases
da carreira e da vida de Clara Nunes com um repertório composto por grandes compositores,
como: João Nogueira, Paulo Cesar Pinheiro, Paulinho da Viola, Candeia, Chico Buarque, Nelson
Cavaquinho, entre outros. A música presente atua como uma extensão da cena e as letras
também constituem uma dramaturgia. E não foi fácil compilar e montar um espetáculo de
uma vida tão rica. A atriz viajou a Caetanópolis, MG, terra natal da guerreira, para incorporar a
história e fez entrevistas importantes como a que teve com Dindinha, irmã da cantora. Por lá
visitou o Memorial Clara Nunes, onde estão expostos seus figurinos e prêmios. Durante os 75
minutos de duração, o musical tem como ponto alto a música, que atua como uma extensão
da cena. Estão lá clássicos da cantora como “O canto das três raças”, “Na linha do mar”,
“Morena de Angola”, “Um ser de luz” e “O mar serenou”, entre outras. Olga Acosta, chefe do
setor cultural do SESI Itaperuna, faz coro. “O espetáculo foi um sucesso de público e de crítica
no Rio de Janeiro! Tem um elenco maravilhoso e a direção do talentoso Isaac Bernat. Penso
que é uma ótima oportunidade para o público de Itaperuna assistir um espetáculo de altíssimo
nível. Nosso público é muito caloroso e com certeza vai ser uma noite muito especial”! Diz,
entusiasmada.
E nós da Revista Estilo Off concordamos. É com certeza um espetáculo riquíssimo que tem um toque
de classe da atriz que parece, incorpora a cantora e traz para o palco a persona incrível de
Clara Nunes e hipnotiza pela competência com que pisa o espaço e entoa cada música e os
salamaleques da artista, transitando com extrema lucidez pela vida e obra dessa gigante que
como poucos soube honrar a história e a cultura do seu país. E esse espetáculo talvez supra
um pouco daquela saudade e na impossibilidade de Clara Nunes em ser mãe, seus fãs acabem
por fazerem às vezes de filhos. Filhos órfãos de uma estrela que superou limites e preconceitos
e se tornou um dos maiores nomes da música nacional.
O espetáculo tem direção de Isaac Bernat e direção musical de Alfredo Del Penho. Deixa
Clarear é um espetáculo de primeira linha que se torna imperdível.
Dia 20 de junho - 20h – categoria: Musical. R$ 20.
Antes de pisar ao palco em Itaperuna, a ESTILO OFF foi bater um papo rápido e com
exclusividade com a atriz Clara Santhana, que fala suas impressões sobre interpretar uma
estrela do naipe de Clara Nunes. Confira:
Porque fazer Clara Nunes?
Primeiro, porque sou simplesmente apaixonada pela artista que ela foi! E porque falar de Clara
é fundamental para nós brasileiros. Ela deixou um grande legado, uma herança cultural. Foi
uma das mulheres (segundo muitas fontes), a bater o recorde de vendas de discos no Brasil.
Isso numa época em que as mulheres não vendiam muito. Além disso, foi corajosa, cantou o
que há de mais genuíno em nosso povo: a nossa africanidade, as nossas raízes indígenas e a
luta dos trabalhadores. Em seu repertório constam nossos maiores compositores. Ela era
demais e merece ser lembrada, repensada, discutida.
O que é o ser Clara Nunes?
Pra mim, uma mulher gigantesca, eterna, terna. Feita de amor e esperança. Um sorriso que
acalanta.
O que sente quando veste o figurino de Clara e se olha no espelho?
Me sinto diferente! Maior, com outra força, outro brilho. Me sinto muito bem!
Clara era muito mística. Acha que ela se faz presente nos espetáculos?
Acredito que sim. Imagino como se ela estivesse observando tudo do alto.
Qual o ápice do musical?
O momento em que Clara Nunes vai ao programa do Chacrinha e canta "Portela na Avenida".
O público canta junto numa empolgação de fazer gosto.
O que você tem a dizer ao público de Itaperuna que vai lhe prestigiar?
Que será um prazer estar com vocês! Que aguardamos ansiosamente o dia de chegar até aí
para levar a história que estamos contando. E que estejam dispostos a cantar junto!