Crise de valores
José Paes 18/06/2015 11:02

Campos vive uma grave crise econômica, quanto a isso não há dúvidas. A queda repentina na arrecadação oriunda das receitas dos royalties do petróleo contribuiu decisivamente para isso? Claro que sim. O desapego às boas práticas fiscais pelo Governo Dilma e o escândalo de corrupção da Petrobrás também? Óbvio que sim. Mas por mais desculpas que inventem, por mais demagogia que espalhem, uma coisa é certa: O principal responsável pelo caos econômico que vivemos é o Governo Rosinha Garotinho.

Nos últimos 6 anos e meio, Campos teve à sua disposição mais de 17 bilhões de reais, mais do que a soma dos governos dos seus antecessores nos últimos 20 anos. Não se pensou, contudo, em economizar, para que o município pudesse conviver com eventuais períodos de vacas magras. Gastaram muito, gastaram tudo e mais um pouco. E o pior de tudo, gastaram mal. Não houve planejamento, não houve gestão, não se colocou em prática um projeto de cidade, que nos preparasse para um futuro sem petróleo. O problema é que a conta por esse desleixo chegou antes do que esperavam e chegou pesada. Não bastasse o desperdício do dinheiro que jorrou nos últimos anos, estão nos impondo a venda do futuro de todo o município, para bancar, por mais um tempo, os projetos pessoais de uma meia dúzia de irresponsáveis.

O que mais me preocupa, contudo, não é crise econômica, que mais cedo ou mais tarde passará. O que me preocupa de fato, é crise de valores que estamos vivenciando em nosso município. O governo que aí está, além de quebrar o Município, conseguiu instalar um caos moral na cidade.

A Câmara municipal é um fiel retrato dessa lamentável situação. Vereadores eleitos pelo povo abrem mão do seu papel de fiscalizar e legislar, lavam as mãos e autorizam que o nosso futuro seja vendido aos bancos. Não bastasse isso, desaparecem, derrubam sessões, se acovardam, tudo isso sob a liderança de alguém que se julga elogiado quando taxado de ditador. Nossos órgãos de controle, com poucas e valorosas ressalvas, se omitem, vestindo a armadura da arrogância para esconderem-se da vergonha das suas atitudes. Pessoas sem preparo intelectual e moral algum, ocupam posições de relevo social, tornando o nosso cotidiano um verdadeiro balcão de negócios. Enquanto isso, os cidadãos honestos, preparados, qualificados assistem a tudo isso calados, muitas das vezes paralisados, sem saber o que fazer diante de tamanha desordem.

Enfim, caros leitores, faço esse desabafo, pois de nada adiantará combatermos a crise financeira, se nós não tivermos a dignidade de resgatarmos os nossos valores. Precisamos, mais do que nunca, deixamos de lado nossos interesses pessoais imediatos e exigir um novo projeto de cidade. Nosso problema não é e nunca será falta de dinheiro, nós sabemos muito bem disso e precisamos urgentemente fazer algo. Graças a deus 2016 está chegando.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de hoje (18/06).

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